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Após deixar esporte da Globo, Ivan Moré entra em negócio de R$ 45 milhões com influencers do esporte

Brasil é o país com maior número de criadores de conteúdo no Instagram: são mais de 500 mil

Ivan Moré, sócio da Resenha Futebol Clube: empresa é uma agência para páginas de esportes na internet. Olimpíadas estão no radar (Resenha Futebol Clube/Divulgação)

Ivan Moré, sócio da Resenha Futebol Clube: empresa é uma agência para páginas de esportes na internet. Olimpíadas estão no radar (Resenha Futebol Clube/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 13 de dezembro de 2023 às 15h43.

Última atualização em 14 de dezembro de 2023 às 15h38.

Não há lugar no mundo com mais influenciadores digitais no Instagram do que no Brasil. São 500.000 criadores de conteúdo com mais de 10.000 seguidores na rede social de Mark Zuckerberg, de acordo com um levantamento da Nielsen.

Se considerar todas as redes sociais, são mais de 10 milhões de brasileiros criando conteúdo na internet, o segundo maior número, só atrás dos Estados Unidos. Ainda assim, aqui, os usuários são mais engajados com esses artistas do que em terras norte-americanas.

Os fartos números são o prato cheio para o Brasil despontar como um dos mais engajados economicamente no setor chamado de marketing de influência. Segundo pesquisa realizada pela Influencer Marketing Hub, o investimento nesse tipo de marketing cresceu 711% de 2016 para 2021, saltando de 1,7 bilhão de dólares para 13,8 bilhões de dólares no respectivo período.

São tantas páginas, conteúdos e influenciadores coexistindo nas redes sociais que há empresas que nasceram, justamente, para organizar esse portfólio todo. São agências de influenciadores e empresas digitais, que pensam no conteúdo e na comercialização de publicidade para grandes contas em plataformas como Instagram e Youtube.

Talvez a mais forte delas é a Play9, que cuida de cerca de 100 influenciadores, entre artistas consolidados como Angélica e Fátima Bernardes, e páginas nascidas na internet como “Malhassaum” e “Um Filme me Disse”. Na lista de grandes empresas há também a Mynd, que cuida das contas de artistas como Babu Santana, Caio Castro e Preta Gil.

Agora, há uma nova surgindo no mercado, focada especificamente em páginas de futebol. É a Resenha Digital Clube, que está completando um ano de atuação. Um dos nomes por trás dela é o jornalista Ivan Moré, que ficou conhecido por apresentar programas esportivos como Globo Esporte e Esporte Espetacular, e agora é sócio da Resenha Digital Clube.

A empresa já cuida de 50 páginas de esporte (que juntas, somam 40 milhões de seguidores) do ponto de vista jurídico, administrativo e comercial.

“O ano de 2023 tem sido excelente para nós”, afirma Gilberto Zurita, CEO da empresa. “Estamos puxando um crescimento bastante expressivo para 2024 porque temos Olimpíadas no meio do caminho, que vai puxar bastante o mercado”.

A expectativa da empresa é faturar 45 milhões de reais no ano que vem.

Como a Resenha Digital Clube funciona

A empresa funciona como um hub de administração de páginas de esporte nas redes sociais. Ou seja: os criadores criam, de fato, o conteúdo, mas a gestão de propagandas ou questões comerciais e jurídicas ficam sob responsabilidade da Resenha Futebol Clube.

Entre as páginas que a empresa representa estão:

  • Olimpíada Todos os Dias
  • Dona Lúcia
  • Gol Contra
  • Olé do Brasil

“Nossos clientes são as marcas que querem anunciar nessas páginas, mas trabalhamos muito com o desenvolvimento desses canais”, diz o sócio Leandro Gléria. “Inclusive, os ajudamos a pensar em conteúdos para manter um padrão de qualidade que faça com que marcas queiram anunciar lá”.

A empresa fatura cobrando uma participação dos resultados das páginas. Entre clientes que a Resenha já atendeu estão marcas como Ambev, Clear, Claro, Magalu e Mercado Livre.

“No final do dia, somos a área comercial dessas páginas”, afirma Zurita. “Desenvolvemos a estratégia junto com o anunciante, qual o melhor modelo dentro daquele objetivo dele, e temos um modelo de remuneração pré-estabelecido. Conseguimos dar agilidade, trazer melhor valor e executar as campanhas de melhor forma”.

Como Ivan Moré entrou no negócio

A ideia de convidar Moré para o negócio veio dos sócios fundadores. Eles queriam um nome para ajudar a dar mais visibilidade para o projeto e, ao mesmo tempo, ajudar as páginas a terem uma identidade de linguagem.

“Sobre os influenciadores, cada um tem sua linguagem, sua característica e seu público construído de forma orgânica”, diz Moré. “E é um público muito engajado, o que garante muita escala para a Resenha”.

Na prática, Ivan dá consultorias de comunicação para as páginas, ajudando na orientação sobre os conteúdos e até evitando que as páginas sejam, de alguma forma, canceladas.

O pulo do gato, segundo ele, foi profissionalizar o segmento, dando cara de um produto de mídia. “Damos todo suporte para o influenciador criar o conteúdo, sem perder a qualidade dele”.

Quais as metas para 2024

Para atingir as receitas de 45 milhões de reais esperadas, a equipe está desenvolvendo novos produtos que serão oferecidos para as áreas comerciais de empresas. Um deles é focado somente em comunicação sobre assuntos do Campeonato Paulista. A grande aposta, claro, são as Olimpíadas de Paris.

“No ano que vem, também teremos áreas comerciais que vão atender uma única marca, um único cliente, e entregar soluções que eles querem”, diz Gléria.

Além disso, novas páginas podem ser agregadas no portfólio da Resenha no próximo ano. Na lista do que é avaliado para eles escolherem adicionar um perfil no hub está o nível de engajamento, qualidade do conteúdo e performance comercial.

“E como temos Olimpíadas, vamos olhar também para páginas focadas em outros esportes que não futebol”, afirma Gléria.

Além de olhar para outros esportes, há mais um desafio no radar: a paridade de gênero no consumo de conteúdo. Hoje, 85% das pessoas que seguem as páginas administradas pela Resenha são homens. “Estamos abertos para a chegada de novos perfis que se comuniquem com o público feminino, é um caminho sem volta”, diz Moré.

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