BRF quer direcionar foco para emergentes diante de crise na UE
Empresa coloca África, Ásia e Oriente Médio como prioridades
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.
Rio de Janeiro - Com a perspectiva de baixo crescimento econômico na União Europeia nos próximos anos, a Brasil Foods pretende redirecionar o foco das suas exportações para economias emergentes da África e Eurásia, afirmou nesta terça-feira o presidente da companhia, José Antonio do Prado Fay.
"Não vamos focar na Europa pela baixa possibilidade de crescimento que o mercado europeu fornece nos próximos anos", informou ele a jornalistas, após participar de evento no Rio de Janeiro.
"Pensamos em investir em áreas com crescimento mais rápido, e a Europa sofre os efeitos da crise e ainda tem uma perspectiva de crescimento baixo, por isso, não temos a visão de investir mais", acrescentou.
A Brasil Foods, empresa que surgiu da incorporação da Sadia pela Perdigão, que ainda aguarda autorização dos órgãos reguladores brasileiros para uma completa associação, é a maior exportadora global de carne de frango, sendo líder em aves e suínos também no Brasil.
Segundo o executivo, as exportações para a Europa representaram 21 por cento do total da companhia no primeiro semestre deste ano.
Recentemente, os brasileiros passaram a temer menores vendas para a Europa também por conta de uma nova legislação da União Europeia que restringe o acesso do produto nacional ao bloco, algo que pode resultar em uma disputa na Organização Mundial de Comércio.
Fay não mencionou a disputa ao falar sobre as dificuldades para ampliar as vendas para os europeus, mas destacou que a Brasil Foods também vai apostar no fortalecimento da sua presença no Oriente Médio, que hoje já representa 29 por cento das vendas da companhia.
"Sem perspectiva de crescimento na Europa, estamos querendo crescer na África, na Ásia, na América Latina e Oriente Médio... O mundo está mudando de eixo, com oportunidades interessantes como o Sudeste Asiático, em países como Tailândia e Vietnã", disse Fay.
Ele afirmou que a África Subsaariana passou a ser outro alvo das vendas externas da Brasil Foods.
Questionado se a presença maior na África poderia ser através de produção e aquisições, ele afirmou que isso poderia ser feito das duas maneiras, sem dar mais detalhes.
Mas lembrou que a companhia recentemente inaugurou um escritório em Johanesburgo, na África do Sul, para prospectar oportunidades.
A empresa exporta para 104 países, entre eles, alguns africanos, observou Fay, lembrando que há espaço para crescer no continente.
Custos maiores
O executivo prevê um aumento de custos para a produção de carnes até o final do ano, por conta da quebra de safra de trigo na Rússia que afetou os preços globais dos grãos.
Segundo ele, essa perda está impulsionando os preços do milho, utilizado no Brasil como o principal insumo da ração.
Ele estima que os custos dos grãos vão subir entre 5 e 7 por cento.
"Nem tudo será repassado para o custo final, mas será um período volátil e nervoso."
A Brasil Foods tem um gasto anual de 4 bilhões a 5 bilhões de reais com grãos, segundo o presidente.
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