Sinqia: fundada em São Paulo em 1996, a empresa de tecnologia para o mercado financeiro abriu capital na bolsa brasileira em 2013 (Sinqia/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 10 de março de 2021 às 06h05.
Em um momento em que novas empresas de tecnologia chegam à B3, uma veterana da bolsa brasileira volta a chamar a atenção dos analistas. Ao final do pregão nesta quarta-feira, 10, todos os olhos do mercado estarão nos resultados do quarto trimestre de 2020 da empresa de softwares financeiros Sinqia, fundada em 1996 e que está na bolsa desde 2013. Na última terça-feira, 9, as ações da companhia terminaram o dia precificadas a 19,36 reais, 13,6% a mais que 12 meses atrás.
Com mudanças estruturais no ambiente financeiro brasileiro feitas pelo Banco Central, como a implementação do Pix e do open banking, fornecedoras de software para instituições financeiras e fintechs como a Sinqia vivem um bom momento. Longe da incerteza do começo da pandemia e surfando a onda da digitalização da economia, as empresas de tecnologia se veem diante de um mar de possibilidades de crescimento.
No caso da Sinqia, sua principal aposta é na consolidação do setor em que atua e é líder de mercado com cerca de 6% de market share. No último ano, a companhia reformulou sua estratégia de fusões e aquisições e passou a mirar empresas mais novas, com forte perfil de crescimento, deixando de lado as empresas menores com pouca participação de mercado. As últimas companhias adquiridas foram o Itaú Soluções Previdenciárias, por 82 milhões de reais, e a Fromtis, por 19 milhões.
A mudança de direção agradou os analistas. No final de fevereiro, o banco BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME), revisou sua tese de investimento e voltou a indicar a compra do papel. Em 2021, o banco acredita que a companhia possa chegar a uma receita líquida de 294 milhões, 3,5 vezes mais que em 2016. A leitura dos analistas é que, com aquisições de empresas estratégicas, a Sinqia possa mais uma vez dobrar de tamanho nos próximos três ao quatro anos e aumentar seu market share.
Os principais desafios dessa tese são as eventuais dificuldades de integração entre a Sinqia e as empresas adquiridas, além das necessidades de capital para seguir comprando companhias relevantes.
No último balanço divulgado em novembro, a companhia teve lucro líquido de 851.000 reais, cerca de 25,8% menos que no mesmo período do ano anterior. A receita líquida e o lucro bruto, por outro lado, cresceram, respectivamente, 13,8% e 11% na comparação com o mesmo trimestre de 2019. Na época, a Sinqia atribuiu à pandemia os resultados.
“Essa redução reflete os diversos esforços para contenção dos gastos no momento de incerteza que se apresentava nos dois primeiros trimestres do ano. Agora, esses reflexos se revertem em uma importante contribuição para o ganho de lucratividade da empresa", escreveu a Sinqia.