Bilionários: relatório da UBS mostra aumento no número de ricos que buscam reorganizar seus impostos via mudanças de país. (Montagem EXAME/Canva)
Repórter
Publicado em 4 de dezembro de 2025 às 10h49.
Impulsionados por questões fiscais, qualidade de vida e instabilidade política, mais de um terço dos bilionários globais já deixaram seus países de origem — e outros planejam fazer o mesmo. A movimentação foi divulgada no relatório Billionaire Ambitions Report 2025, publicado pela UBS em parceria com a PwC.
Segundo a pesquisa com 87 bilionários, 36% já se mudaram pelo menos uma vez, e 9% consideram uma nova relocação. A principal razão seria melhorar a qualidade de vida, citada por 36% dos entrevistados, seguida por preocupações geopolíticas (36%) e a busca por eficiência na organização tributária (35%).
A movimentação geográfica da elite ocorre paralelamente à maior transferência de riqueza já registrada. Em 2025, 91 herdeiros tornaram-se bilionários, somando US$ 297,8 bilhões em patrimônio — um salto de 36% em relação a 2024. A maioria está concentrada nos Estados Unidos e na Europa Ocidental.
Até 2040, a estimativa da UBS é de que pelo menos US$ 5,9 trilhões serão herdados por filhos e cônjuges de bilionários ao redor do mundo. Somente os herdeiros norte-americanos devem receber cerca de US$ 2,8 trilhões, ou quase metade do total global projetado.
Em países como Alemanha, França, Reino Unido e Suíça, os valores também são significativos, somando mais de US$ 1,3 trilhão em heranças esperadas nas próximas décadas. Já na América Latina, o destaque fica para o México, com previsão de US$ 97,7 bilhões em transferências patrimoniais, seguido pelo Brasil, com US$ 46,4 bilhões.
O movimento é liderado pelos mais jovens. Entre os bilionários com até 54 anos, 44% já se mudaram ao menos uma vez, e 15% ainda consideram mudar de país. O relatório aponta que as novas gerações valorizam mais a flexibilidade geográfica e a proteção patrimonial em ambientes politicamente estáveis.
Nos países europeus, os principais motivos para migração são impostos e instabilidade geopolítica. Na Ásia-Pacífico, a busca por melhor qualidade de vida aparece com mais força. Ainda assim, o denominador comum é a estratégia de preservação e crescimento de patrimônio frente a ambientes regulatórios mais rígidos.
A movimentação dos bilionários impacta a geografia do poder financeiro. Segundo o estudo, com cada vez mais fortunas cruzando fronteiras, novos centros de influência econômica surgem. Países com legislações fiscais mais brandas e estabilidade institucional passam a disputar esses indivíduos — e os investimentos que os acompanham.
O relatório também sugere que a crescente mobilidade da elite global pode afetar políticas nacionais voltadas à taxação de grandes fortunas. Com a capacidade de deslocar capital e residência com facilidade, bilionários ampliam seu poder de barganha frente a governos nacionais.
Ao mesmo tempo, essa diáspora reforça desigualdades entre países ricos em capital humano e os que oferecem vantagens tributárias, mas dependem da entrada de recursos externos para manter suas economias aquecidas.