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Bancos brasileiros crescem em Miami para acompanhar clientes

Brasileiros ricos que procuram escapar do seu país têm feito de Miami seu destino preferido, e alguns dos maiores bancos do Brasil estão com o mesmo fascínio


	Vista de Miami: Itaú e BTG são alguns dos que estão investindo em Miami para acompanhar clientes brasileiros ricos
 (Joe Raedle/Getty Images)

Vista de Miami: Itaú e BTG são alguns dos que estão investindo em Miami para acompanhar clientes brasileiros ricos (Joe Raedle/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 23 de abril de 2015 às 21h03.

Brasileiros ricos que procuram escapar da recessão, dos escândalos de corrupção e da turbulência política têm feito de Miami seu destino preferido.

Agora, alguns dos maiores bancos do país estão com o mesmo fascínio.

O Itaú Unibanco Holding SA, que é o patrocinador principal do torneio de tênis de Miami, tem como meta alcançar US$ 12 bilhões em ativos sob gestão em private banking na cidade norte-americana até dezembro, aumento de 9 por cento.

O Grupo BTG Pactual está abrindo uma unidade de gestão de ativos na cidade do sul da Flórida e a XP Investimentos CCTVM SA, que criou um escritório em Miami no ano passado, está contratando funcionários.

“Toda semana recebo uma ligação de algum brasileiro tentando encontrar uma forma de viver em Miami”, disse Carlos Gribel, chefe de renda fixa latino-americana da Andbanc Brokerage, em entrevista em São Paulo no mês passado. “No Brasil, pessoas de alta renda precisam de carro blindado e segurança. Em Miami, eles podem viver e passar suas férias mais livremente, mostrando seus barcos, carros de moda e casas”.

Essas pessoas vão precisar de gestores de suas fortunas por perto. O Itaú, que expandiu a equipe da corretora e da área de private banking em Miami em cerca de 15 por cento nos últimos três anos, para 160 pessoas, está contratando mais cinco pessoas em 2015, segundo Frances Sevilla-Sacasa, responsável pela unidade. A XP tem cerca de 20 funcionários em Miami e planeja contratar mais cinco neste ano, segundo Bernardo Amaral, sócio. O BTG preferiu não comentar.

Os bancos brasileiros que estão crescendo na Flórida encontram o caminho aberto deixado pela saída de concorrentes internacionais.

RBC, Barclays

O Royal Bank of Canada decidiu fechar sua divisão de gestão de fortunas na América Latina, incluindo seus negócios em Miami, começando em 2013, porque as taxas de juros baixas internacionais e os custos crescentes impedem o banco de cumprir suas metas de desempenho, disse Claire Holland, porta-voz do banco com sede em Toronto.

O Barclays Plc, que tem sede em Londres, fechou o private banking em Miami como parte da estratégia de focar em outros 70 mercados, disse a porta-voz Kerrie Cohen em um comunicado enviado por e-mail. O BNP Paribas SA, maior banco da França, disse no ano passado que venderia sua unidade de private banking em Miami.

A XP, cujos clientes de gestão de riquezas têm pelo menos US$ 200.000 para investir com a firma, capitalizou com essas saídas, abocanhando clientes e funcionários de concorrentes que foram embora da cidade, disse Amaral.

No início deste mês, a XP contratou Tulio Gargantini e Gabriel Jafet, ambos ex-executivos do RBC e do Barclays, como diretores dos negócios de gestão de riqueza em Miami.

O Itaú, cujos clientes da divisão de gestão de riquezas em Miami geralmente contam com mais de US$ 1 milhão em ativos líquidos, expandiu suas operações na cidade em 2006, com a aquisição do BankBoston, que era do Bank of America Corp., e em 2007, com a compra dos ativos latino-americanos de private-banking do ABN Amro Bank NV em Miami.

Mais recentemente, o Itaú transferiu sua operação de private banking de Luxemburgo para a Suíça e a Miami. O banco possui cerca de US$ 20 bilhões em ativos sob gestão fora do Brasil.

“Os brasileiros descobriram que Miami é um lugar muito interessante para morar, passar férias, ter uma segunda casa”, disse Sevilla-Sacasa. “Algumas pessoas estão fazendo negócios por aqui e trazendo suas famílias para que se tornem residentes”.

Residentes americanos

O Itaú não pode trabalhar com clientes residentes nos Estados Unidos hoje por questões regulatórias, mas poderá mudar tudo isso no futuro se a empresa decidir realizar ajustes em resposta ao aumento da demanda.

“Muitos clientes nossos têm apartamento ou casa em Miami e passam um tempo na Flórida, mas não um tempo suficiente para serem considerados residentes americanos”, disse Sevilla-Sacasa. “Isso pode mudar no futuro”.

A taxa de criminalidade do Brasil pode convencer mais pessoas a fazerem a mudança.

O país teve 23,7 homicídios para cada 100.000 moradores em 2013, segundo os dados mais recentes do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, enquanto nos EUA a taxa foi de 4,5, segundo o FBI.

No Estado de São Paulo, o mais rico do país, os casos de roubos aumentaram 21 por cento em 2014, para 309.948, número mais elevado dos últimos 14 anos, enquanto os homicídios caíram 3,4 por cento, para 4.294, segundo a Secretaria Estadual de Segurança.

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