Negócios

Após prometer fortuna a jardineiro, herdeiro da Hermès diz que dinheiro 'sumiu'

Nicolas Puech, herdeiro da Hermès, vê sua fortuna evaporar e acusa ex-gestor de fraude, mas tribunal suíço rejeita alegações

Logo da Hermès (Christian Hartmann/File Photo/Reuters)

Logo da Hermès (Christian Hartmann/File Photo/Reuters)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 31 de julho de 2024 às 09h15.

Nicolas Puech, um dos herdeiros da fortuna bilionária da Hermès, está no centro de uma disputa judicial após alegar que perdeu sua fortuna estimada em €12 bilhões (aproximadamente R$ 73 bilhões) devido a uma suposta má administração de seu ex-gestor financeiro. Puech, de 81 anos, levou o caso aos tribunais suíços, mas suas alegações foram rejeitadas, deixando dúvidas sobre o paradeiro de sua significativa participação acionária na Hermès. As informações são da Business Insider.

A decisão do tribunal de apelação de Genebra, na Suíça, emitida em 12 de julho, não encontrou evidências suficientes para sustentar as acusações de que o consultor financeiro Eric Freymond teria sido responsável pela perda da fortuna de Puech. De acordo com documentos do tribunal, Puech alegou que não possui mais as cerca de 6 milhões de ações da Hermès que anteriormente controlava, o que representava a maior participação individual na empresa, conhecida por seus icônicos produtos de luxo como as bolsas Birkin e os lenços de seda coloridos.

A Hermès, fundada em 1837, expandiu-se ao longo dos anos para se tornar um dos maiores nomes da indústria de luxo global, elevando a família Hermès ao status de uma das mais ricas da Europa, com um patrimônio líquido estimado em cerca de R$ 878,3 bilhões, segundo a Bloomberg.

Contexto da disputa

A batalha judicial entre Puech e Freymond tem suas raízes em um episódio ocorrido há mais de uma década, quando o magnata do luxo Bernard Arnault, fundador da LVMH, tentou assumir o controle da Hermès. Embora Arnault tenha falhado em sua empreitada, Puech tornou-se uma figura controversa dentro da própria família devido ao papel que teria desempenhado na aquisição disfarçada de ações da Hermès por Arnault.

O destino da participação de Puech, que correspondia a aproximadamente 5,7% da empresa, permaneceu um mistério desde o confronto com Arnault, que culminou em 2014 com a decisão de Puech de deixar o conselho de supervisão da Hermès.

De acordo com o tribunal suíço, Puech confiou a gestão de sua fortuna a Freymond ao longo de 24 anos, período durante o qual uma parte de suas ações foi vendida. No entanto, Puech alega que não estava ciente da venda de todas as ações e que Freymond, que gerenciava suas contas bancárias e recebia seus extratos, seria o responsável pela perda de seu patrimônio.

A corte, no entanto, determinou que Puech não forneceu provas claras de fraude ou má gestão por parte de Freymond, concluindo que a confiança "cega" de Puech no consultor financeiro não constitui evidência de desonestidade.

Implicações

A decisão judicial deixa em aberto o destino da fortuna de Puech, que no ano passado causou polêmica ao iniciar procedimentos administrativos para adotar seu jardineiro, com a intenção de deixá-lo como herdeiro de parte de seus bens. Além disso, a decisão também afetou a Fundação Isocrates, criada por Puech, que teve sua concessão de novas doações adiada.

Com a rejeição de suas acusações contra Freymond, Puech enfrenta agora a difícil tarefa de reconstruir sua fortuna e reorganizar seu planejamento sucessório. A ausência de clareza sobre o paradeiro das ações da Hermès levanta questões sobre o futuro da participação de Puech na empresa e sobre como essa situação poderá afetar as dinâmicas dentro da família Hermès.

Acompanhe tudo sobre:LuxoHermèsSuíça

Mais de Negócios

Segmento de distribuição de energia elétrica irá investir R$ 52 bilhões em modernização até 2027

Do café a ouro branco: A empresa baiana que aposta no açúcar e busca faturar R$ 500 milhões em 2024

Com BYD e Huawei, cresce presença de marcas chinesas em Dubai

Booking.com é multado em R$ 2,5 bi por práticas desleais à concorrência na Espanha

Mais na Exame