Aéreas e elétricas à espera do pacote de socorro do BNDES
O crédito pode ajudar a evitar um tombo ainda pior em setores fortemente atingidos pela pandemia da covid-19
Da Redação
Publicado em 12 de maio de 2020 às 06h21.
Última atualização em 12 de maio de 2020 às 06h58.
A negociação de grandes empresas dos setores aéreo e de energia elétrica com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social ( BNDES ) por programas especiais de financiamento para aplacar os efeitos da crise do novo coronavírus nas operações está perto de ser concluída. O pacote de socorro deve ser anunciado entre hoje e sexta-feira, de acordo com a expectativa de executivos das companhias envolvidas ouvidos pela EXAME.
Para as aéreas, a ajuda deve ficar entre 5 e 7 bilhões de reais. A ideia é que as companhias contempladas vendam debêntures e bônus conversíveis em ações no mercado financeiro, com o BNDES e os bancos privados que estão assessorando as empresas ficando com cerca de 70% e outros investidores com o restante.
As empresas de transporte aéreo de passageiros e carga foram as primeiras a ser atingidas pela pandemia da infecção respiratória covid-19. Em março deste ano, o número de passageiros em voos internacionais partindo ou chegando ao Brasil caiu 44% ante o mesmo período de 2019, para 1,17 milhão, e o de voos domésticos recuou 35,5%, para 4,99 milhões, no mesmo período. A Gol, a Latam e a Azul, que dominam o mercado, suspenderam a maior parte dos seus voos desde então e acompanham com apreensão o desenrolar da crise. A fabricante Embraer também está em busca de uma ajuda do BNDES, mas negocia à parte.
No caso do setor elétrico, o novo crédito é direcionado às distribuidoras, que estão com dificuldades de pagar as geradoras devido à redução da atividade econômica, que derrubou o consumo de energia. Seus clientes – famílias e empresas – também não estão conseguindo quitar suas faturas. A Agência Nacional de Energia Elétrica as proibiu de cortar o fornecimento por inadimplência. O empréstimo para as distribuidoras, liderado pelo BNDES e reforçado por bancos privados, deve ser pago pelos consumidores por meio de uma taxa embutida na conta, com um ou dois anos de carência.
Enquanto as perspectivas para o Produto Interno Bruto brasileiro se deterioram, com projeções de uma queda de 4,11% neste ano, segundo a pesquisa semanal Focus do Banco Central com analistas do mercado financeiro, o crédito provido pelo BNDES pode ajudar a evitar um tombo ainda maior.