JBS: o Cade nega que tenha havido qualquer intervenção no conselho (Paulo Whitaker/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 7 de junho de 2017 às 14h20.
Brasília - A delação da JBS foi ignorada na primeira sessão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) desde que as denúncias dos executivos da empresa vieram a público, em maio.
O conselho foi citado nas delações e foi alvo de busca e apreensão no dia seguinte da divulgação das denúncias.
A sessão desta quarta-feira, 7, foi presidida pelo presidente interino, Gilvandro Araújo, que, assim como os outros conselheiros, também não fez referências ao assunto.
Executivos da JBS delataram ter pago propina ao agora ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), a mando do presidente Michel Temer, para obter decisão favorável do Cade em um caso envolvendo a termelétrica EPE Cuiabá, do grupo J&F, que entrou com ação no Cade questionando o preço estipulado pela Petrobras pelo fornecimento de gás. Segundo a delação, o deputado telefonou então para Araújo, pedindo que resolvesse a questão.
O Cade nega que tenha havido qualquer intervenção no conselho e ressalta que ainda não houve decisão no caso.
O Cade condenou por formação de cartel em licitações no Paraná as empresas Gaisller Moreira Engenharia e Feg Engenharia. As construtoras terão que pagar multa de cerca de R$ 3 milhões e R$ 60 mil respectivamente.
Também foram condenadas a Associação Paranaense de Empresários de Obras Públicas (APEOP), que pagará multa de R$ 210 mil e pessoas físicas ligadas às empresas.
Em seu voto, o conselheiro Paulo Burnier apresentou evidências como a ligação entre empresários que mostram que houve trocas de informações sobre preços e estratégias e tentativa de fraudar processos licitatórios.
No mesmo caso, foi arquivado o processo contra outras empresas investigadas, entre elas a Construtora Triunfo e a Delta Construções por falta de provas.