Cade aprova aquisição de 31,66% da BRF pela Marfrig
Parecer sai quatro meses após a empresa de Marcos Molina iniciar as operações de compra dos papéis da BRF na Bolsa
Da Redação
Publicado em 23 de setembro de 2021 às 19h05.
Última atualização em 23 de setembro de 2021 às 20h26.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica ( Cade ) aprovou, sem restrições, nesta quinta-feira, 23, a aquisição de31,66% das ações BRF (BRFS3) pela Marfrig (MRFG3), informou a empresa em comunicado divulgado ao mercado. Com o movimento, a Marfrig se tornou a maior acionista da companhia.
O parecer vem quatro meses após a Marfrig iniciar as operações de compra dos papéis BRFS3 na Bolsa. Em 21 de maio, a empresa deMarcos Molina adquiriu 24,33% das ações da companhia.Oinvestimento saiu por cerca de US$ 800 milhões, conforme a EXAME IN adiantou à época. Pouco dias depois, em 3 de junho, essa participação foi elevada para 31,66% do capital.
Na ocasião, a Marfrig afirmou que a aquisição da participação visa diversificar os investimentos em segmentos que possuem complementariedades com seu setor de atuação e que não pretende eleger membros para administração da companhia, exercer influência sobre suas atividades ou promover alterações o controle.
Embora a mensagem oficial da Marfrig seja de que não tem intenção de mudar a administração da BRF, o mercado ainda custa a acreditarque essa será uma posição passiva de longo prazo.
A percepção é de que não faria sentido a empresa adquirir essa fatia e se ausentar de participar de decidir o futuro da companhia no ano que vem. A compreensão é que a paz vai durar, no máximo, até a próxima assembleia geral ordinária da BRF, em 2022, apurou o EXAME IN em reportagem de maio.
A Marfrig é a segunda maior produtora de carne bovina do mundo; a BRF, a líder na produção de carnes de frango e suíno no Brasil e dona de marcas como Sadia.
As sinergias operacionais entre as companhias são consideradas quase nulas. Contudo, isso não muda a leitura, para muitos, de que o movimento faz sentido. Além de a JBS estar turbinando a Seara ao longo dos últimos anos, o entendimento é que ambas — BRF e Marfrig — estão com dificuldades de crescer sozinhas no Brasil.