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Aéreas admitem dificuldade para lidar com passageiros racistas

Incidentes renderam críticas às empresas aéreas, que pareceram mais preocupadas em manter os voos dentro do cronograma do que em lidar com os infratores

Avião: Voopter é a primeira brasileira a fazer parte da lista (ipopba/Thinkstock)

Avião: Voopter é a primeira brasileira a fazer parte da lista (ipopba/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 14 de dezembro de 2018 às 06h00.

Última atualização em 14 de dezembro de 2018 às 09h48.

As empresas aéreas estão tendo dificuldade para tomar medidas contra casos de racismo e assédio sexual, e em apenas um em cada 20 incidentes o infrator é retirado do avião, segundo dados da própria associação que representa o setor.

No ano passado foram registrados 350 casos de “toques inapropriados” e abusos racial e homofóbico ou discriminação contra idosos em voos, segundo dados provisórios da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês). A polícia e os agentes de segurança se envolveram em apenas 178 dos incidentes, sendo que 141 tiveram como resultado apenas uma advertência. E somente 17 passageiros foram retirados das aeronaves.

Vários incidentes amplamente difundidos nos últimos 12 meses renderam críticas às empresas aéreas, que em certos momentos pareceram mais preocupadas em manter os voos dentro do cronograma do que em lidar com os infratores. Um vídeo que mostra um homem branco maltratando uma mulher negra sentada perto dele em um voo da Ryanair Holdings viralizou em outubro, por exemplo, e as políticas relacionadas ao assédio passaram a ganhar uma atenção maior com o surgimento da campanha #MeToo.

Os números da Iata aos quais a Bloomberg teve acesso, os primeiros dados cotejados sobre os chamados crimes de ódio em aviões, surgem após um foco maior da associação no aumento dos casos de embriaguez e violência. O grupo, que representa em torno de 300 empresas aéreas, afirma que alguns obstáculos impedem o setor de melhorar seu histórico.

“É preciso que haja tolerância zero a respeito”, disse Tim Colehan, diretor-adjunto de assuntos externos da Iata. “No entanto, para isso é necessário que as pessoas estejam dispostas a reportar o fato à tripulação e, em alguns casos, é preciso que haja testemunhas. E se algum país não tiver jurisdição para intervir, o acusado será simplesmente libertado.”

As tripulações de cabine das empresas aéreas são treinadas para monitorar o consumo de álcool dos passageiros, que pode desencadear uma série de comportamentos antissociais, segundo Colehan, e também para usar técnicas para reduzir a tensão quando ocorrem incidentes.

Segundo dados compilados pela Autoridade de Aviação Civil do Reino Unido, os incidentes de comportamento indisciplinado denunciados mais que quadruplicaram desde 2013, e a embriaguez foi identificada como um dos principais detonantes.

A legislação relativa às infrações em voo foi reforçada pelo Protocolo de Montreal da Organização da Aviação Civil Internacional, de 2014, que procura incentivar medidas de segurança e fechar lacunas jurisdicionais.

Até o momento, o acordo foi ratificado por apenas 15 dos 22 países necessários, sendo que EUA, China e Reino Unido -- os três maiores mercados da aviação -- ainda não o fizeram, disse Colehan. Em alguns casos, são necessárias alterações nas leis nacionais para cumprir as obrigações do tratado.

A Iata afirma que os casos de violência física, agressão verbal e não conformidade com regras de segurança caíram em 2017, embora os casos de comportamento ameaçador e tentativa ou violação de fato da segurança tenham aumentado 3 por cento, uma alta “significativa”.

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