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Biotônico Fontoura, Melhoral, Merthiolate: o que aconteceu com remédios da infância

Dos remédios que fazem parte da memória dos adultos que foram crianças no século passado, muitos ainda existem sob novas fórmulas

Desde o Biotônico Fontoura até o Merthiolate, cada um carrega histórias de pequenos acidentes infantis, muitos deles curados rapidamente sob o olhar atento de uma mãe. (Reprodução)

Desde o Biotônico Fontoura até o Merthiolate, cada um carrega histórias de pequenos acidentes infantis, muitos deles curados rapidamente sob o olhar atento de uma mãe. (Reprodução)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 11 de maio de 2024 às 09h25.

Última atualização em 20 de junho de 2024 às 11h46.

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Durante o século passado, não havia casa no Brasil sem pelo menos um desses medicamentos: Biotônico Fontoura, Emulsão Scott, Merthiolate, Melhoral Infantil e Sadol

Neste Dia das Mães, a EXAME te conta o que aconteceu com cada um desses aliados das mamães na missão de curar dores e aflições dos filhos.

Esses produtos representam mais do que soluções para males físicos; são parte da cultura de um cuidado materno. Desde o Biotônico Fontoura até o Merthiolate, cada um carrega histórias de pequenos acidentes infantis, muitos deles curados rapidamente sob o olhar atento de uma mãe.

A transformação de suas fórmulas ao longo do tempo revela um diálogo constante entre tradição e inovação, característica marcante no papel das mães: a habilidade de adaptar-se e superar novos desafios.

Boa leitura. E feliz Dia das Mães.

Biotônico Fontoura

Eis um produto 100% brasileiro. O Biotônico Fontoura é um medicamento fortificante e antianêmico criado em 1910 pelo farmacêutico Cândido Fontoura. Ele criou o remédio para o tratamento de sua esposa, que estava com a saúde fragilizada. Uma curiosidade é que o nome do medicamento foi dado por Monteiro Lobato. Ele e Cândido trabalhavam juntos no jornal Estado de São Paulo.

O produto ficou popular em muitas casas brasileiras ao longo de todo o século passado. Sua fórmula teve de ser alterada em 2001, em decorrência de uma determinação da Anvisa que proibiu que tônicos, fortificantes e suplementos destinados às crianças contivessem álcool etílico na formulação. Na época o produto tinha um teor alcoólico de 9,5%, tanto é que chegou a ser comercializado aos Estados Unidos durante a Lei Seca como remédio, numa tentativa dos norte-americanos driblarem as leis e terem acesso a algum produto alcóolico. 

A marca existe até hoje, vendendo suplementos alimentares e para reposição de ferro.

Sadol

O Biotônico Fontoura teve um concorrente à altura. Foi criado em 1924 pelo Laboratório Boettger, pioneiro em farmácia na região. Ele vendia seus remédios ao Laboratório Catarinense (hoje em dia, Catarinense Pharma) em Joinville, que mais tarde adquiriu a operação da Boettger. Sadol, juntamente com outros remédios como Melagrião e Bálsamo Branco, continuou sendo produzido em Joinville após a venda do laboratório original. 

Em 2001, assim como o Biotônico Fontoura, precisou rever a fórmula e tirar o álcool etílico. Ficou sob essa nova fórmula em produção até meados do ano passado, quando deixou de ser produzido como medicamento e entrou na categoria de suplementos alimentares

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Emulsão Scott 

Um dos medicamentos mais antigos do mundo, a Emulsão Scott foi criada em meados dos anos 1800 e era conhecida, principalmente, por ser um grande repositor de vitaminas A e D. Em sua composição, havia também óleo de fígado de bacalhau. Essa mistura dava um sabor não tão agradável assim -- quem já precisou tomar, sabe bem. 

Nos Estados Unidos, o produto foi um fenômeno, atribuído, em parte, ao sucesso de marketing da empresa. Este sucesso se estendeu ao Brasil, onde começou a ser vendido no início do século 20, alcançando grande popularidade na década de 1920.

Aqui no Brasil, a marca existiu até algum tempo atrás, comercializada pela GSK. Hoje em dia, porém, o produto não é mais encontrado à venda. Em outros países, a mistura ainda é vendida, principalmente naqueles em que há pouca exposição de sol. 

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Merthiolate 

O Merthiolate nasceu em 1951 como um antisséptico indicado para ferimentos em geral, eliminando bactérias e prevenindo infecções. Ele foi desenvolvido alguns anos antes pela Universidade de Maryland por Morris S. Kharasch, e comercializado pela empresa “Eli Lilly and Company”. Para muitas crianças brasileiras, porém, ele ficou conhecido não por quem o fundou ou por quem o vendia, mas pela sensação que tinha quando passava o antisséptico: a de ardência. 

A ardência, porém, durou até 2001. Naquele ano, o governo federal proibiu a venda do produto no Brasil porque entendeu que seu princípio ativo (o timerosal) não teria mais capacidade de combater bactérias. As vendas ficaram suspensas por poucos dias, porém. Logo depois, a Eli voltou a comercializar o medicamento com novas substâncias -- que já não ardiam mais na pele das pessoas. 

O Merthiolate existe até hoje. Está sob o guarda-chuva da fabricante de medicamentos Cosmed, que faz parte do grupo Hypera. Em 2022, a marca lançou um novo produto, chamado Merthiolate Cicatrix, para cicatrização de cortes e arranhões.

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Melhoral Infantil

Estava resfriado? Com alguma dor no corpo? Febre? Não importava a doença, o Melhoral podia ajudar. Essa era a impressão que se tinha nos anos 1980 e 1990, quando quase todas as casas tinham uma cartela de melhoral para ajudar nas queixas das crianças. 

Presente no mercado desde meados do século 20 no Brasil, a marca foi introduzida pela multinacional Sidney Ross, que também fabricava produtos de gosto popular como Leite de Magnésia Phillips e o Talco de Ross. Nas rádios e televisões brasileiras dos anos 1940 aos anos 1960, também era comum ver propagandas e até programas patrocinados pelo remédio.

A marca em si existe até hoje em dia, também produzida e comercializada pela Cosmed, da Merthiolate. O medicamento em si, também ganhou força, conhecido como AAS.

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