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Caixa preta

A TAM, com um quinto da frota de Fokker 100 no mundo, registra metade dos acidentes do modelo

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

Os Fokker 100 foram os aviões que impulsionaram o crescimento da TAM durante os anos 90. Com capacidade para 108 passageiros, econômico e rápido, o modelo cobriu suas principais linhas regionais. O F-100 se mostrou tão conveniente que a empresa montou a segunda maior frota mundial desses aparelhos: conta com 50, atrás apenas da American Airlines, com 75. No mundo todo há 262 Fokker 100 em uso.

Mas a aeronave, por muito tempo vista como uma vantagem competitiva da TAM, há seis anos começou a se tornar um problema. No início de 1996, a holandesa Fokker faliu. Sete meses depois, na manhã de 31 de outubro, um F-100 da TAM caiu após levantar vôo do aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Saldo da tragédia: 99 mortos e uma nuvem de desconfiança sobre a segurança do modelo. Antes, apenas um F-100, da Palair Macedonia, caíra, em 1993, matando 83 pessoas. De 1997 até o final de agosto deste ano, ocorreram mais seis acidentes com o modelo. Desses, quatro foram no Brasil, com a morte de duas pessoas, sendo uma delas causada pela explosão de uma bomba a bordo. As duas ocorrências mais recentes, sem vítimas fatais, se deram no interior de São Paulo. No aeroporto de Viracopos, perto de Campinas, um F-100 fez uma aterrissagem de emergência por causa do travamento do trem de pouso. Em Araçatuba, o piloto de outro avião teve de fazer um milagroso pouso forçado num pasto após a perda total de combustível. Contagem final: dos dez acidentes e incidentes no mundo todo com F-100, cinco foram com a TAM.

É apenas coincidência ocorrerem tantos acidentes com a TAM? "Não há relação entre os problemas", diz Ruy Amparo, vice-presidente de manutenção da empresa. "Mantemos as melhores práticas e sofremos auditorias rigorosas das empresas de leasing, das seguradoras e do DAC. Se houvesse alguma negligência, seríamos processados e não receberíamos o seguro." Para cada problema, segundo ele, há uma explicação. No caso do avião que perdeu combustível, a culpa seria de um procedimento indicado pelo manual da Fokker, seguido rigorosamente pelo piloto. "Os manuais estão sendo mudados", diz Amparo. "E talvez a Rolls-Royce, fabricante do motor, reprojete os tubos de combustível." O outro caso, o do trem de aterrissagem travado, está sendo investigado pelos fabricantes dos componentes. "Ainda não sabemos a causa", diz Amparo. Seja como for, de pelo menos uma coisa a TAM pode ser acusada: falta de sorte.

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