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Casino aperta cerco ao elevar participação no Pão de Açúcar

Varejista francês desembolsou 550 milhões de euros para adquirir 16,1 milhões de ações preferenciais do Grupo Pão de Açúcar

Atualmente, o controle do Pão de Açúcar é compartilhado entre o empresário Abilio Diniz e Casino, por meio da holding Wilkes (Divulgação)

Atualmente, o controle do Pão de Açúcar é compartilhado entre o empresário Abilio Diniz e Casino, por meio da holding Wilkes (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 30 de junho de 2011 às 10h58.

São Paulo/Paris - O grupo francês Casino apertou o cerco em torno do Grupo Pão de Açúcar, em meio à disputa com o arquirrival Carrefour para assumir o controle da maior varejista do Brasil.

Na quarta-feira, o Casino aumentou sua participação no Pão de Açúcar de 37 para 43,1 por cento, desembolsando cerca de 550 milhões de euros para adquirir 16,1 milhões de ações preferenciais da companhia em circulação no mercado. Após a compra, os papeis da varejista brasileira subiam 1,8 por cento nesta quinta-feira.

O movimento ocorreu após o Carrefour informar na terça-feira, que havia recebido uma proposta para unir suas operações no Brasil às do Pão de Açúcar.

A proposta irritou o Casino pela possibilidade de dar ao rival francês uma fatia de 50 por cento no Pão de Açúcar, impedindo que o atual sócio aumente seu controle e deixando-o com uma participação menor na nova companhia.

Um analista afirmou que, caso o empresário Abilio Diniz consiga levar adiante a fusão com o Carrefour Brasil, a empresa criada deixaria o Casino com apenas 14,5 por cento na nova gigante do varejo, que responderia por quase um terço do setor no Brasil e assumiria porte bem maior que o do Wal-Mart no país.

Carrefour, Diniz, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o banco BTG Pactual e Casino seriam os principais acionistas da nova companhia.

O conselho de administração do Carrefour, segunda maior varejista do mundo atrás do Wal-Mart, deve se reunir ainda nesta quinta-feira, segundo fontes afirmaram à Reuters.

O Casino informou mais cedo que pretende reafirmar "seu compromisso com o Brasil e com o Pão de Açúcar, assim como com o corpo executivo, os funcionários e a diretoria".

O presidente-executivo e do conselho de administração do Casino, Jean-Charles Naouri, classificou a proposta apresentada como ilegal e disse que o Casino está em posição de bloqueá-la.

Atualmente, o controle do Pão de Açúcar é compartilhado entre Diniz e Casino, por meio da holding Wilkes. O grupo francês tem, no entanto, a opção de adquirir controle majoritário em meados de 2012.

Na quarta-feira, Naouri teria solicitado a Diniz a convocação de uma reunião de conselho da Wilkes, de acordo com uma fonte próxima ao assunto.

"Acho que o Casino está preparando os músculos para futuras negociações", afirmou um analista em Paris. "O Casino reforça seu poder de negociação e, no pior cenário, estará pronto para negociar a um valor mais alto sua saída do capital do Grupo Pão de Açúcar", disse outro agente de mercado sediado na capital francesa.

Outra fonte, no entanto, disse à Reuters nesta quinta-feira que "o Casino não está no contexto de abandonar o capital do Pão de Açúcar".

Na quarta-feira, o Casino também alterou participações na América do Sul. A maior rede de varejo da Colômbia, Almacenes Exito, que é 54 por cento controlada pelo Casino, comprou controle majoritário de duas redes de supermercado uruguaias que também são controladas pelo grupo francês, por 746 milhões de dólares.

"Estes dois movimentos não estão relacionados, mas são parte da mesma estratégia, de aumentar a presença do Casino na América Latina", afirmou um porta-voz do Casino à Reuters.

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