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Castelo irlandês de Malone evidencia foco na Europa

Bilionário acumulou nos últimos anos um império europeu que é maior que qualquer operação que já possui em seu país natal

John Malone, chairman da Liberty Media Corporation, em Sun Valley, Idaho: bilionário está investindo também na Europa (Scott Olson/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 2 de novembro de 2013 às 16h23.

Londres/Estocolmo - No ano passado, John Malone comprou o Castelo Humewood, um amontoado neogótico de torres, torreões e frontões no sopé das montanhas Wicklow, na Irlanda. A paisagem de floresta e pântano dificilmente poderia ser mais diferente que o planalto do Colorado, onde o caubói das conexões a cabo possui milhares de acres -- mas reflete uma mais ampla mudança estratégica para Malone.

Ao longo da última década, o bilionário de 72 anos de idade acumulou um império europeu de TV paga que é maior que qualquer operação a cabo que ele já possui em seu país natal -- e ele ainda está comprando.

Nos anos 1980, Malone ganhou muito com apostas em empresas recém-criadas como a Discovery Communications Inc. e a Black Entertainment Television e até mesmo socorrendo o rival da mídia Rupert Murdoch. Mas desde que abandonou amplamente o mercado americano de cabo em 1999, Malone investiu cerca de US$ 40 bilhões na Europa. Sua Liberty Global Inc. está a caminho de reportar vendas em 2013 de quase US$ 15 bilhões, mostram dados compilados pela Bloomberg.

“O potencial na Europa tem sido enorme”, disse Malone em seu escritório, em Englewood, Colorado. Em junho Malone mudou a sede fiscal da Liberty Global para Londres, mas ele ainda passa a maior parte de seu tempo nos EUA.

Juntando cabo

A Europa tem muitos ativos de cabo para Malone juntar, com milhares de operadoras na União Europeia, com seus 28 membros, contra um punhado nos EUA. E enquanto mais de 90 por cento dos americanos têm TV paga, na Europa esse número chega a apenas 41 por cento, segundo a empresa de pesquisas Ovum Ltd., o que torna o mercado propício para ofertas conjuntas de internet, telefone e programação.


“Malone, ao vir para a Europa, amplia a consolidação”, disse Jeffrey Wlodarczak, analista do Pivotal Research Group em Nova York. Ele diz que a escala que a Liberty Global pode alcançar na Europa possibilitará a Malone investir em seus sistemas de cabo e aumentar as velocidades de download para os consumidores, embora possa ser difícil para ele elevar os preços porque “o mercado europeu é bastante competitivo”.

Em sua expansão na Europa, Malone está enfrentando ventos contrários, especialmente na Alemanha, um mercado que ele há muito tempo queria dominar. Em junho, ele foi derrotado pela Vodafone Group Plc nas ofertas pela maior empresa de cabo da Alemanha, a Kabel Deutschland Holding AG -- em parte porque ele já possuía ativos no país e poderia ter enfrentado problemas com a lei antitruste.

O último esforço de Malone ocorre nos Países Baixos, onde a Liberty Global está buscando controle total da empresa de cabo Ziggo NV. Em 16 de outubro, a Ziggo disse que havia rejeitado uma oferta da Liberty pelos 71,5 por cento da empresa holandesa que ela ainda não possuía.

Com um patrimônio líquido de US$ 6,9 bilhões, Malone é presidente de três empresas de capital aberto: Liberty Global (que possui operações de cabo em 12 países europeus, mais Porto Rico e Chile), Liberty Media Corp., e Liberty Interactive Corp. A Liberty Media possui ações em variados meios de comunicação e interação de propriedade da rede de comércio eletrônico QVC e participações na TripAdvisor Inc., na Time Warner Cable Inc. e na Expedia Inc.

A Alemanha tem sido muito dura com Malone. Em 2001, ele voltou suas atenções para as operações de televisão do antigo monopólio de telefonia Deutsche Telekom AG. É o mesmo negócio que se tornou Kabel Deutschland e foi comprado pela Vodafone.


Os reguladores alemães antitruste rejeitaram a oferta de Malone depois que ele se recusou a investir o que era necessário para atualizar os sistemas de cabo para fornecer internet de alta velocidade e telefonia em concorrência com a Deutsche Telekom. Malone seguiu em frente comprando a segunda e a terceira maiores operadores de cabo do país e fundindo-as.

No Reino Unido, Malone se deparou com um revés semelhante em 2002 quando detentores de títulos se recusaram a vender suas dívidas enquanto a Liberty buscava assumir o controle da Telewest Communications Plc e da NTL, então as duas maiores empresas britânicas de TV a cabo.

Malone sabe como ser paciente. Em fevereiro, ele conseguiu o segundo maior negócio de telecomunicações do ano, pagando US$ 16 bilhões pela Virgin Media, formada pela fusão da NTL e da Telewest -- as empresas das quais tinha ficado de fora dez anos antes.

Descarga de dívida

Desde que a Vodafone fez uma oferta mais alta que a dele na Alemanha, no trimestre passado, Malone tem dito que voltará seu foco para o sul da Europa, onde as empresas de cabo ainda estão disponíveis. Não é uma estratégia ruim, segundo Leopold Salcher, analista da Raiffeisen Capital Management em Viena, mas os países são menores e o poder de compra do consumidor é mais fraco em comparação com a Alemanha.

“Perder a batalha para a Kabel Deutschland foi certamente um revés para a Liberty, porque a Kabel é um grande ativo em um grande país”, disse Salcher. “Os países do sul da Europa não serão nem de perto tão lucrativos”.

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Londres/Estocolmo - No ano passado, John Malone comprou o Castelo Humewood, um amontoado neogótico de torres, torreões e frontões no sopé das montanhas Wicklow, na Irlanda. A paisagem de floresta e pântano dificilmente poderia ser mais diferente que o planalto do Colorado, onde o caubói das conexões a cabo possui milhares de acres -- mas reflete uma mais ampla mudança estratégica para Malone.

Ao longo da última década, o bilionário de 72 anos de idade acumulou um império europeu de TV paga que é maior que qualquer operação a cabo que ele já possui em seu país natal -- e ele ainda está comprando.

Nos anos 1980, Malone ganhou muito com apostas em empresas recém-criadas como a Discovery Communications Inc. e a Black Entertainment Television e até mesmo socorrendo o rival da mídia Rupert Murdoch. Mas desde que abandonou amplamente o mercado americano de cabo em 1999, Malone investiu cerca de US$ 40 bilhões na Europa. Sua Liberty Global Inc. está a caminho de reportar vendas em 2013 de quase US$ 15 bilhões, mostram dados compilados pela Bloomberg.

“O potencial na Europa tem sido enorme”, disse Malone em seu escritório, em Englewood, Colorado. Em junho Malone mudou a sede fiscal da Liberty Global para Londres, mas ele ainda passa a maior parte de seu tempo nos EUA.

Juntando cabo

A Europa tem muitos ativos de cabo para Malone juntar, com milhares de operadoras na União Europeia, com seus 28 membros, contra um punhado nos EUA. E enquanto mais de 90 por cento dos americanos têm TV paga, na Europa esse número chega a apenas 41 por cento, segundo a empresa de pesquisas Ovum Ltd., o que torna o mercado propício para ofertas conjuntas de internet, telefone e programação.


“Malone, ao vir para a Europa, amplia a consolidação”, disse Jeffrey Wlodarczak, analista do Pivotal Research Group em Nova York. Ele diz que a escala que a Liberty Global pode alcançar na Europa possibilitará a Malone investir em seus sistemas de cabo e aumentar as velocidades de download para os consumidores, embora possa ser difícil para ele elevar os preços porque “o mercado europeu é bastante competitivo”.

Em sua expansão na Europa, Malone está enfrentando ventos contrários, especialmente na Alemanha, um mercado que ele há muito tempo queria dominar. Em junho, ele foi derrotado pela Vodafone Group Plc nas ofertas pela maior empresa de cabo da Alemanha, a Kabel Deutschland Holding AG -- em parte porque ele já possuía ativos no país e poderia ter enfrentado problemas com a lei antitruste.

O último esforço de Malone ocorre nos Países Baixos, onde a Liberty Global está buscando controle total da empresa de cabo Ziggo NV. Em 16 de outubro, a Ziggo disse que havia rejeitado uma oferta da Liberty pelos 71,5 por cento da empresa holandesa que ela ainda não possuía.

Com um patrimônio líquido de US$ 6,9 bilhões, Malone é presidente de três empresas de capital aberto: Liberty Global (que possui operações de cabo em 12 países europeus, mais Porto Rico e Chile), Liberty Media Corp., e Liberty Interactive Corp. A Liberty Media possui ações em variados meios de comunicação e interação de propriedade da rede de comércio eletrônico QVC e participações na TripAdvisor Inc., na Time Warner Cable Inc. e na Expedia Inc.

A Alemanha tem sido muito dura com Malone. Em 2001, ele voltou suas atenções para as operações de televisão do antigo monopólio de telefonia Deutsche Telekom AG. É o mesmo negócio que se tornou Kabel Deutschland e foi comprado pela Vodafone.


Os reguladores alemães antitruste rejeitaram a oferta de Malone depois que ele se recusou a investir o que era necessário para atualizar os sistemas de cabo para fornecer internet de alta velocidade e telefonia em concorrência com a Deutsche Telekom. Malone seguiu em frente comprando a segunda e a terceira maiores operadores de cabo do país e fundindo-as.

No Reino Unido, Malone se deparou com um revés semelhante em 2002 quando detentores de títulos se recusaram a vender suas dívidas enquanto a Liberty buscava assumir o controle da Telewest Communications Plc e da NTL, então as duas maiores empresas britânicas de TV a cabo.

Malone sabe como ser paciente. Em fevereiro, ele conseguiu o segundo maior negócio de telecomunicações do ano, pagando US$ 16 bilhões pela Virgin Media, formada pela fusão da NTL e da Telewest -- as empresas das quais tinha ficado de fora dez anos antes.

Descarga de dívida

Desde que a Vodafone fez uma oferta mais alta que a dele na Alemanha, no trimestre passado, Malone tem dito que voltará seu foco para o sul da Europa, onde as empresas de cabo ainda estão disponíveis. Não é uma estratégia ruim, segundo Leopold Salcher, analista da Raiffeisen Capital Management em Viena, mas os países são menores e o poder de compra do consumidor é mais fraco em comparação com a Alemanha.

“Perder a batalha para a Kabel Deutschland foi certamente um revés para a Liberty, porque a Kabel é um grande ativo em um grande país”, disse Salcher. “Os países do sul da Europa não serão nem de perto tão lucrativos”.

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