Amazon: custos de entrega e logística subiram na pandemia (NurPhoto / Colaborador/Getty Images)
Carolina Riveira
Publicado em 27 de maio de 2020 às 08h40.
Última atualização em 27 de maio de 2020 às 09h05.
A varejista americana Amazon pode avançar no futuro próximo sua frente de carros autônomos. A empresa está em conversas adiantadas para adquirir a startup de veículos autônomos Zoox, segundo informou o jornal The Wall Street Journal.
Segundo o jornal americano, um possível negócio da Amazon com a Zoox avaliaria a empresa em um valor abaixo dos 3,2 bilhões de dólares atuais, valor de mercado que obteve em 2018.
Após essa última rodada de investimentos, o conselho da Zoox votou pela saída do fundador, Tim Kentley-Klay. O executivo foi substituído na presidência por Aicha Evans, que trabalhou por dez anos na Intel.
Empresas das mais diversas passaram a investir em carros autônomos nos últimos cinco anos. A montadora General Motors gastou 1 bilhão de dólares para comprar a Cruise Automation. A Uber investiu 680 bilhões de dólares em Anthony Levandowski, um ex-funcionário da Alphabet, dona do Google, que depois viria a ser processado por roubar segredos da antiga empresa. A Alphabet, por sua vez, tem a frente de veículos autonomos Waymo, onde Levandowski trabalhava. A Tesla, de carros elétricos, também investe em veículos autônomos.
Mas, em tempos de crise e capital de risco menos abundante, os veículos autônomos podem se mostrar uma aposta cara e pouco certeira.
A visão na Zoox é que a empresa era baseada em três investimentos do futuro que exigiam muito capital e pouco retorno de curto prazo: carros autonomos, elétricos e a aposta em um modelo de viagem compartilhada nos moldes da Uber.
Na onda dos carros autônomos que dominou as gigantes de tecnologia sobretudo a partir de 2016, a própria Amazon havia criado uma equipe própria para desenvolver veículos sem motorista. O objetivo, para a varejista, era conseguir "carros robôs" que transportassem suas mercadorias de forma mais barata.
A Amazon também fez parte no ano passado de uma rodada de investimentos de 530 milhões de dólares na Aurora Innovation, outra startup de automação. A empresa investiu ainda na Rivian Automotive, uma fabricante de carros elétricos.
Uma compra da Zoox pode mostrar o desejo da gigante americana em intensificar essa frente. A empresa de Jeff Bezos vem tendo custos crescentes com entregas e logística, sobretudo em meio à alta demanda durante a pandemia do novo coronavírus.
Apesar dos desafios logísticos, a Amazon é uma das poucas empresas vistas como beneficiadas pela pandemia. As vendas subiram 26% no primeiro trimetre, entre janeiro e março, para 75,5 bilhões de dólares. Mas o lucro caiu 31%, para 2,5 bilhões de dólares, em meio aos maiores custos de operação e as necessidades de investimento para dar conta da demanda por produtos online.
Para o segundo trimestre, a empresa previu queda no lucro operacional e mesmo prejuízo nesta frente, que pode chegar a 1,5 bilhão de dólares (ante 3,1 bilhões de dólares no segundo trimestre de 2019). A projeção envolve custos de 4 bilhões de dólares relativos ao coronavírus.
"De compras online ao Amazon Web Services [serviço de nuvem] à Fire TV, a crise atual está demonstrando a adaptabilidade e durabilidade do negócio da Amazon como nunca antes, mas é também a época mais difícil que já enfrentamos", disse Bezos em comunicado dos resultados do primeiro trimestre.
Apesar dos desafios, a ação da empresa acumula alta de 31% em 2020. O índice S&P 500, que reúne as maiores empresas dos Estados Unidos, caiu 7,4% no ano. Só Jeff Bezos, que é o homem mais rico do mundo e acionista controlador da empresa, já adicionou mais de 31 bilhões de dólares ao patrimônio neste ano, chegando a 146 bilhões de dólares -- ante 109 bilhões de Bill Gates, o segundo colocado.