Os empréstimos para compra de casa própria respondem por 61 por cento da carteira total da Caixa (Lia Lubambo/EXAME)
Da Redação
Publicado em 7 de fevereiro de 2012 às 16h49.
São Paulo - A expansão acelerada dos empréstimos imobiliários impulsionou em 2011 a carteira de crédito da Caixa Econômica Federal, que mira um reforço de mais de cinco bilhões de reais neste ano para manter a velocidade das concessões.
"Tivemos um grande ano em 2011 e pretendemos seguir o mesmo caminho", disse nesta terça-feira a jornalistas o presidente da Caixa, Jorge Hereda, após a instituição reportar lucro recorde de 5,2 bilhões no ano passado, 37,7 por cento maior que em 2010.
De outubro a dezembro, o lucro líquido de 1,62 bilhão de reais foi 20 por cento maior que em igual etapa do ano anterior.
No período, a carteira de financiamentos do banco estatal teve incremento de 9,9 por cento ante setembro, para fechar o ano em 249,5 bilhões de reais.
Com impulso dos empréstimos habitacionais, que chegaram a 152,8 bilhões de reais em dezembro, o banco estatal viu sua carteira total de financiamentos crescer 42 por cento em 2011, ante expansão de 19 por cento do sistema bancário no período, segundo o Banco Central.
Mesmo com esse ritmo, o banco estatal conseguiu manter seu índice de inadimplência -saldo de operações vencidas com mais de 90 dias- em 2 por cento de outubro a dezembro pelo terceiro trimestre seguido. A taxa é menos que a metade da apresentada pelos grandes bancos de capital aberto no período.
O estoque das provisões para perdas com crédito de liquidação duvidosa cresceu 40,9 por cento, pouco abaixo do ritmo de expansão da carteira, para 15,7 bilhões de reais.
"Esse resultado melhor tem a ver com o tipo dos nossos empréstimos, que são de melhor qualidade", disse à Reuters o vice-presidente de controladoria da Caixa, Raphael Rezende Neto.
Os empréstimos para compra de casa própria respondem por 61 por cento da carteira total da Caixa, que detinha 74 por cento desse mercado no país. O banco é o principal operador do programa habitacional federal Minha Casa, Minha Vida.
Essa combinação de resultados operacionais positivos levou a rentabilidade sobre o patrimônio do banco a 39,1 por cento, ante 38,5 por cento no final de 2010.
Mais empréstimos, mais capital - Para sustentar o ritmo de expansão dos empréstimos -nos últimos três anos, o crescimento médio tem sido superior a 40 por cento-, o banco já prevê necessidade de mais capital.
Seu índice de Basileia caiu 2,1 pontos percentuais desde o fim de 2010, para 13,3 por cento, pouco acima do piso de 11 por cento estabelecido pelo BC.
A expectativa do banco é de crescimento de cerca de 30 por cento da carteira de crédito neste ano. O banco também pretende abrir 500 novas agências em 2012.
O principal reforço no patrimônio será, novamente, uma injeção de capital do Tesouro Nacional, desta vez de quatro bilhões de reais. "Isso já foi discutido com o governo, deve sair ao longo do ano", disse o presidente da instituição.
Em outra frente, o banco se prepara para fazer sua primeira captação de recursos com bônus no exterior, com uma tranche de um bilhão de dólares, que pode sair ainda no primeiro semestre.
"Precisamos de diversificação de 'funding'", disse a jornalistas o vice-presidente de Finanças da Caixa, Marcio Percival. "E percebemos que a nossa imagem é boa com o investidor".