Sala de aula da Anhanguera: companhia estima que projetos como o modelo de aula uma vez por semana e cursos 100 por cento online possam ajudar em resultados (Kiko Ferrite/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 17 de março de 2014 às 15h21.
Rio de Janeiro/São Paulo - A Anhanguera Educacional espera uma aceleração de seus resultados em 2014, enquanto aguarda a aprovação de sua fusão com a Kroton no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A rede de ensino privado, que espera captar de 10 mil a 15 mil alunos este ano, prevê um aumento de 15 por cento na receita líquida em 2014, enquanto para o Ebitda (sigla em inglês para lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização), a expectativa é de que alcance 450 milhões de reais até dezembro.
A Anhanguera estima que projetos como o modelo de aula uma vez por semana e cursos 100 por cento online - que devem chegar a 10 por cento de sua receita este ano - possam ajudar nestes resultados, inclusive no incremento da margem bruta.
A companhia aguarda, ainda, a aprovação de 223 polos este ano para o ensino à distância, que segundo o presidente-executivo, Roberto Valério, devem estar operacionais "em algum momento de 2015", disse ele em teleconferência.
Outras frentes de maior atuação da companhia este ano são o lançamento de cursos para concursos regionais, no segundo semestre, implantação de novos cursos de graduação, além de continuidade na melhoria no preço médio cobrado dos alunos.
Neste ano, a adesão da companhia ao Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), do Governo Federal, também deve impulsionar os resultados, mas não está incluída no cálculo para a projeção de resultados em 2014.
Valério mencionou que a companhia trabalha para reduzir as provisão para devedores duvidosos (PDD) e as despesas, itens que afetaram diretamente o lucro da companhia especialmente no quarto trimestre.
Nesta segunda-feira, a rede de ensino privado divulgou resultados referentes ao período, em que o lucro recuou 84,4 por cento na comparação anual e ficou abaixo das estimativas de analistas.
"2013 não reflete o potencial de resultados da Anhanguera. 2014 vai ser um ano muito melhor, com certeza é só o começo. Se tem uma estratégia muito definida de melhoria operacional", afirmou o executivo.
O lucro foi de 2,7 milhões de reais, enquanto analistas previam um resultado de 30,2 milhões de reais.
Durante o trimestre, as despesas administrativas subiram 45,9 por cento, a 53,9 milhões de reais. Já as despesas de vendas subiram 19,8 por cento sobre o mesmo trimestre de 2012, a 67,8 milhões de reais, em função do aumento de 54 por cento do provisionamento com devedores duvidosos, que encerrou o trimestre em 39,8 milhões de reais.
A expectativa é reduzir essas reservas em 2014 com a adoção de melhor análise de crédito, além de melhorar a conversão de estudantes com dificuldades de pagamento para o Fies, programa de financiamento estudantil do governo.
A empresa também informou que as equipes internas passam a ter sua remuneração variável atrelada à melhoria de recebimento.
O Ebitda foi de 69,6 milhões de reais entre outubro e dezembro, alta de 37,1 por cento na comparação anual.
Do lado operacional, a receita líquida aumentou 19,1 por cento, a 432,4 milhões de reais, beneficiada pelo aumento do ticket médio e pelo crescimento de 1 por cento na base de alunos.
No ano, o lucro foi de 125,4 milhões de reais, recuo de 17,5 por cento sobre 2012.
As ações da Anhanguera caíam 1,44 por cento nesta segunda-feira na Bovespa, cotadas a 12,29 reais (às 14h49).
Em 2014, a Anhanguera tem uma proposta de orçamento de capital de 205,5 milhões de reais, sendo 62,8 milhões utilizados em novas unidades, e outros 30,3 milhões em tecnologia. O restante será destinado a investimentos em adequação e expansão.
A Anhanguera também propôs o pagamento de 1,191 milhão de reais em dividendos referentes a de 2013, correspondentes a 0,002726078 real por ação, o que será deliberado em assembleia marcada para 22 de abril.
FUSÃO COM KROTON As melhorias operacionais esperadas pela Anhanguera vão se refletir na nova companhia gerada pela fusão com a Kroton, disse Valério.
A Anhanguera afirmou que a fusão com a Kroton Educacional "segue avançando", em referência à aprovação junto ao Cade e planejamento de integração. O Cade tem até junho para julgar o processo.
"A frente de planejamento de integração está bastante avançada e a gente está aguardando o processo junto ao Cade para poder consolidar a operação", adicionou.
Em 2013, as despesas relacionadas com fusões e aquisições foram de cerca de 3 milhões de reais, enquanto para 2014 elas devem atingir 20 milhões de reais, segundo estimativas dos executivos da Anhanguera.
Nos últimos dias, circularam notícias sobre o suposto interesse da Kroton em renegociar com a Anhanguera os termos da associação que criará a maior empresa de educação do país em função da ampliação da diferença entre o valor das ações das duas companhias desde a celebração do acordo.
No fim de fevereiro, as empresas informaram que todas as condições previstas na assinatura da fusão estavam mantidas.