O bem-vindo investimento dos produtores de proteína na economia circular
Até 99,61% de cada animal chega a ser aproveitado e coprodutos se tornam matéria-prima em novos processos produtivos
EXAME Solutions
Publicado em 14 de setembro de 2023 às 08h00.
Última atualização em 17 de outubro de 2023 às 13h03.
Para as empresas de alimentos, a sustentabilidade é uma pilar fundamental do processo produtivo. Os grandes players do setor se preocupam em operar de maneira sustentável em toda a cadeia de valor, do campo aos supermercados — até as bandejas usadas nas embalagens, afinal, oferecem desafios. E os investimentos feitos na agenda ESG não poderiam deixar de englobar a economia circular.
Na JBS, o aproveitamento da matéria-prima bovina ultrapassa os 90%. Ou seja, os itens oriundos da produção de proteína vão muito além dos alimentos que chegam à mesa de milhões de brasileiros todos os dias.
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Os coprodutos da produção bovina viram outros produtos de alto valor agregado. Por exemplo, o sebo bovino dá origem ao biodiesel, que move carros e caminhões e ajuda o país a diminuir sua dependência em combustíveis fósseis. Ou vira sabão e sabonete presente nos lares de milhões de pessoas.
O peptídeo de colágeno, nutriente que contribui com as nossas articulações, saúde da nossa pele e também a conservação de produtos c pode ser produzido a partir do aproveitamento da derme bovina. E parte dos coprodutos orgânicos permite a produção de fertilizantes. Todas essas iniciativas reduzem o desperdício – o que sobrava era descartado – e aumentam a eficiência e a rentabilidade das empresas que atuam no setor de proteína animal.
“A economia circular gera novos negócios e soluções disruptivas que contribuem para a continuidade das atividades”, diz Susana Martins Carvalho, diretora- executiva da Campo Forte Fertilizantes. “Existem várias oportunidades para acelerar e dimensionar a economia circular em todas as nossas operações.”
Inaugurada no início de 2022, a Campo Forte nasceu com o propósito de criar fertilizantes altamente tecnológicos e sustentáveis. Ela tem capacidade para produzir, a cada ano, 150 mil toneladas de fertilizantes orgânicos, organominerais e especiais.
Os produtos desenvolvidos pela Campo Forte ajudam a aumentar a produtividade e a reduzir as perdas, além de potencializar os nutrientes e diminuir o impacto no meio ambiente. O foco inicial da empresa são as culturas de soja, milho, café, cana-de-açúcar e hortifrutis, além de pastagens e florestas.
Economia circular, convém esclarecer, não é sinônimo de reciclagem. Trata-se, isso sim, de um investimento em processos regenerativos e restaurativos. Os sabonetes em barra produzidos utilizando sebo bovino como base servem de prova. A JBS produz 1 bilhão de unidades por ano. Não à toa, virou a maior produtora de sabonetes em barra no segmento B2B no Brasil, produzindo para as principais marcas do ramo.
Ela também conquistou o título de maior produtora de biodiesel do País, a partir do sebo bovino. Tem capacidade para produzir mais de 700 milhões de litros por ano. Recentemente, o biocombustível produzido pela JBS abasteceu os shows da turnê da Coldplay no Brasil.
Com fábrica em Presidente Epitácio, no interior de São Paulo, a Genu-in está no mercado de saúde e nutracêuticos. A companhia investiu R$ 400 milhões na sua primeira unidade, que tem capacidade para produzir 6 mil toneladas de peptídeos de colágeno e 6 mil toneladas de gelatina por ano.
“Os peptídeos de colágeno desempenham função nutracêutica, sendo essenciais para a mobilidade das articulações, estabilidade dos ossos, saúde dos músculos, ligamentos e tendões, e para a manutenção de uma pele sem rugas, cabelos brilhantes e unhas bonitas”, explica Claudia Yamana, diretora da Genu-in.
Essencial para a produção de sobremesas, sorvetes e confeitos, a gelatina pode ser utilizada tanto pela indústria alimentícia como pela farmacêutica, que utiliza o ingrediente para desenvolver comprimidos e cápsulas de remédio.
A empresa está lançando os seus dois primeiros produtos. Um deles é o peptídeo de colágeno Genu-in Life, que entrará na formulação de marcas de terceiros. O segundo produto é a gelatina Genu-in Gel, voltada para a indústria alimentícia e para o setor farmacêutico. A Genu-in atua prioritariamente no segmento B2B.
Outra empresa do grupo que extrai o colágeno da derme bovina – embora de maneira diferente e para um segmento distinto – é a Novaprom. Ela produz colágenos bovinos e soluções proteicas de alta funcionalidade, além de ingredientes para diversos setores da indústria alimentícia.
Confeccionados com matérias-primas não utilizadas por outras divisões do grupo, os produtos da Novaprom podem ser agregados a produtos cárneos e lácteos. Melhoram, por exemplo, a textura, a suculência e a estabilidade da emulsão e ainda mantêm a umidade natural e aumentam a capacidade de hidratação. A Novaprom exporta para mais de 40 países em 5 continentes.
Faltou falar que a JBS é a maior processadora de couros do mundo, produzindo variedades nos estágios wet blue, wet white, semiacabado e acabado para os setores automotivo, moveleiro, de calçados e artefatos. Originadas das operações de processamento de proteína animal da companhia, as peles possuem segurança de rastreabilidade de origem.
Nesse segmento, os grandes investimentos em tecnologia resultam em maior qualidade, produtividade e padronização dos produtos, melhor ergonomia e automação industrial. E ainda geram mais confiabilidade e segurança nos processos, reduzindo insumos. Curtumes próximos aos frigoríficos e uma frota especializada garantem o rápido processamento das matérias-primas e a retirada apropriada, além da qualidade e do respeito ao meio ambiente – tudo é processado 100% a partir do couro verde.
Por meio de marcas como Authentic, Cambré, Virgus e Conceria Priante, além da Kind Leather, que produz couro de baixo impacto ambiental, a JBS Couros atende diversos mercados ao redor do mundo e adota um rígido controle de uso de substâncias químicas. A empresa possui unidades certificadas pelo Leather Working Group e lançou em 2019 a Leather ID, primeira plataforma global de rastreabilidade da produção de couro.
Convém destacar o quanto a JBS Couros contribui com a economia circular, um dos pilares da sustentabilidade. O couro, afinal, garante o aproveitamento de um subproduto da produção de proteína animal. A JBS, no entanto, firmou o compromisso de garantir que qualquer subproduto gerado no processo do couro retroalimente sistemas produtivos de outras divisões do grupo, a exemplo das empresas Genu-in, JBS Biodiesel e Novaprom.