Campbell Soup estuda a venda da chocolateria Godiva

A empresa americana de alimentos Campbell Soup confirmou, nesta quinta feira (9/8), sua intenção de explorar "estratégias alternativas" para a Godiva Chocolatier, inclusive a possibilidade de venda da marca, uma das mais reconhecidas no mercado de chocolates de luxo.

Os analistas preferem não estimar o valor de mercado da Godiva, mas consultores ouvidos pelo americano The Wall Street Journal afirmam que as empresas do setor renderam, nos últimos três anos, entre 1 e 1,86 vezes seu volume anual de vendas. Diante da credibilidade da marca, estima-se, portanto, que o valor de mercado da empresa fique entre 750 milhões e 1 bilhão de dólares, pelo menos.

Como informa o WSJ, embora a Godiva renda um faturamento de 500 milhões de dólares anuais - por meio da venda em lojas próprias, em lojas de departamento e na internet -, a Campbell Soup pretende se dedicar exclusivamente aos produtos principais da companhia, as sopas e o salgados assados, que juntos respondem por 85% a 90% das vendas da empresa.

A companhia tem adotado como estratégia a diversificação dos tipos das sopas e caldos oferecidos no mercado, além do lançamento de embalagens que dispensam o uso do abridor de latas. O marketing do bem-estar também tem sido um dos pontos fortes da Campbell Soup: entre as apostas recentes da companhia, incluem-se sopas de baixo teor de sódio, pães integrais e sucos de frutas ricos em antioxidantes.

Nesse sentido, chocolates caros como os da Godiva destoam do foco da empresa sobre alimentos saudáveis e de consumo cotidiano, na avaliação dos executivos da companhia.

A estratégia de vendas da Godiva de fato encontra-se a milhas de distância do apelo de praticidade das sopas e sucos. Todo o esforço ao longo dos quarenta anos em que a Campbell Soup esteve ligada à marca foi no sentido de criar uma imagem de sofisticação típica dos chocolates europeus. No site da Godiva, por exemplo, não se vê menção ao fato de a empresa americana ser a responsável pela fabricante de chocolates, mas a página destaca a pequena loja onde a marca surgiu, na Bélgica.

Com o sucesso em criar essa aura de exclusividade, deve ficar mais fácil atrair possíveis compradores, num espectro que vai das empresas de private equity e investidores de países do Oriente Médio, às próprias concorrentes no setor de alimentos.

O lucro líquido da Campbell aumentou em 31% e alcançou 217 milhões de dólares, no trimestre encerrado em 29 de abril. No mesmo período, o faturamento cresceu 8%, para 1,9 bilhão de dólares, puxado pelas sopas e pelas bebidas da marca V8.