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Aos 24, ele transformou negócio falido da família em delivery japonês — e hoje fatura R$ 22 milhões

O engenheiro paranaense Raphael Koyama foi responsável por administrar a crise nos restaurantes de comida japonesa Matsuri. Hoje, negócio familiar opera em delivery e conta com franquias

Raphael Koyama, CEO da Matsuri To Go: "Desistir não era uma opção” (divulgação/Divulgação)

Raphael Koyama, CEO da Matsuri To Go: "Desistir não era uma opção” (divulgação/Divulgação)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 23 de outubro de 2023 às 08h35.

Última atualização em 23 de outubro de 2023 às 15h48.

Não estava nos planos do paranaense Raphael Koyama seguir o mesmo caminho empreendedor de seus pais e administrar os restaurantes de comida japonesa Matsuri.

Em 2019, o engenheiro civil trabalhava na startup Ecofood, criada por ele com a proposta de reduzir o desperdício de alimentos em estabelecimentos comerciais, quando descobriu que o negócio da família estava operando no negativo.

“No começo as dívidas eram estimadas em um milhão de reais, mas na verdade eram de quase 5 milhões de reais”, diz Raphael Koyama.

O jovem de 24 anos deixou o emprego na startup e passou a administrar os restaurantes da família no início de 2020. A rede Matsuri foi criada em 2003 e contava com três unidades e um modelo de contêiner quando a crise veio à tona.

O que Raphael não podia imaginar é que, em três anos, o Matsuri teria um novo modelo de negócio e sairia do negativo para um faturamento de mais de 22 milhões de reais.

“Eu sabia que precisava ajudar minha família. Apesar de ser novo, eu já tinha o conhecimento de gestão necessário para administrar a crise nos restaurantes. Desistir não era uma opção”, diz Koyama.

A crise nos restaurantes Matsuri

Os restaurantes da família Koyama já operavam no vermelho quando o lockdown da pandemia de covid-19 começou no Brasil. Bons de cozinha e atendimento, os pais, Claudio e Emiko, não estavam muito ligados à gestão, o que explica a crise vivida pelos restaurantes. "Muitos negócios familiares não tem uma gestão financeira adequada por conta da falta de formação administrativa dos empreendedores", diz Koyama.

Enquanto a família se virava para pagar as rescisões dos funcionários, já sob a gestão financeira de Raphael, eles conseguiram crédito com amigos e ex-chefe do jovem em seu primeiro emprego em uma construtora na região de Londrina, no Paraná. No total, eles conseguiram cerca de 150 mil reais para quitar as dívidas com fornecedores. Eles também venderam dois carros e o apartamento onde moravam.

“No começo de abril de 2020, eu projetei as finanças dos próximos trinta dias e percebi que, caso não tomasse alguma atitude, restariam apenas 10 mil reais do empréstimo”, diz o engenheiro.

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Para complementar as vendas do próprio Matsuri, eles começaram a vender marmitas brasileiras de maneira temporária, para não chegar ao ponto de restarem apenas 10 mil reais. O plano funcionou. Em dois meses, a família conseguiu juntar dinheiro suficiente para inaugurar o Matsuri To Go, em junho de 2020.

“Conseguimos dinheiro suficiente para comprar as primeiras embalagens, fazer o vídeo de inauguração, pagar o primeiro aluguel da casa e desocupar o apartamento para passarmos a morar na casa. Quando mudamos para a casa, lançamos o Matsuri To Go. Morávamos no andar de cima e trabalhávamos com o próprio delivery no andar de baixo”, conta.

O novo modelo de negócio

O delivery se tornou o principal canal de venda dos restaurantes durante a pandemia de covid-19. No Matsuri não foi diferente. Com as contas apertadas e restaurantes fechados, a família se desfez dos pontos físicos e começou a operar apenas no delivery. 

Com um ticket médio de R$ 82, a Matsuri To Go começou sua operação em junho de 2020 e foi bem recebida pelos consumidores da região de Londrina. "Começamos a operar no delivery com três funcionários, meus pais e eu. A expectativa era vender 30 mil no primeiro mês. Conseguimos vender 237 mil", diz o engenheiro.

Em 2020, no primeiro ano sob sua gestão, com a operação de delivery apenas em Londrina, o faturamento foi de 1,6 milhão de reais.

No ano seguinte, foram inauguradas unidades próprias em Arapongas, Apucarana e a primeira franquia em Ibiporã, e a receita saltou para quase 6 milhões de reais. A rede também desenvolveu em 2021 a cozinha central em Londrina para o abastecimento de todas as unidades da região.

A franquia do Matsuri To Go tem investimento inicial de 180 mil reais, faturamento médio anual de 2,6 milhões de reais e prazo de retorno a partir de 12 meses.

Em 2022, novas franquias foram inauguradas em:

  • Maringá
  • Umuarama
  • Campo Mourão
  • Cambé
  • Cascavel

Além disso, uma nova unidade de contêiner foi inaugurada em Apucarana. O faturamento no ano passado foi de 16 milhões de reais. 

Desde que assumiu as rédeas do negócio, Raphael conseguiu quitar boa parte das dívidas da família. A expectativa é zerar a dívida remanescente, em torno de 1,5 milhão de reais, até 2025. 

Raphael Koyama é CEO da Matsuri To Go e desde 2021 a rede conta com duas sócias: Maria Fernanda Canizares, responsável pelo desenvolvimento de produtos e da cozinha central, e Maria Clara Rocha, que criou a marca de poke da rede. "Meus pais seguem no negócio. Eles são diretores de lojas, cuidam de toda a parte de gestão de líderes", diz.

Para 2023, a expectativa é terminar o ano com 19 unidades. Com a grande maioria das unidades no Paraná, a Matsuri To Go quer crescer no interior de São Paulo -- e já tem algumas operações funcionando no estado. Até setembro, o faturamento foi de 22 milhões de reais. A rede de delivery japonês projeta terminar o ano em 35 milhões de reais.

Outra novidade mostra que o negócio familiar conseguiu contornar a crise. Ainda neste ano, a Matsuri vai voltar a ter uma unidade com salão em Londrina. 

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