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Cargill prevê ‘mini superciclo’ de commodities agrícolas. O motivo: China

As commodities agrícolas devem entrar em um “mini superciclo”, já que a crescente demanda da China mantém a oferta apertada, segundo executivo de unidade de trading da gigante do agro

Boa Safra (SOJA3) (Enrique Marcarian/Reuters)

Boa Safra (SOJA3) (Enrique Marcarian/Reuters)

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Leo Branco

Publicado em 8 de abril de 2021 às 13h01.

Última atualização em 8 de abril de 2021 às 22h51.

As commodities agrícolas devem entrar em um “mini superciclo”, já que a crescente demanda da China mantém a oferta apertada, segundo o executivo que comanda uma importante unidade de trading da Cargill, que registra os melhores resultados em uma década.

A onda de compras de produtos agrícolas pela China e a redução dos estoques recentemente elevaram os preços aos maiores níveis dos últimos anos, ao mesmo tempo em que aumentaram a volatilidade que favorece as operadoras.

As previsões sobre a área plantada nos EUA surpreenderam e foram menores do que o esperado nos EUA, o que deve ajudar a impulsionar ainda mais os preços do milho e da soja, disse Alex Sanfeliu, que comanda o World Trading Group da Cargill. O Conselho Internacional de Grãos também prevê continuidade da oferta apertada.

“Isso abre a porta para que preços altos, alta volatilidade e uma perspectiva favorável permaneçam conosco por mais tempo”, disse Sanfeliu em entrevista de Genebra, onde está a sede do grupo de trading global. “Talvez isso dê início a um mini superciclo.”

Como em outros gigantes do setor, as tradings da Cargill se beneficiaram durante a pandemia de Covid-19 com a volta das oscilações de preços. É uma grande mudança em relação aos anos anteriores, quando supersafras e mercados com excesso de oferta reduziram a volatilidade e margens de negociação.

“Achávamos que o ano passado foi bom. Este está muito melhor”, disse Sanfeliu. “Você tem mais oportunidades de se sair bem quando há muita volatilidade.”

A gigante do agronegócio recentemente parou de divulgar resultados publicamente e se tornou uma trading menos tradicional com maior foco em carne, ração para peixes e nutrição humana. Ainda assim, o CEO Dave MacLennan disse que as atividades de trading outra vez estão respondendo por cerca de 30% a 40% dos resultados totais.

Análise de dados

Para ajudar a tomar decisões de negociação, a Cargill investiu significativamente em ferramentas como inteligência artificial e aprendizado de máquina. Contratou cientistas de dados e usa informações coletadas de fontes públicas e de ativos próprios, como esmagadoras, refinarias e lotes de rações. Isso lhe dá vantagem durante grandes eventos, como avaliar o impacto dos surtos de peste suína africana sobre o uso de ração ou como a Covid-19 afeta a demanda de restaurantes por óleos comestíveis.

“Estamos recebendo dados que dão uma visão para onde estamos indo”, disse Sanfeliu. “Isso pode dar convicção suficiente para negociar em torno desse tipo de evento.”

Olhando para o futuro, o veterano de trading disse que a perspectiva otimista da Cargill é baseada nas contínuas compras chinesas e na forte e consistente demanda por biocombustíveis. Os preços precisariam aumentar ainda mais para limitar consumo ou incentivar a produção, e o clima determinará o nível de aperto dos mercados agrícolas.

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