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Buffett sai do buraco que engoliu rating da Berkshire

As apostas dele com derivativos consumiram lucros e foram um dos motivos pelos quais a Berkshire Hathaway perdeu rating AAA, mas as coisas parecem melhores

Warren Buffett: obrigações pelos contratos diminuíram para US$ 3,5 bilhões em 31 de março frente a US$ 15 bilhões seis anos atrás (Rick Wilking/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 7 de maio de 2015 às 20h39.

As apostas de Warren Buffett com derivativos consumiram os lucros da sua Berkshire Hathaway Inc. durante a crise financeira e foram um dos motivos pelos quais a empresa perdeu seu rating de crédito AAA.

As coisas parecem mais favoráveis agora.

As obrigações pelos contratos diminuíram para US$ 3,5 bilhões em 31 de março frente a US$ 15 bilhões seis anos atrás.

Alguns dos derivativos são apostas de longo prazo na valorização de ações, e outras protegem detentores de bonds se os mutuários não cumprirem suas obrigações.

O crescimento vertiginoso dos índices acionários nos EUA, no Reino Unido, na Europa e no Japão e a valorização do dólar ajudaram a reduzir o passivo com derivativos atrelados a ações durante anos.

A melhoria acelerou no primeiro trimestre, ajudando os lucros a subirem 9,8 por cento, para US$ 5,16 bilhões, segundo um relatório da empresa publicado na sexta-feira.

“A menos que o mundo se desmorone nos próximos anos, será outra aposta que ele venceu”, disse Meyer Shields, analista da Keefe Bruyette Woods.

Nem sempre pareceu assim. As obrigações com os derivativos incharam durante a crise financeira e contribuíram para um prejuízo registrado no primeiro trimestre de 2009.

A Moody’s Investors Service e a Fitch Ratings mencionaram os contratos quando despiram a Berkshire da sua nota de crédito máxima naquele ano.

A grande carteira de empréstimos parecia contrariar declarações feitas anteriormente por Buffett. Em 2003, ele os chamou de “armas financeiras de destruição em massa”, expressão que seria citada depois, durante a crise do crédito que obrigou alguns dos maiores bancos do país e a American International Group Inc. a aceitar resgates do governo.

Danos colaterais

Berkshire dedicou mais de quatro páginas do seu relatório anual em 2009 a discutir os derivativos e disse que suas transações eram diferentes.

Ele escreve que a Berkshire foi paga por assumir o risco, que enquanto isso a empresa investe os fundos, e que raramente tem que colocar garantias para os contratos, que não serão fechados durante anos.

Em 2010, a Berkshire fez lobby perante membros do Congresso para isentar acordos escritos previamente das novas regras para garantias. Os legisladores acabaram decidindo isentar os derivativos já existentes.

Apesar da redução dos derivativos da Berkshire, as apostas continuaram sendo objeto de fascinação.

O Financial Times escreveu uma matéria de oito partes, a primeira delas publicada em 2013, sobre os derivativos da Berkshire atrelados a índices do mercado acionário e sobre como alguns dos contratos eram mais exóticos do que se pensava anteriormente.

Buffett, 84, liquidou alguns contratos de credit-default em 2012. Os restantes provavelmente expirem com o tempo, disse Buffett na reunião anual da Berkshire em 2 de maio em Omaha, Nebraska.

É improvável que ele e as contrapartes possam concordar um preço mutuamente aceitável para fechá-los, disse ele.

Ações, bonds

A abordagem paciente de Buffett para os derivativos se encaixa com sua estratégia mais ampla de reter investimentos durante anos e dar pouca atenção às flutuações no curto prazo.

E ele tem aconselhado os acionistas a pensarem nas mudanças trimestrais das obrigações como blá-blá-blá.

A Berkshire recebeu US$ 4,9 bilhões em prêmios atrelados a opções de venda de índices acionários durante 2008. Os contratos expiram entre junho de 2018 e janeiro de 2026; outros acordos concernem à dívida com vencimentos entre 2019 e 2054.

Buffet nunca recuperou as máximas notas de crédito. A Berkshire tem nota Aa2 da Moody’s e AA da Standard Poor’s.

Desde a crise financeira, Buffett tem expandido sua empresa por meio de algumas das maiores aquisições que ele já fez.

Ele comprou a empresa ferroviária BNSF em 2010, engrossou a divisão de empresas de energia da Berkshire e formou uma parceria com a companhia de aquisições 3G Capital para adquirir a fabricante de ketchup H.J. Heinz.

Mesmo se o passivo com os derivativos voltar a crescer, estes provavelmente não tenham um efeito tão desmesurado sobre os resultados da Berskhire, disse Shields da KBW.

“Eles encolheram”, disse ele. “E a Berkshire cresceu”.

São Paulo - Warren Buffett é um amante dos livros. Quando começou a investir, ele lia entre 600 e 1000 páginas por dia. Atualmente, ele gasta 80% do seu dia lendo. Veja quais são oslivros que Buffett já indicou em suas cartas enviadas aos acionistas nos últimos 20 anos, conforme levantamento do Business Insider.
  • 2. “The Intelligent Investor”

    2 /10(Exame.com)

  • Veja também

    Buffett leu este livro antes dos 20 anos. Segundo o Business Insider, o livro foi fundamental para o megainvestidor porque lhe deu estrutura intelectual para investir. “The Intelligent Investor”, de Benjamin Grahamm, a partir de 57 reais
  • 3. “Security Analysis”

    3 /10(Exame.com)

  • Buffett afirmou que Benjamin Graham é a segunda figura mais importante da sua vida, depois de seu pai. Para ele, Graham, era um professor incrível. “Security Analysis”, de Benjamin Graham e David L. Dodd, a partir de 215 reais
  • 4. “Common Stocks and Uncommon Profits”

    4 /10(Exame.com)

    O autor do livro, investidor Philip Fisher, se especializou em investir em empresas inovadoras. Buffett afirmou que é um leitor ávido de Fisher. “Common Stocks and Uncommon Profits”, de Philip Fisher, a partir de 61 reais
  • 5. "Stress Test: Reflections on Financial Crises"

    5 /10(Exame.com)

    Para Buffett, o livro do ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos sobre a crise financeira é fundamental para qualquer gestor. Isso porque muitos livros foram publicados sobre como gerenciar um empresa em momentos difíceis, mas poucos foram publicados por alguém que estava no governo naquele momento. "Stress Test: Reflections on Financial Crises", de Tim Geithner, a partir de 181 reais
  • 6. "Jack: Straight From The Gut"

    6 /10(Exame.com)

    Na carta enviada aos acionistas em 2001, Buffett afirma que a obra é um livro de memória de negócios da GE. O autor, ex-presidente da empresa Jack Welch, que foi CEO da companhia por mais de 20 anos, é descrito por Buffett como homem inteligente. “ Welch oferece a todos os gestores lições valiosas”, disse o investidor. "Jack: Straight From The Gut", de Jack Welch, a partir de 46 reais.
  • 7. “The Outsiders"

    7 /10(Exame.com)

    Na carta enviada aos acionistas em 2012, Buffett elogia o livro. A Berkshire Hathaway é citada devido a Tom Murphy, considerado por Buffett, o melhor gerente de negócios que ele já conheceu. “The Outsiders", de William Thorndike, Jr, a partir de 74 reais
  • 8. "The Clash of the Cultures"

    8 /10(Exame.com)

    O livro foi recomendado por Buffett na carta aos acionistas de 2012. O autor, John C. Bogle, gestor de um dos fundos mais importantes dos Estados Unidos, The Vanguard Group, aponta a mudança de cultura no setor financeiro, focado nos últimos anos na especulação.
    "The Clash of the Cultures", de John Bogle, a partir de 51 dólares na Amazon
  • 9. “Business Adventures: Twelve Classic Tales from the World of Wall Street"

    9 /10(Exame.com)

    Em 1991, Buffett enviou uma exemplar do livro para Bill Gates, após o fundador da Microsoft perguntar sobre o seu livro preferido. Após ler, Gates afirmou que o livro serve como um lembrete para a construção de uma empresa vencedora. “Business Adventures: Twelve Classic Tales from the World of Wall Street" de, John Brooks, a partir 10 dólares na Amazon
  • 10. Veja agora as empresas que mais perderam valor de mercado em agosto

    10 /10(Getty Images/ Michael Steele)

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