BNDESPar pede assembleia para votar saída de família da JBS
Uma carta do banco já foi enviada à JBS solicitando a convocação de uma assembleia extraordinária para os próximos dias
Reuters
Publicado em 22 de junho de 2017 às 17h43.
Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h21.
Rio de Janeiro - O BNDESpar, braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social na qual pedirá o afastamento definitivo da família Batista da direção e do conselho de administração da empresa, disseram à Reuters duas fontes com conhecimento direto do assunto.
Os minoritários na empresa também pretendem cobrar uma indenização da controladora J&F, holding da família que controla a JBS , por prejuízos causados pelos Batista à empresa.
Uma carta do banco já foi enviada à JBS solicitando a convocação de uma assembleia extraordinária para os próximos dias. A medida tem o aval e o apoio dos demais minoritários da JBS, disse uma das fontes. O banco de fomento tem 21,3 por cento de participação na empresa.
As perdas, segundo as fontes, vieram a reboque dos efeitos da operação Carne Fraca, em que a empresa e outros frigoríficos são acusadas de pagar propina para aliviar a fiscalização sanitária sobre alimentos processados, e da delação premiada de executivos da J&F, envolvendo compra de políticos em troca de favorecimento no Congresso e em órgãos de governo.
"A carta foi enviada e o objetivo não é só tentar o afastamento definitivo deles (família Batista) da JBS", disse uma fonte. "O que se quer é tirar da empresa os irmãos e qualquer representante da família e do grupo que participou de atividade criminosa", disse outra fonte.
Em maio, os irmãos Joesley e Wesley Batista renunciaram aos postos de presidente e vice-presidente do conselho de administração da JBS, pouco depois da formalização de acordos de delação premiada de executivos da J&F com o Ministério Público.
Além disso, a J&F fechou um acordo de leniência, com pagamento de multa recorde de 10,3 bilhões de reais.
Wesley deixou a vice-presidência do conselho de administração, mas foi substituído por seu pai, José Batista. Além disso, seguiu como membro do colegiado e como presidente-executivo da companhia.
Desde 16 de março, véspera da deflagração da operação Carne Fraca, as ações da JBS já caíram 47 por cento. No período, o Ibovespa recuou 6,9 por cento.
Segundo um das fontes ouvidas pela Reuters, os cálculos da indenização que será pedida ainda estão sendo feitos.
Essa semana, a JBS revelou um plano de desinvestimento de 6 bilhões de reais em ativos para fazer frente às dívidas de curto prazo. Na véspera, a Justiça bloqueou a venda de 300 milhões de dólares em ativos do grupo no Mercosul até o Supremo Tribunal Federal (STF) homologar a delação dos Batista.
Procuradas, a J&F e a JBS não se manifestaram de imediato.