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Ambev e Interbrew anunciam nova estrutura administrativa

A partir de janeiro, a Ambev terá duas diretorias-gerais, uma voltada para a América do Norte e outra para a América Latina

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

A Ambev anunciou, nesta segunda-feira (30/8), mudanças na diretoria decorrentes da aprovação pelos acionistas dos passos finais para a união da cervejaria brasileira com a belga Interbrew. O principal destaque é a divisão do comando da Ambev em duas diretorias-gerais subordinadas diretamente ao Conselho de Administração no Brasil. A intenção é separar o comando em áreas geográficas, com um dos diretores cuidando da América do Norte e o outro, da América Latina. As modificações entrarão em vigor a partir de 1 de janeiro de 2005 (leia reportagem de capa de EXAME sobre o acordo).

Carlos Brito, atual diretor-geral da Ambev no Brasil, será deslocado para o Canadá, de onde comandará todas as operações da cervejaria na América do Norte. O diretor de Vendas e Distribuição da empresa, Luiz Fernando Edmond, assumirá a diretoria-geral para a América Latina.

Outras três mudanças foram comunicadas hoje. O atual diretor financeiro e de Relações com Investidores da empresa, Felipe Dutra, seguirá para a Bélgica, onde assumirá o posto de CFO (Chief Financial Officer) da Inbev nova denominação da Interbrew, aprovada na última sexta-feira em assembléia de acionistas. A vaga, no Brasil, será ocupada por João Castro Neves, atual diretor de Refrigerantes e Não-Carbonatados.

A última alteração é a transferência para a Inbev de Claudio Garcia, atual diretor de Tecnologia da Informação e Serviços Compartilhados da Ambev. Garcia assumirá posto semelhante na organização belga, que não possuía uma diretoria específica para esta área. O executivo ficará encarregado de estruturá-la.

Dimensão continental

Para Victorio de Marchi, co-presidente do Conselho de Administração da Ambev, a divisão do comando executivo da cervejaria em duas diretorias-gerais foi necessária porque, após a união com a Inbev, o mercado da cervejaria brasileira ganhou grandes proporções. "As mudanças permitirão a troca das melhores práticas entre a Inbev e a Ambev", afirma Marchi. Será, também, um modo de economizar dinheiro explorando sinergias. Segundo Brito, espera-se que 190 milhões de dólares sejam poupados por ano pela Ambev com a união com os belgas.

Com a troca de ações entre as empresas, a Interbrew assumiu o controle da cervejaria brasileira, com 71% do capital votante e 51,6% do capital total. Apesar de majoritária na Ambev, a Inbev concordou em manter uma gestão compartilhada na empresa brasileira até 2019, acordo que poderá ser renovado por mais dez anos. Por isso, Marchi afirma que a operação não criará nenhuma nova empresa. A Ambev continuará sediada no Brasil e seus papéis, negociados nas bolsas de São Paulo e Nova York. Já a Inbev seguirá com sede na Bélgica e ações listadas na bolsa de Bruxelas.

A maioria dos acionistas da Ambev também concordou, na sexta-feira, com a incorporação da cervejaria canadense Labatt. Segundo Brito, o valor da operação é aproximadamente 5,8 bilhões de dólares americanos, dos quais, 4,8 bilhões referentes aos ativos da empresa e 1 bilhão, a dívidas. A Labatt deverá incrementar em 40% a geração de caixa da Ambev e em 48% o lucro líquido. "Apesar de ser uma operação menor, a rentabilidade por hectolitro da Labatt é superior à da Ambev", afirma Brito.

Atuação

Apesar das mudanças na diretoria, Brito assegurou a continuidade do plano de fusões e aquisições da Ambev, que deseja se estabelecer em todos os países da América Latina. A empresa já é, atualmente, a maior cervejaria da região e detém 66,3% do mercado brasileiro. Brito negou, no entanto, que a Ambev esteja negociando a aquisição da colombiana Bavária, segundo comentou-se no mercado na última semana.

Segundo o executivo, os Estados Unidos também serão um mercado importante para a Ambev, mas a empresa não pretende instalar-se fisicamente no país. A intenção é usar uma subsidiária da Inbev existente nos Estados Unidos que é especializada na importação e venda de marcas canadenses de cerveja, caso da recém-adquirida Labatt. "A Labatt vende cerca de 15% de sua produção para os americanos", diz. Segundo maior mercado em volume comercializado, os Estados Unidos destacam-se, porém, por serem os maiores consumidores de cerveja no segmento premium de maior valor agregado.

Próximos passos

A Ambev deve realizar uma oferta pública para comprar as ações ordinárias (ONs) em circulação no mercado assim que a operação for aprovada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Segundo Brito, estima-se que a oferta seja de, aproximadamente, 1 bilhão de dólares, referentes a 14% de ações ON em circulação. O executivo não revelou, porém, o valor total envolvido na troca de ações entre Ambev e Interbrew. "O valor implícito da operação está em análise pela CVM", diz.

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