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BRF planeja mais alienações em tentativa de recuperação

O plano é traçado após a venda, na semana passada, de duas fábricas de carne


	Consumidor passa por geladeira com produtos da Sadia: a BRF planeja focar em seus negócios principais de alimentos processados e embalados, tais como pratos prontos congelados
 (Adriano Machado/Bloomberg)

Consumidor passa por geladeira com produtos da Sadia: a BRF planeja focar em seus negócios principais de alimentos processados e embalados, tais como pratos prontos congelados (Adriano Machado/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2013 às 15h17.

Nova York - A BRF SA, maior produtora de alimentos do Brasil, planeja alienar mais ativos locais após a venda de duas fábricas de carne, na semana passada, enquanto expande seus negócios internacionais, disse o CEO Claudio Galeazzi.

Galeazzi, que foi nomeado CEO em agosto, está vendendo ativos e reduzindo custos depois que uma expansão econômica vacilante do Brasil e um excesso de oferta em mercados internacionais fizeram com que a empresa não atingisse as previsões de receita do terceiro trimestre pela margem mais ampla desde 2009.

A venda das plantas de carne bovina para a Minerva SA liberou R$ 170 milhões (US$ 76 milhões) em capital de giro e permitirá à BRF focar em áreas nas quais possui mais especialização, disse ele em uma entrevista em Nova York, ontem.

“A empresa está em um novo ciclo agora”, disse Galeazzi. “Nós precisamos focar e precisamos alienar tudo o que não agrega valor”.

A BRF, a maior processadora de carne do mundo em valor de mercado, planeja focar em seus negócios principais de alimentos processados e embalados, tais como pratos prontos congelados, além de temperos e molhos para alimentos, enquanto deixa áreas como abatedouros e granjas.

A empresa também está acelerando seu ritmo de expansão internacional e quer aumentar as vendas domésticas de produtos “in natura”, incluindo cortes inteiros de carne de frango, de vaca e de porco, segundo Galeazzi.

“Nós provavelmente faremos algumas alienações nos próximos seis a 12 meses”, disse ele. “Nós estamos observando isso muito mais de perto agora”.


Venda de fábrica

As fábricas que a BRF vendeu para a Minerva ficam no Mato Grosso, onde se processa mais gado do que em qualquer outro estado do país, segundo dados compilados pela associação brasileira de exportadores de carne, a Abiec. A BRF terá uma participação de 15 por cento na Minerva e dois assentos no conselho, segundo um arquivo regulatório da semana passada que revela detalhes da transação.

“Isso faz muito sentido”, disse Luis Miranda, analista do Banco Santander SA, a respeito da venda, por telefone, de Santa Fé, México. “Isso é parte das melhorias operacionais e do foco nas operações principais, dado que a carne não é uma matéria-prima chave para a empresa”.

Galeazzi foi nomeado em meio a uma mudança na estrutura da empresa depois que Abílio Diniz, o ex-presidente da rede de supermercados Pão de Açúcar da Cia. Brasileira de Distribuição, assumiu como presidente da BRF, em 9 de abril.

‘Criou dúvidas’

O PIB do Brasil crescerá 2,5 por cento neste ano, segundo uma consulta do Banco Central com cerca de 100 economistas publicada ontem, contra uma mediana de previsões de 3,5 por cento em uma consulta de dezembro de 2012. O Fundo Monetário Internacional em outubro reduziu sua previsão de crescimento em 2014 para a maior economia da América Latina, citando a preocupação de que a inflação crescente poderá prejudicar o consumo.


Embora a receita líquida ajustada da BRF tenha triplicado para R$ 287 milhões nos três meses até setembro, em relação ao ano anterior, ela ficou atrás da média de R$ 362 milhões estimada entre 10 analistas consultados pela Bloomberg.

As vendas foram 4,4 por cento mais baixas que a previsão média de 13 analistas, a maior perda desde o último trimestre de 2009, segundo dados compilados pela Bloomberg.

“Os resultados do último trimestre realmente assustaram o mercado”, disse Nataniel Cezimbra, analista do Banco do Brasil SA, por telefone, de São Paulo. “Isso criou dúvidas a respeito do volume de vendas, precificação e competitividade, tanto nas dinâmicas no exterior quanto na doméstica”.

A BRF ainda está determinando para quais regiões se mudará, disse o diretor financeiro da companhia, Leopoldo Saboya. A expansão provavelmente focará em poucos mercados-chave e será feita por meio de fusões e aquisições com empresas que têm fortes marcas locais e capacidade processadora, segundo Galeazzi.

“Não seria inteligente ter crescimento orgânico nesses países”, disse ele. “É um processo longo. Desta forma, nós não seremos apenas um exportador de commodities, mas teremos essa presença local que nos permite adquirir matéria-prima regionalmente e usar nossas exportações para encontrar um equilíbrio adequado”.

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