Novo cartão de crédito Mastercard black do BTG+: produto será acompanhado de programa de fidelidade em modelo aberto (BTG Pactual/Divulgação)
Marcelo Sakate
Publicado em 14 de setembro de 2020 às 11h36.
Última atualização em 14 de setembro de 2020 às 21h19.
A disputa por clientes no setor financeiro está a cada dia mais acirrada. O BTG Pactual (do mesmo grupo que controla a EXAME) anunciou ao mercado na manhã desta segunda-feira, 14, o lançamento de duas novas linhas de negócios. O BTG+, um banco digital de varejo com serviço completo para pessoas físicas; e o BTG+ Business, dedicado à oferta de produtos e serviços para pequenas e médias empresas (PMEs). Foi anunciada também uma nova marca para o banco.
"É um momento histórico. Depois de 37 anos, lançamos a nossa plataforma bancária completa, para pessoas físicas e para PMEs", disse o CEO do BTG Pactual, Roberto Sallouti.
"São dois mercados carentes de competição e de novas ofertas", afirmou.
O BTG+ terá serviços como conta corrente com transações recorrentes, caso de pagamento de contas, empréstimos, transferências e recebimento de salário, além da emissão de cartões de crédito com programas de fidelidade. E vai se integrar à plataforma de investimentos do BTG Pactual Digital.
Os serviços da chamada conta corrente transacional já estarão disponíveis nesta semana para clientes do BTG Pactual Digital, a plataforma de investimentos do banco. E será lançada para clientes de todo o mercado em janeiro de 2021.
"Não tem no Brasil hoje um banco digital com a força desses dois mundos como o BTG+ vai oferecer, do banco incumbente e da fintech. Acreditamos que vamos ser uma força relevante desse mercado", disse Amos Genish, head de Digital Retail Unit do BTG Pactual.
"Queremos ser o primeiro banco do nosso cliente", afirmou o head do BTG+, Rodrigo Cury. É uma referência ao que é apontado por analistas como um dos principais desafios dos players do segmento de bancos digitais: aumentar a recorrência do uso de serviços e produtos para rentabilizar o negócio, indo além da abertura da conta.
Para alcançar esse objetivo, o BTG+ vai investir na funcionalidade da gestão do dia a dia, algo que, segundo ele, todo banco deveria oferecer além dos produtos em si, afirma Cury. Isso vai se traduzir, por exemplo, em uso intensivo de dados e de modelos preditivos para tentar antecipar as necessidades dos clientes.
Outro atrativo é o que o head do BTG+ definiu como a primeira plataforma aberta de fidelidade do mercado financeiro, em que caberá ao cliente decidir em que companhias aéreas, por exemplo, deseja utilizar seus pontos. Outro diferencial, segundo ele, será o Invest+, um serviço que vai reverter parte dos gastos com cartão de crédito em recursos que serão aplicados em um fundo de investimento administrado pelo banco. No caso do cartão black, será revertido o equivalente a 1% dos gastos.
O novo BTG+ vai entrar em um dos segmentos mais aquecidos da economia, que reúne os bancos tradicionais de varejo (como Itaú Unibanco, Bradesco e Santander) com novos bancos digitais que ampliam gradualmente a oferta de produtos e serviços, casos do C6 Bank, do Banco Inter e do Nubank, que acaba de comprar a corretora Easynvest.
Para o BTG Pactual, o lançamento das novas unidades vai representar o fortalecimento da estratégia de atuação de varejo digital, que vai além da tradicional atuação de banco de investimento pelo qual ficou conhecido ao longo de sua história.
"A unidade de varejo digital, seja nas receitas, na quantidade de pessoas ou no resultado, tem participação crescente todo trimestre", disse Sallouti. Segundo ele, "não é sonho nem meta", mas a unidade pode chegar a responder por 50% das receitas e do resultado do banco inteiro em um prazo de cinco anos.
O executivo disse que algumas áreas dentro da unidade de Digital Retail já são lucrativas ou estão próximas -- a alguns meses -- de se alcançar esse status, caso do BTG Pactual Digital e do Banco Pan, entre outras.
Genish, head da unidade de varejo digital do BTG, apontou razões que, segundo ele, explicam o momento do lançamento do BTG+. É o caso do chamado "financial deepening", que é a disposição do cliente de experimentar novos serviços financeiros digitais, e do avanço tecnológico. E também o avanço das normas. "Hoje o ambiente regulatório está mais receptivo para novos entrantes, com ferramentas como o PIX e o open banking", disse.
"Nós queremos que o banco se adapte às necessidades dos clientes, invertendo a forma como essa relação costuma acontecer atualmente", disse Rogério Stallone, co-head do BTG+ Business. A aposta inicial é para reforçar a oferta de crédito, que poderá ser liberada de forma digital no mesmo dia da solicitação. A carteira de crédito, que começou a ganhar escala com a pandemia, hoje já chega a 4,9 bilhões de reais, para 5.300 clientes.
O BTG+ Business também vai passar a oferecer recursos para necessidades do dia a dia, como capital de giro e antecipação de recebíveis e de pagamentos com cartões. Ou seja, o novo banco vai entrar em um dos segmentos mais disputados do mercado, em disputa com empresas de meios de pagamento como Stone, Cielo e PagSeguro, entre outras.