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Amaro vai ampliar presença no varejo físico com 7 novas lojas

Empresa está de olho na volta aos shoppings e quer ampliar tanto reconhecimento de marca quanto vendas, sem perder DNA digital

 (Amaro/Divulgação)

(Amaro/Divulgação)

KS

Karina Souza

Publicado em 20 de setembro de 2021 às 10h00.

Última atualização em 20 de setembro de 2021 às 10h46.

De olho na volta dos consumidores ao varejo físico, a Amaro vai abrir sete novas lojas no Brasil. O movimento marca a estreia da companhia em quatro cidades: Salvador, Recife, Brasília e Goiânia e reforça a presença em outras três (Porto Alegre, São Paulo e Curitiba). Com as inaugurações, a Amaro terá 20 lojas físicas no Brasil, em 11 cidades diferentes. 

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Algumas das lojas já estão abertas desde o fim do primeiro semestre. É o caso do espaço no Morumbi Shopping, em São Paulo -- que passou de 100 metros quadrados para 800 metros quadrados -- e da unidade de Brasília. As lojas de Salvador, Recife e Curitiba começaram a funcionar há algumas semanas e as de Porto Alegre e Goiânia serão inauguradas ainda no segundo semestre. 

As novas lojas devem ter um formato diferente do operado pela marca no Brasil antes da pandemia. Se as lojas antes eram menores, as novas unidades serão megastores com 1000 metros quadrados a 1500 m², em que será possível encontrar roupas, calçados, itens de beleza, casa e bem-estar. O perfil de localização não muda: as novas lojas continuarão instaladas dentro de shopping centers.

E, é claro, para fazer tudo isso funcionar, a Amaro também vai investir na contratação de pessoas: a nova demanda das lojas físicas deve abrir pelo menos 140 novas vagas na empresa. 

Empresa viu aumento de consumo na categoria de produtos para casa durante a pandemia (Amaro/Divulgação)

“Estamos cumprindo um crescimento de 50% em 2021 ante 2020. Hoje, um em cada quatro pedidos é feito em uma das lojas físicas da Amaro e, com essa expansão, estimamos que isso passe para um em cada três. Ou seja, esperamos um aumento de 25% para 33% em participação na receita de vendas”, diz Dominique Oliver, CEO da Amaro, à EXAME.

A decisão da empresa -- e o momento da inauguração -- estão alinhados com o momento pelo qual o Brasil passa. No pós-pandemia, as compras no varejo físico vêm retomando seu protagonismo, ao mesmo tempo em que as compras online registraram leve diminuição. De acordo com um levantamento da Mastercard publicado pela Reuters, as vendas no varejo em julho cresceram 23,1% sobre o mesmo período do ano passado, enquanto as compras online tiveram retração de 9,6%.

Isso tudo, é claro, sem ignorar o fato de que as compras on-line têm um amplo potencial a ser explorado no Brasil, dada a baixa participação que possuem no cenário de compras em geral. Em 2020, houve um salto importante (o e-commerce deixou de representar cerca de 5% das vendas online para chegar a um patamar próximo de 10%), mas é impossível ignorar que a vasta maioria acontece fora do ambiente digital. 

Em linha com essa estratégia, a Amaro fez uma mudança importante no próprio modelo de negócio das lojas físicas: se antes elas funcionavam somente como um “showroom” de peças, em que era possível experimentar e comprar, mas sair sem sacolas, desde outubro do ano passado é possível já levar as roupas no ato da compra.

É um movimento que lembra até o de concorrentes indiretos da empresa. Com um público-alvo similar -- ainda que com uma estratégia totalmente diferente --, a TROC, de comércio de roupas usadas, pertencente ao grupo Arezzo&CO, também abriu as primeiras lojas no país para aumentar vendas e presença de marca.

“A cada 100 transações, 89 acontecem fora do ambiente virtual. Por isso, a Amaro vai continuar investindo no mundo físico, tendo espaços de experiências para completar o e-commerce e omnicanalidade é nosso foco total”, diz Dominique. 

Lojas físicas devem ter mais espaço para experimentar produtos da marca (Amaro/Divulgação)

Do ponto de vista operacional, a varejista adota uma estratégia já utilizada por suas concorrentes que nasceram no ambiente físico: o modelo de entrega de e-commerce a partir do estoque das lojas. A entrega acontece em até três horas na cidade de São Paulo, a partir do estoque das novas lojas -- a prática é oferecida na capital paulista há mais de três anos. 

Ao mesmo tempo, a entrada nas novas cidades dá à companhia a possibilidade de apresentar aos clientes o modelo de negócio da empresa e de expandir, rumo à presença em todo o Brasil, ganhando espaço entre quem procura uma experiência diferente da tradicional no consumo de moda. 

Para isso, outra estratégia da empresa para reforçar a ida às lojas físicas é oferecer um espaço que vá além de experimentar roupas e calçados. A ideia é, no futuro, fazer workshops, eventos e demonstrações de produtos nos novos espaços. 

E, com tanta gente circulando nas novas lojas -- somada à conjuntura econômica brasileira atual -- a Amaro pensa em oferecer um cartão próprio para facilitar compras na loja? Por enquanto, não. “Já estudamos essa oferta, mas por enquanto ainda não temos nada concreto no radar”, diz Dominique.

É algo para se notar, especialmente vendo que grandes varejistas que nasceram no ambiente físico, como é o caso de C&A e Renner, vão na contramão dessa estratégia -- ainda que o modelo de negócio não seja comparável ao da Amaro. Nos resultados anunciados no segundo trimestre, ambas as empresas ressaltaram o papel que os serviços financeiros têm e traçam estratégias para ampliar seu “poder de fogo” nesse setor. 

No caso da retailtech, que tem como premissa tomar decisões baseadas em dados e no feedback dos consumidores, a ausência no mercado de crédito pode sugerir que não é o momento ideal -- ou não é algo tão valorizado assim pelas consumidoras da marca.

É uma cultura que a Amaro vai, certamente, levar para o mundo físico: aproveitar feedbacks e aprender com as consumidoras. Resta ver quais serão as lições aprendidas pela companhia daqui para frente. 

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