Brookfield negocia concessões rodoviárias da Odebrecht Transport
O fundo está em processo avançado de negociações e de "due diligence" (auditoria) das sete rodovias que têm participação da empreiteira
Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de junho de 2017 às 10h35.
A gestora canadense Brookfield assinou acordo de exclusividade com a Odebrecht Transport para avaliar a compra das concessões rodoviárias do conglomerado baiano.
O jornal O Estado de S. Paulo apurou que o fundo está em processo avançado de negociações e de "due diligence" (auditoria) das sete rodovias que têm participação da empreiteira, que somam 1.779 quilômetros no Centro-Oeste, Nordeste, Sudeste e Sul do País.
A multinacional tem sido protagonista no fechamento de grandes negócios no Brasil, incluindo a compra de ativos da própria Odebrecht.
Em abril deste ano, a companhia concluiu a aquisição de 70% da Odebrecht Ambiental por R$ 2,9 bilhões e já tinha comprado a concessão Rutas de Lima, no Peru no ano passado.
A gestora também comprou o projeto Olmos, de transposição de água do grupo baiano no Peru. Ou seja, os dois grupos têm conseguido se entender nas negociações de grandes transações.
No caso das concessões rodoviárias, a canadense avaliou todas as estradas, mas já excluiu alguns ativos que não interessam ao fundo. Em três rodovias, a Odebrecht é sócia da Invepar - empresa administradora de aeroportos que tem como acionistas os fundos de pensão Funcef (Caixa), Petros (Petrobrás) e Previ (Banco do Brasil) e a construtora OAS.
No ano passado, a Brookfield tentou comprar a participação de 24,4% da OAS na Invepar, mas se desentendeu com os fundos de pensão e desistiu do negócio.
Fontes ouvidas pela reportagem afirmam, entretanto, que as desavenças do passado não devem interferir nos negócios atuais. Exemplo disso, é que uma das rodovias que interessam à gigante canadense é a Bahia Norte, uma concessão de 132 km que interliga o Centro Industrial de Aratu (CIA), o Polo Industrial de Camaçari, o Terminal Portuário de Aratu e o Aeroporto Internacional de Salvador. A Odebrecht detém 50% da concessionária e a Invepar, 50%.
Outro ativo que interessa à gestora canadense é a Rota do Oeste, concessionária que administra 850 km da BR-163, em Mato Grosso. Nesse caso, a concessão é 100% da Odebrecht, que arrematou o trecho da rodovia em 2013 com deságio de 52% (nesse leilão, vencia quem oferecesse a menor tarifa).
Durante os 30 anos de concessão, a empresa terá de investir R$ 5,5 bilhões. Apesar do valor alto de investimento, a estrada é uma das principais vias de escoamento de grãos do País.
A reportagem apurou que a aquisição das concessões deve ser feita por meio da Arteris, empresa que tem como sócia a Brookfield e a espanhola Abertis.
A empresa administra 3,2 mil km de rodovias no Brasil e está atrás apenas do grupo CCR. "Concessão rodoviária é um tipo de ativo que agrada bastante a Brookfield, pois não precisa passar pelo processo de licitação", afirma o advogado da Demarest, Paulo Dantas. "Eles têm uma capacidade enorme para consolidar a infraestrutura brasileira, e já estão fazendo isso".
Procurada, a Odebrecht afirmou que segue com seu plano de reestruturação, que inclui a busca de novos investidores para seu portfólio de rodovias. Mas destacou que ainda não há nenhuma transação concluída. A Arteris e a Brookfield disseram que não comentariam o assunto.
Oportunidades. Além de ativos do grupo Odebrecht, a Brookfield adquiriu, por US$ 5,2 bilhões, 90% da Nova Transportadora do Sudeste (NTS), gasoduto que pertencia à Petrobras.
Com US$ 250 bilhões em ativos sob gestão no mundo, dos quais R$ 60 bilhões no Brasil, a companhia está de olho em negócios imobiliários no País, que foram reestruturados e estão sob o guarda-chuva da empresa Tegra.
Com 27 projetos imobiliários em andamento, a gestora quer buscar oportunidades em construções residenciais, setor que passa por uma das piores crises de sua história. E é onde a gigante busca oportunidades para fazer negócios.
A gestora canadense também está de olho em negócios de saneamento no País e pretende ser consolidadora neste setor. Em shoppings, contudo, onde tem participações, a Brookfield poderá se desfazer de ativos.