Banco Panamericano, fachada (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 10 de novembro de 2010 às 17h24.
Brasília - O Banco Central está "totalmente tranquilo" em relação à saúde do Banco Panamericano em particular e ao sistema financeiro como um todo e entende que a solução dada ao desequilíbrio da instituição controlada pelo Grupo Sílvio Santos foi a "ideal".
"A solução foi a sonhada por qualquer supervisor no mundo inteiro", afirmou uma fonte do BC, sob a condição de anonimato.
O Panamericano anunciou na noite de terça-feira que seu controlador vai aportar 2,5 bilhões de reais na instituição, em operação destinada a restabelecer o equilíbrio patrimonial e a liquidez do banco.
A injeção de recursos ocorre após o BC ter detectado, há cerca de seis semanas, indícios de que o Panamericano não estava registrando devidamente operações de venda de carteiras de crédito em seus balanços. As carteiras, portanto, continuavam a ser contabilizadas como ativos da instituição apesar de não pertencerem mais ao banco.
"O controlador, atendendo a chamada do Banco Central, se responsabilizou pelo problema, aportou recursos, recursos privados, em transação toda privada", afirmou a fonte do BC.
"Preservou-se os interesses dos depositantes, preservou-se a saúde e a rigidez do sistema financeiro como um todo e também os próprios interesses dos demais acionistas não-controladores, que têm inclusive entre eles a Caixa Econômica, que é uma instituição pública."
O BC dará início agora a um processo administrativo de investigação para apurar a origem e os responsáveis pelos problemas no Panamericano, em processo que deve levar "certo tempo", segundo a fonte. Caso sejam detectados desvios de conduta previstos na legislação, o BC agirá administrativamente, e outras instâncias poderão ser acionadas para tomar medidas legais.
Supervisão
"O Banco Central não faz isso, o Banco Central supervisiona, acompanha, busca por indícios, apura essas questões, e eventualmente detecta um problema aqui, um problema ali." Uma prova da eficiência da supervisão bancária brasileira seria o fato de que instituições não quebraram durante o auge da crise financeira global, disse.
Sobre eventuais erros cometidos por auditorias contratadas pela Caixa antes de aquirir participação no Panamericano em dezembro do ano passado, a fonte afirmou que não cabia ao BC supervisionar essa investigação, mas que o BC denunciará eventuais indícios de ilegalidades.
A fonte negou, ainda, que o BC tenha protelado ações no Panamericano por conta das eleições presidenciais.
"O calendário não foi determinado pelo Banco Central, foi determinado pela capacidade de se buscar adequada solução para o problema."