Negócios

Após anos, Braskem e Petrobras chegam a acordo sobre nafta

Depois de mais de dois anos de indefinições e vários contratos de curto prazo, a Petrobras e a petroquímica Braskem chegaram a um acordo


	Petrobras: conclusão das negociações é esperada para ocorrer até terça
 (Vanderlei Almeida/AFP)

Petrobras: conclusão das negociações é esperada para ocorrer até terça (Vanderlei Almeida/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de dezembro de 2015 às 07h54.

São Paulo - Depois de mais de dois anos de indefinições e vários contratos de curto prazo, a Petrobras e a petroquímica Braskem chegaram a um acordo para fechar um novo contrato de longo prazo para o fornecimento de nafta - matéria-prima, derivada do petróleo, usada na fabricação de plásticos. O documento, no entanto, ainda não foi assinado.

A conclusão das negociações é esperada para ocorrer até terça-feira, data em que se encerra o mais recente aditivo assinado entre as duas empresas. Caso mantidas as tratativas em curso até o momento, a negociação trará algumas particularidades.

A Braskem propôs que a referência de preço europeia, conhecida como ARA, deixasse de ser utilizada, mas não obteve êxito. De igual maneira, sugeriu que o intervalo do preço nafta ficasse entre 90% e 110%, proposta igualmente não aceita.

Ainda assim, a companhia pode ser considerada vencedora da disputa com a Petrobras. Tudo porque, além de o preço do petróleo ser favorável à petroquímica neste momento, a Petrobras também não aplicará um prêmio de aproximadamente 6% sobre o preço ARA, como era desejo da estatal nos momentos de queda da cotação do petróleo.

A proposta que caminha para ser assinada é considerada o acordo possível neste momento. Ontem, o ministro de Minas e Energia Eduardo Braga revelou as condições do acerto.

A Braskem pagará 102% da referência ARA pela nafta importada pela Petrobras e 100% pelo insumo produzido localmente. Como a proporção entre nafta importada e nacional é equivalente, o preço a ser pago pela Braskem implicará em um prêmio de 1% sobre o valor praticado no mercado europeu.

Para se chegar a um consenso entre Petrobras e a Braskem houve uma intermediação do governo por meio dos ministério de Minas e Energia (MME) e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Os representantes das duas pastas estiveram ontem no Encontro Nacional da Indústria Química (Enaiq) e demonstraram otimismo em relação à assinatura do acordo. É possível que o novo contrato tenha validade de cinco anos, prorrogáveis por mais cinco anos.

Braga, do MME, fez questão de dizer que a diretoria da Petrobras tem um compromisso com a presidência e com o próprio ministério para que o novo acordo seja assinado até o dia 15 de dezembro. O tom de cobrança tem explicação: esta não seria a primeira vez que, após o ministro afirmar que o acordo seria assinado, a Petrobras voltou atrás na formalização do acordo.

Gatilho

Esta possibilidade ainda existe, afinal alguns pontos técnicos ainda estão em discussão.

É o caso, por exemplo, da criação de uma espécie de gatilho, um mecanismo que seria acionado quando o preço do petróleo alcança determinado patamar. Nesse caso, o petróleo mais valorizado seria benéfico para a Petrobras, mas reduziria a competitividade da Braskem em relação a petroquímicas que operam centrais petroquímicas abastecidas com gás natural. Ainda não está definido qual será o patamar para o acionamento do gatilho.

No último acordo de longo prazo, o mecanismo era representado pelo intervalo de preços estabelecido. Quando o petróleo estava mais valorizado, a Petrobras aceitava oferecer desconto de até 7,5% sobre o preço ARA. Quando a commodity estava em queda, e o ambiente era mais propício à Braskem, era o momento em que a petroquímica pagava um prêmio de até 5% sobre o valor europeu.

O sistema de intervalo de preços será interrompido, caso as condições em discussão se mantenham, por decisão da própria Petrobras.

A estatal manteve posição firme de não receber menos do que 100% da referência ARA principalmente após as investigações da Polícia Federal apontarem irregularidades na relação entre Petrobras e Odebrecht. A construtora é a principal acionista da Braskem, seguida pela estatal.

As negociações entre as duas partes ocorrem desde 2013, quando a estatal comunicou à Braskem que o acordo não seria prorrogado a partir de 2014. Desde então foram assinados aditivos com prazos máximos de seis meses. A incerteza sobre disponibilidade e preço da matéria-prima, contudo, levou as estrangeiras Synthos e Styrolution, duas empresas que haviam anunciado interesse em investir no Brasil, a suspenderem seus planos.

"A situação de indefinição de preço da nafta estava gerando adiamento dos investimentos. Precisamos garantir previsibilidade, sobretudo a indústrias de primeira e segunda gerações (do setor petroquímico) que dependem fundamentalmente de uma política que assegure previsibilidade e visão clara de custos", afirmou o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:BraskemCapitalização da PetrobrasCombustíveisEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEstatais brasileirasIndústria do petróleoPetrobrasPetróleoQuímica e petroquímica

Mais de Negócios

11 franquias mais baratas do que viajar para as Olimpíadas de Paris

Os planos da Voz dos Oceanos, nova aventura da família Schurmann para livrar os mares dos plásticos

Depois do Playcenter, a nova aposta milionária da Cacau Show: calçados infantis

Prof G Pod e as perspectivas provocativas de Scott Galloway

Mais na Exame