Cade cobra do Santander e Elo informações sobre práticas anticompetitivas
Conselho Administrativo de Defesa Econômica começou a questionar instituições financeiras como parte do inquérito aberto no início do ano
Reuters
Publicado em 24 de outubro de 2019 às 16h38.
Última atualização em 24 de outubro de 2019 às 18h08.
São Paulo — O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) começou a questionar instituições da indústria financeira como parte do inquérito aberto no início do ano para investigar práticas anticompetitivas no mercado de meios de pagamento.
O órgão antitruste enviou na véspera ofícios para o Santander Brasil, a bandeira de cartões Elo e para a Tecban, dona da rede de ATMs Banco 24Horas, com questões específicas para cada uma delas sobre taxas praticadas e eventuais planos para negociar com competidores.
Em todos os casos, a entidade responsável por defender a concorrência explica que o objetivo do questionário “avaliar eventuais práticas anticompetitivas no mercado de meios de pagamento, especialmente os efeitos decorrentes da verticalização no sistema financeiro”, segundo trecho do ofício.
Para a Elo, o Cade questiona as relações com a Cielo. Ambas do grupo Elopar, controlado por Bradesco e Banco do Brasil. Entre outras questões, o Cade quer saber se a Elo repassa à Cielo informações sensíveis de rivais da adquirente, líder de mercado no país, assim como um histórico e fundamentação das taxas praticadas nos últimos anos.
“A Cielo tem acesso às informações que as demais credenciadoras prestam à Elo? Com o novo contrato, haverá alguma mudança nesse aspecto? Explique em detalhes”, diz uma das 11 questões apresentadas pelo Cade à Elo.
Para a TecBan, controlada por Itaú Unibanco, Bradesco, BB, Santander Brasil e Caixa Econômica Federal, o órgão antitruste pede explicações sobre como são definidas as taxas cobradas dos sócios e as aplicadas em outros competidores, e se há limitações para acesso ao serviço.
“A Tecban exige exclusividade de alguma dessas instituições (bancos ou bandeiras) conveniadas, vedando o relacionamento delas com demais provedores de serviços em terminais de autoatendimento? Liste todas as instituições para as quais há exclusividade e apresente exemplos de contratos firmados com empresas de diferentes portes”, questiona o Cade, no documento.
Em nota, a TecBan afirmou que, na resposta que enviará ao Cade, comprovará que não há conexão entre seu modelo de negócios com restrições à concorrência.
“Nosso modelo de negócios pressupõe colaboração para construir soluções eficientes e seguras que conectem o sistema financeiro e a sociedade”, diz trecho da nota da TecBan.
No caso do Santander Brasil, as questões do Cade tentam identificar se o banco impôs para clientes de sua credenciadora, a GetNet, condições para concessão de vantagens, incluindo a de que a contratação do Santander como domicílio bancário.
“O Santander tem condições de monitorar o volume de vendas, segregado por credenciadora, realizadas por um dado estabelecimento comercial cujo domicílio bancário é no Santander? O Santander já se utilizou dessa informação para oferecer serviços da Getnet? Explique em detalhes”, diz trecho do documento.