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BBC denuncia irregularidades trabalhistas de motoristas da Amazon

Um repórter trabalhou durante duas semanas como motorista e mostra que alguns carecem de direitos trabalhistas

Amazon: investigação foi realizada por um repórter da emissora pública britânica (Simon Dawson/Bloomberg)

Amazon: investigação foi realizada por um repórter da emissora pública britânica (Simon Dawson/Bloomberg)

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EFE

Publicado em 11 de novembro de 2016 às 09h52.

Última atualização em 8 de junho de 2020 às 15h37.

Londres - Os motoristas do Reino Unido que se encarregam de distribuir os pedidos da empresa de venda pela internet Amazon sofrem com condições trabalhistas "irregulares" e recebem menos do que o salário mínimo nacional, segundo informou nesta sexta-feira a "BBC".

Uma investigação realizada por um repórter da citada emissora pública britânica, que trabalhou durante duas semanas como motorista para uma das agências terceirizadas, acredita que esses trabalhadores devem entregar até 200 pacotes diários e carecem de alguns direitos trabalhistas.

A fim de cumprir com essa cota, alguns admitiram ter ultrapassado os limites de velocidade com seus veículos para se ajustar ao calendário de entregas ao mesmo tempo que outros disseram que a agência terceirizada não lhes permite ir ao banheiro, segundo a informação da "BBC".

Por sua vez, a Amazon afirmou que a empresa está "comprometida" a assegurar que os motoristas operem de forma segura e dentro da legalidade e que eles serão "compensados de forma justa".

O repórter da "BBC" obteve um trabalho para a agência "AHC", uma das muitas que fornecem trabalhadores à filial de entregas da companhia, Amazon Logistics, no sul da Inglaterra.

Durante as duas semanas nas quais esse jornalista esteve contratado na cidade inglesa de Bristol, recebeu dessa agência uma taxa fixa de 110 libras (127 euros) por rota ou pacotes de entregas completos por jornada.

Segundo sua versão, um supervisor da agência chegou a comentar que não devia se preocupar com questões como usar cinto de segurança pois "a polícia não para os motoristas de entregas".

Outros colegas diziam que deviam "urinar em garrafas" por não contar com descansos para ir ao banheiro.

Segundo a "BBC", por três dias de trabalho na primeira semana, o redator ganhou 93,47 libras (108,5 euros) uma vez deduzidos o aluguel opcional de uma caminhonete por semana e o seguro, o que equivale a 2,59 libras (2,93 euros) por hora, quantidade que está abaixo do salário mínimo nacional de 7,20 libras (8,3 euros).

Na segunda semana, o repórter recebeu 4,76 libras (5,52 euros) por hora por quatro dias trabalhistas, segundo isto.

O ex-motorista Charlie Chikaviro afirmou ao canal que a pressão sobre as entregas de pacotes o obrigava a dirigir mais rápido do que o permitido pela lei.

"Como trabalhadores independentes de nossas provedores de entregas de pedidos, os motoristas fazem as entregas a seu próprio ritmo, tiram descansos por conta própria e podem escolher a rota sugerida ou a sua própria", afirmou a Amazon em comunicado.

A empresa de compras pela internet indicou que espera que aos motoristas seja pago um mínimo de 12 libras (13,90 euros) por hora "antes de bonificações e incentivos".

A Amazon requer que as provedores assegurem que seus motoristas contem com as licenças pertinentes e seguros e se trabalhem dentro de "todas as leis de tráfego e de segurança".

Durante os passados seis meses, os motoristas conduziram uma média diária de 8,5 horas e estiveram em operação durante 9,1 horas.

A companhia AHC em Oxford rejeitou as acusações da "BBC" ao considerar que estão "baseadas em exemplos isolados ocorridos há mais de um ano". EFE

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