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Aquisição da Lorillard é maior negócio feito por mulheres

A transação também marcou a maior fusão no setor de cigarros em décadas

Cigarros Camel, da Reynolds American, ao lado da marca Newport, da Lorillard (Luke Sharrett/Bloomberg)

Cigarros Camel, da Reynolds American, ao lado da marca Newport, da Lorillard (Luke Sharrett/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 16 de julho de 2014 às 15h00.

Nova York - Vocês já percorreram um longo caminho, mulheres CEO. Quando a Reynolds American Inc. anunciou os planos para comprar a Lorillard Inc. por cerca de US$ 25 bilhões, ontem, isso marcou não só a maior fusão no setor de cigarros em décadas.

A transação também foi o maior acordo já realizado por uma mulher: a CEO da Reynolds, Susan Cameron.

O acontecimento representa um marco para executivas mulheres, mesmo que tenha demorado a acontecer, disse Ashleigh Shelby Rosette, professora da Escola de Negócios Fuqua, da Universidade Duke, em Durham, Carolina do Norte.

Embora as mulheres representem 50 por cento da força de trabalho, elas respondem por apenas cerca de 5 por cento dos principais líderes, disse ela. Isso significa que o fato de elas estarem em posição de executar um negócio de sucesso não é frequente.

“O progresso acontecendo”, disse ela. “Isso também ressalta quão longe temos que ir”.

Cameron, que já havia atuado como CEO da Reynolds anteriormente, de 2004 a 2011, voltou ao cargo neste ano e foi fundamental para abrir caminho para a aquisição da Lorillard após negociações intermitentes.

Quando a fusão for concluída, o que está previsto para ocorrer no primeiro semestre do ano que vem, Cameron ficará à frente da empresa combinada em Winston-Salem, Carolina do Norte, EUA.

Seu trabalho transformou negociações sem foco em “uma transação muito atraente que nosso conselho pôde apoiar”, disse o CEO da Lorillard, Murray Kessler, em uma entrevista. “Ela foi extremamente útil ao tornar as coisas mais claras”.

Virginia Slims

As mulheres têm uma história complicada com a indústria do tabaco, com os cigarros servindo como símbolos de estigma e, depois, de poder. Nos anos 1960 e 1970, o marketing do setor começou a explorar as aspirações das mulheres por meio da divulgação de cigarros como marcadores de modernidade e independência.

A marca Virginia Slims, da Philip Morris, caracterizou essa abordagem com seu slogan “You’ve come a long way, baby” (“Você já percorreu um longo caminho, meu bem”).

Antes dessa campanha dos anos 1970, as taxas de fumantes nos EUA eram muito mais elevadas entre os homens do que entre as mulheres, disse Karen Messer, chefe da divisão de bioestatísticas e bioinformática da Universidade da Califórnia, em San Diego.

“Foi com o marketing voltado para as mulheres que as taxas de fumantes se equilibraram entre os dois gêneros”, disse Messer. Isso continua assim fora dos EUA, disse ela. “A indústria do tabaco está fazendo marketing com o tema do empoderamento da mulher e com a igualdade das mulheres no mundo em desenvolvimento”.

Cameron é uma entre apenas 25 CEOs mulheres na lista de empresas Fortune 500. Barbara Rentler, da Ross Stores Inc., foi a que mais recentemente entrou na lista, no mês passado.

As mulheres são frequentemente colocadas como líderes de empresas que necessitam de mudanças ou de gerenciamento de crise, uma situação que Rosette chama de “penhasco de vidro”. Isso significa que até os CEOs mais capazes podem ter dificuldades para ser bem-sucedidos.

A indústria do cigarro enfrenta o duplo desafio das vendas em queda e do aperto das regulações, o que a coloca nessa categoria. A Imperial Tobacco Group Plc, uma empresa britânica que herdará algumas das marcas da Lorillard como parte do acordo da Reynolds, também é comandada por uma mulher.

“A indústria do cigarro é daquelas nas quais você realmente não sabe o que irá acontecer no futuro”, disse Rosette. “Por isso, ter uma mulher no comando e ser colocada na posição de penhasco de vidro é algo que já vimos antes”.

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