CCR divulga balanço com foco em superar corrupção
Objetivo da concessionária será conseguir novos contratos e deixar para trás as dúvidas quanto à participação em esquemas de corrupção
Da Redação
Publicado em 28 de abril de 2019 às 23h55.
Última atualização em 29 de abril de 2019 às 07h51.
Com menos olho nos números e mais na recuperação da imagem corroída por investigações de corrupção, a concessionária CCR divulga seus resultados trimestrais nesta segunda-feira, 29.
Os resultados saem após o fechamento da B3, e devem ser apenas modestos, segundo projeção de analistas. No período de janeiro a março desde ano, a fraqueza da economia brasileira ficou evidente nos dados sobre tráfego nas estradas, que cresceu somente 1,2% em relação ao mesmo intervalo de 2018, com a movimentação de carros subindo 0,8% e a de caminhões avançando 2,3%, segundo a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias. Assim, o faturamento da CCR deve ter subido 11% no período, para 2,3 bilhões de reais, porém o lucro deve ter recuado 25%, para 333 milhões de reais, de acordo com a projeção média de mercado.
À parte as dúvidas sobre a aceleração do Produto Interno Bruto, a melhora do desempenho da CCR daqui para a frente depende bastante de a empresa renovar os atuais contratos e conquistar novos. E o que os investidores querem saber é se a companhia conseguirá virar a página nos escândalos de corrupção em que está envolvida e se concentrar em conseguir novos contratos. A CCR assinou, neste ano, dois acordos de leniência: um em São Paulo e outro no Paraná, onde concordou em reduzir o pedágio em 30% como compensação pelos malfeitos. A empresa também criou recentemente uma nova diretoria de compliance.
De olho nas previsões de novos leilões de concessões pelos governos em todo o país, os analistas de mercado dizem estar otimistas quanto às perspectivas para a companhia, especialmente em São Paulo, “onde a empresa se beneficia de uma consolidada vantagem competitiva”, como escreveu em relatório a clientes o analista Lucas Marquiori, do banco Safra. A CCR nasceu no estado e hoje é responsável por grandes e importantes rodovias, como a Anhanguera, a Bandeirantes, a Castello Branco e a Raposo Tavares.
Mas os problemas na CCR não acabaram: na semana passada, a maioria dos acionistas da companhia aprovou uma polêmica proposta de remuneração aos 15 ex-executivos da CCR que fecharem acordos de delação premiada com o Ministério Público Federal em Curitiba para contar detalhes dos antigos esquemas, descobertos pela Operação Lava-Jato. No total, a empresa deve pagar 78.000 reais por mês durante cinco anos a esses ex-funcionários.
Acionistas minoritários já estão se movimentando para processar a companhia por esse plano, que em sua visão divide injustamente com os investidores um prejuízo provocado pela cúpula da CCR. Apesar de todos os esforços em lançar luz sobre o passado e fechar o vergonhoso capítulo da corrupção, a concessionária ainda pode encontrar muitas turbulências à frente.