Banco Pan vê 2016 difícil e impacto maior da alta dos juros
O Banco Pan, que tem como principais acionistas o BTG Pactual e a Caixa, será mais afetado pelo cenário econômico do que a média, diz presidente
Da Redação
Publicado em 12 de janeiro de 2016 às 17h55.
São Paulo - O Banco Pan , que tem como principais acionistas o BTG Pactual e a Caixa Econômica Federal , será mais afetado pelo cenário econômico do que a média do sistema bancário no Brasil por ser mais dependente de operações de crédito, disse o presidente da instituição, José Luiz Acar Pedro.
"Apesar de gerarmos receita crescente com serviços como consórcios e cartão de crédito, somos um banco de crédito, que vai continuar sendo nosso carro-chefe por um bom tempo", disse Acar Pedro em entrevista à Reuters.
"(A crise econômica) estruturalmente não nos afeta. O problema é que o juro mais alto acaba refletindo no ritmo da carteira de crédito", afirmou. O estoque de crédito do Banco Pan subiu 9,76 por cento em 12 meses até setembro, dado mais recente disponível. Isso é o dobro do avanço de 4,9 por cento do crédito livre do mercado no mesmo período, segundo números do Banco Central.
Desde que teve o controle comprado pelo BTG Pactual, em 2011, após uma fraude contábil que quase o quebrou, o Banco Pan vem alternando lucro e prejuízo, diante dos esforços para equilibrar a operação em meio à desaceleração da economia brasileira.
Diferentemente dos grandes bancos do país, que têm tido as receitas cada vez mais ligadas a tarifas cobradas por serviços, o Banco Pan depende fortemente de áreas como financiamento automotivo e consignado, que juntos respondiam por mais de 60 por cento da carteira do banco de 18 bilhões de reais no fim de setembro.
"O ano de 2016 vai ser um ano bem difícil e nosso resultado dependerá, em parte, do cenário econômico", disse o presidente do Pan.
Os comentários de Acar Pedro, um ex vice-presidente do Bradesco, evidenciam os maiores desafios dos bancos brasileiros, dos médios em particular, para lidar com um ciclo prolongado de fraca atividade econômica, inflação alta e mercado praticamente fechado para captação de recursos.
O setor automotivo, por exemplo, se retraiu ao menor nível em cerca de uma década em 2015. E a expectativa da Anfavea, associação das montadoras, é de que a indústria automotiva brasileira terá em 2016 o quarto ano seguido de contração.
Os prognósticos de um 2016 difícil também vêm no momento em que o mercado aposta em nova alta do juro básico da economia, hoje em 14,25 por cento, no maior patamar em quase uma década. O Banco Central define na quarta-feira a nova Selic e a aposta majoritária é de alta de 0,5 ponto percentual.
A exemplo dos rivais maiores, o Banco Pan vem registrando aumento dos níveis de inadimplência e maiores despesas com provisões para perdas com calotes. Para Acar Pedro, dado o cenário adverso, os números de calotes do banco têm até surpreendido positivamente.
O Banco Pan tem conseguido lidar com a pressão por funding recebendo recursos da Caixa, que tem 49 por cento das ações votantes da instituição financeira.
Ao mesmo tempo, para evitar ter que arcar com maiores exigências de capital, o Banco Pan tem repassado boa parte da geração de novos financiamentos. Só no terceiro trimestre, foram cerca de 3 bilhões de reais em crédito consignado e automotivo repassados.
"Conseguimos originar bastante e ceder algumas carteiras para a Caixa e para o mercado", disse o executivo.
Esses e outros ajustes operacionais, incluindo nos instrumentos de cobrança, permitiram ao Banco Pan melhorar seu resultado em 2015.
Em nove meses até setembro, o grupo teve um prejuízo líquido de 25,6 milhões de reais, ante resultado também negativo de 218,6 milhões de reais um ano antes. Não bastasse a expectativa de baixa atividade no crédito, a turbulência que afetou o BTG Pactual desde novembro, com a prisão do fundador André Esteves, tem multiplicado rumores de venda do controle do Banco Pan.
Em dezembro, o BTG Pactual afirmara que nenhum documento havia sido assinado referente à potencial venda do Banco Pan.
Acar Pedro, que já na condição de sócio do BTG Pactual assumiu a presidência do então Banco Panamericano, em 2011, evitou falar sobre uma potencial venda do Pan, limitando-se a afirmar que o tema diz respeito apenas aos controladores.
São Paulo - O Banco Pan , que tem como principais acionistas o BTG Pactual e a Caixa Econômica Federal , será mais afetado pelo cenário econômico do que a média do sistema bancário no Brasil por ser mais dependente de operações de crédito, disse o presidente da instituição, José Luiz Acar Pedro.
"Apesar de gerarmos receita crescente com serviços como consórcios e cartão de crédito, somos um banco de crédito, que vai continuar sendo nosso carro-chefe por um bom tempo", disse Acar Pedro em entrevista à Reuters.
"(A crise econômica) estruturalmente não nos afeta. O problema é que o juro mais alto acaba refletindo no ritmo da carteira de crédito", afirmou. O estoque de crédito do Banco Pan subiu 9,76 por cento em 12 meses até setembro, dado mais recente disponível. Isso é o dobro do avanço de 4,9 por cento do crédito livre do mercado no mesmo período, segundo números do Banco Central.
Desde que teve o controle comprado pelo BTG Pactual, em 2011, após uma fraude contábil que quase o quebrou, o Banco Pan vem alternando lucro e prejuízo, diante dos esforços para equilibrar a operação em meio à desaceleração da economia brasileira.
Diferentemente dos grandes bancos do país, que têm tido as receitas cada vez mais ligadas a tarifas cobradas por serviços, o Banco Pan depende fortemente de áreas como financiamento automotivo e consignado, que juntos respondiam por mais de 60 por cento da carteira do banco de 18 bilhões de reais no fim de setembro.
"O ano de 2016 vai ser um ano bem difícil e nosso resultado dependerá, em parte, do cenário econômico", disse o presidente do Pan.
Os comentários de Acar Pedro, um ex vice-presidente do Bradesco, evidenciam os maiores desafios dos bancos brasileiros, dos médios em particular, para lidar com um ciclo prolongado de fraca atividade econômica, inflação alta e mercado praticamente fechado para captação de recursos.
O setor automotivo, por exemplo, se retraiu ao menor nível em cerca de uma década em 2015. E a expectativa da Anfavea, associação das montadoras, é de que a indústria automotiva brasileira terá em 2016 o quarto ano seguido de contração.
Os prognósticos de um 2016 difícil também vêm no momento em que o mercado aposta em nova alta do juro básico da economia, hoje em 14,25 por cento, no maior patamar em quase uma década. O Banco Central define na quarta-feira a nova Selic e a aposta majoritária é de alta de 0,5 ponto percentual.
A exemplo dos rivais maiores, o Banco Pan vem registrando aumento dos níveis de inadimplência e maiores despesas com provisões para perdas com calotes. Para Acar Pedro, dado o cenário adverso, os números de calotes do banco têm até surpreendido positivamente.
O Banco Pan tem conseguido lidar com a pressão por funding recebendo recursos da Caixa, que tem 49 por cento das ações votantes da instituição financeira.
Ao mesmo tempo, para evitar ter que arcar com maiores exigências de capital, o Banco Pan tem repassado boa parte da geração de novos financiamentos. Só no terceiro trimestre, foram cerca de 3 bilhões de reais em crédito consignado e automotivo repassados.
"Conseguimos originar bastante e ceder algumas carteiras para a Caixa e para o mercado", disse o executivo.
Esses e outros ajustes operacionais, incluindo nos instrumentos de cobrança, permitiram ao Banco Pan melhorar seu resultado em 2015.
Em nove meses até setembro, o grupo teve um prejuízo líquido de 25,6 milhões de reais, ante resultado também negativo de 218,6 milhões de reais um ano antes. Não bastasse a expectativa de baixa atividade no crédito, a turbulência que afetou o BTG Pactual desde novembro, com a prisão do fundador André Esteves, tem multiplicado rumores de venda do controle do Banco Pan.
Em dezembro, o BTG Pactual afirmara que nenhum documento havia sido assinado referente à potencial venda do Banco Pan.
Acar Pedro, que já na condição de sócio do BTG Pactual assumiu a presidência do então Banco Panamericano, em 2011, evitou falar sobre uma potencial venda do Pan, limitando-se a afirmar que o tema diz respeito apenas aos controladores.