Brastemp entra na briga das cápsulas
A empresa quer desenvolver um equipamento capaz de fazer 10 tipos de bebida - entre elas, café, suco, chá quente, chá gelado, refrigerante, frapês, energéticos
Da Redação
Publicado em 5 de janeiro de 2015 às 16h17.
São Paulo - A Brastemp lançou na terça-feira, 26, em São Paulo, sua primeira máquina de bebidas . Assim como a Nespresso, que ganhou mercado com sua máquina de fazer café expresso, a empresa quer entrar na casa do brasileiro com um equipamento capaz de fazer 10 tipos de bebida - entre elas, café , suco, chá quente, chá gelado, refrigerante, frapês, energéticos.
A máquina - desenvolvida pela equipe brasileira da Whirlpool (dona da Brastemp de da Consul), será fabricada em Joinville (SC) e, depois, exportada para as filiais.
A batalha para dividir a atenção dada ao café, dentro de casa, com outras bebidas não é exclusiva da Brastemp. Em fevereiro deste ano, a Coca-Cola mostrou claramente sua intenção de entrar nesse mercado. A fabricante de refrigerantes fechou um acordo para comprar 10% da empresa de cápsulas e máquinas de café e bebidas quentes Green Mountains Coffee Roasters por US$ 1,25 bilhão.
À época, as companhias informaram que tinham a intenção de lançar uma máquina para bebidas geladas, com e sem gás, em outubro. Chás, sucos e refrigerantes estariam entre elas. A Coca-Cola não informou se a previsão de lançamento se mantém.
As vendas da máquina da Brastemp, batizada de B.blend, devem começar até o fim do ano. A empresa não informou ainda o preço da máquina e das cápsulas.
A Brastemp também não descarta se vai adotar o modelo de assinatura com as cápsulas, assim como fez com o purificador de água. O serviço de assinatura de purificador de água da Brastemp, por exemplo, custa a partir de R$ 49,90 por mês e inclui instalação, manutenção e reparos da máquina.
Com o novo produto, a Brastemp fala em revolucionar o mercado de bebidas com foco na individualidade e na mudança de perfil das famílias. "Acabou a ditadura da caixinha e da garrafa", disse o presidente da Whirlpool América Latina, João Carlos Brega. As cápsulas, segundo a empresa, terão esquema de distribuição para entrega na casa do consumidor.
Eduardo Terra, sócio da BTR Consultoria, vê na estratégia da Brastemp e da Coca-Cola uma tentativa de levar à casa do consumidor a mesma experiência "premium" proporcionada pela Nespresso e outras máquinas. "Isso se soma aos preços altos nos supermercados e restaurantes, no Brasil, e a uma onda de consumo que busca alternativas à industrialização."
A Brastemp diz que vai firmar parcerias com fornecedores de bebidas para criar um portfólio de cápsulas com diversas marcas, conhecidas ou novatas. Entre as cápsulas já prontas, há uma de "suco natural" em que o pó vem da fruta desidratada.
Negócio
Ao criar B.blend, a fabricante de eletrodomésticos não espera que o dinheiro venha principalmente da venda do equipamento. "Esse negócio não é de venda de máquina", destacou o presidente da Whirlpool América Latina.
As cápsulas são o principal interesse da companhia - este é, aliás, o negócio da Nespresso. Uma pesquisa da consultoria Nielsen mostra que o consumo de cafés em cápsulas aumentou 46,5% entre 2012 e 2013. Ainda assim, apenas 0,6% dos domicílios do Brasil possuem uma máquina - o que mostra que há espaço de sobra para crescer.
Os desafios da Brastemp, no entanto, deverão ser grandes, na avaliação do especialista em alimentos e bebidas Adalberto Viviani. "Fazer refrigerante em casa é uma mudança de hábito muito grande", diz. "Será preciso um argumento muito forte para convencer o consumidor de que vale a pena."
Além disso, para Viviani, o sucesso que as máquinas de café fizeram entre os consumidores dificilmente deve ocorrer com máquinas que fazem diversos tipos de bebida. O especialista diz que a máquina de café ganhou essa notoriedade por ser um símbolo de status e levar para casa "a experiência de consumo daquele café especial consumido no restaurante".
A B.blend é fruto de quatro anos de pesquisas feitas no Brasil, o segundo mercado da Whirlpool no mundo, atrás apenas dos EUA. Para lançar a máquina, a empresa fez uma parceria com a empresa europeia do segmento de bebidas Bevyz, responsável pela licença das cápsulas da B.blend. O produto exigiu 13 patentes nacionais e três de parceiros da Whirlpool.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.