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Aumento de produção deve concentrar investimentos no setor têxtil

Marcada por fusões e aquisições nos últimos 15 anos, a indústria têxtil muda a tônica de seus investimentos e se concentra na ampliação da capacidade instalada

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h41.

Marcada por um forte processo de consolidação nos últimos 15 anos, a indústria têxtil brasileira deve concentrar seus investimentos, a partir de agora, na expansão de sua capacidade instalada. "Não existe um limite para a concentração das empresas do setor, mas a tendência atual é de modernizar e ampliar as plantas instaladas", afirma Marcelo Prado, diretor do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi) e coordenador de uma pesquisa sobre a evolução da cadeia têxtil entre 1990 e 2004.

Prado lembra que, nos últimos sete anos, as empresas do setor apresentaram contínua queda do nível de investimentos, fato que está se revertendo neste ano. Com a retomada da economia e o crescimento do mercado interno, impulsionado sobretudo pelo crédito e pelo aumento da massa salarial, o setor têxtil tem ocupado de 85% a 90% de sua capacidade instalada, de acordo com o mês e o segmento considerado. "As maiores taxas de ocupação estão no início da cadeia produtiva, como na fiação e na tecelagem", afirma Prado.

Segundo o Iemi, a indústria têxtil brasileira é bastante pulverizada, contando com mais de 2 500 empresas instaladas no setor, entre sócios e não-sócios da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). Mas as fusões e aquisições verificadas entre 1990 e 2004 determinaram uma concentração de mercado. Aproximadamente 200 empresas, entre fabricantes de fios, tecelagens, malharias e confecções, representam um faturamento anual superior a 20 bilhões de reais e empregam cerca de 230 mil pessoas.

Consolidação

Quanto mais próximo do início da cadeia produtiva, maior foi o processo de concentração das empresas. O número de unidades fabris, de 1990 a 2004, diminuiu 69,6% no segmento de fiação; 69,8%, na tecelagem; e 32,4% na malharia. O único segmento que cresceu, de acordo com o Iemi, foi o de confecções um incremento de 23,9%. Para Prado, a redução das unidades marcou a estratégia das maiores companhias de expandir seus negócios por meio da aquisição das menores, a fim de ganhar escala. Já o número de confecções cresceu pelo estímulo das grandes empresas para terceirizar parte ou fases de sua produção a parceiros menores.

Os dados constam da 5ª edição do relatório setorial que o Iemi elabora, anualmente, em parceria com a Abit. O Instituto divulgou apenas parte dos dados mais recentes. Mas uma análise das informações mais antigas pode ilustrar o processo de consolidação do setor. No segmento de fiação, por exemplo, o número de fábricas caiu de 1 123 para 360 entre 1991 e 2001. No mesmo período, o número de tecelagens baixou de 1 450 para 425; e o de malharias, de 3 685 para 3 250. Ao mesmo tempo, as confecções saltaram de 13 394 para 18 438 empresas.

Mais difícil

A proliferação de confecções, aliás, é apontada por Prado como uma das principais dificuldades para aumentar as exportações de produtos têxteis acabados. Pequenas e com baixo grau de articulação entre si, as confecções apresentam uma capacidade limitada de penetrar no mercado externo. O resultado é que sua participação sobre o volume de exportações praticamente não mudou entre 1990 e 2004. As confecções responderam por 34% dos 1,243 bilhão de dólares exportados pela indústria têxtil em 1990. No ano passado, ficaram com 35% dos 2,079 bilhões de dólares.

"Em valores absolutos, as confecções acompanharam o crescimento das exportações, mas não conseguiram ampliar sua participação percentual na pauta do setor", afirma Prado. Quanto mais consolidado é o elo da cadeia, maior foi sua evolução nas exportações. O segmento de tecidos, por exemplo, elevou sua fatia de 20% para 28% das vendas externas de têxteis no mesmo período. Já as fibras e filamentos (sobretudo as de algodão) cresceram de 24% para 29%.

"É preciso buscar alternativas para que as confecções exportem, como parcerias com grandes empresas ou cooperativas", diz Prado. Incentivar as confecções seria um modo, ainda, de reequilibrar a balança comercial do setor. De acordo com o Iemi, a abertura comercial reduziu o saldo comercial brasileiro de 774 milhões de dólares, em 1990, para 657 milhões no ano passado.

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