Advent quer vender empresa de portos TCP e comprar farmacêutica
Depois de anunciar duas aquisições em menos de dois meses, fundo americano se prepara para fazer mais negócios no Brasil
Estadão Conteúdo
Publicado em 22 de fevereiro de 2017 às 09h59.
São Paulo - Depois de anunciar duas aquisições em menos de dois meses - a distribuidora química quantiQ, que pertencia à Braskem, e a faculdade gaúcha Cesuca -, o fundo de investimento americano Advent está prestes a fechar outros negócios no País.
Apontado como favorito para comprar a fabricante de medicamentos genéricos Teuto, que tem a gigante americana Pfizer como sócia, o Advent também deverá concluir em breve a venda do terminal portuário TCP, de Paranaguá (PR), empresa avaliada em cerca de R$ 3 bilhões, segundo fontes ouvidas pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Essas duas operações são consideradas relevantes pelo mercado, mas não são as únicas em que a gestora está envolvida, segundo pessoas a par do assunto.
Fontes de mercado afirmam que o fundo de private equity - que compra participações em empresas - deverá ser um dos mais ativos no Brasil este ano.
A gestora também está em conversas avançadas para abrir o capital da farmacêutica Biotoscana, que no Brasil controla a United Medical. Além disso, avalia a Via Varejo, divisão de eletroeletrônico do grupo francês Casino.
Neste último caso, ainda não há negociações em curso. A rede foi colocada à venda pela varejista francesa, que contratou o Santander para assessorar a transação.
Apesar de ter atraído a atenção de investidores de peso, como a rede chilena Falabella, Lojas Americanas e o próprio Advent, a venda da Via Varejo, dona da Casas Bahia e Ponto Frio, pode demorar mais do que o previsto, uma vez que, mesmo que a recessão acabe, o setor de eletrodomésticos deve ser um dos últimos a se recuperar.
Saúde
Com foco em setores considerados resilientes, o interesse do Advent pelo segmento de saúde tem crescido nos últimos anos. Em setembro de 2015, comprou 13% de participação do laboratório de diagnóstico Fleury, por cerca de R$ 400 milhões.
Em dezembro do mesmo ano, o laboratório Biotoscana, controlado pelo fundo, adquiriu a argentina LKM. O objetivo da gestora é reforçar sua presença em saúde na América Latina.
"A compra do laboratório Teuto, com foco em genéricos, reforça esse tese", frisou uma fonte à reportagem.
As negociações entre Advent e Teuto já estiveram mais firmes no fim do ano passado, mas esbarram em preço. O ativo - que tem como acionistas a Pfizer, com 40%, e a família Melo, com 60% -, chegou a ter seu valor de mercado estimado em R$ 1,5 bilhão.
No entanto, segundo fontes envolvidas na negociação, a expectativa é de que a operação seja fechada por um valor mais baixo. O contrato poderia ainda conter metas de desempenho futuro do negócio.
"Havia uma expectativa de que a Pfizer exercesse seu direito de preferência para comprar os 60% restantes da companhia. Porém, uma mudança da estratégia global da Pfizer, que pode sair do segmento de genéricos, fez a companhia rever essa posição", disse outra fonte. Procuradas, Pfizer e Teuto não comentaram.
Outro segmento considerado prioritário pelo fundo é de educação. A compra da faculdade Cesuca, no fim de 2016, dois anos após ter saído da Kroton - que está em processo de fusão com a Estácio -, demonstra que a gestora voltou a ter apetite neste setor, apesar da redução da verba para o programa de financiamento estudantil do governo, o Fies.
Dentro do processo de união de Estácio e Kroton, o Advent pretende olhar os ativos que terão de ser vendidos pelas para obtenção do aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a fusão.
Logística
Enquanto analisa ativos no Brasil e na América Latina - o Advent levantou US$ 2,1 bilhões, no fim de 2014, para investir na região -, a gestora poderá levantar dinheiro novo com a venda de sua fatia de 50% do terminal portuário TCP.
O Advent pagou R$ 1 bilhão por 50% do terminal, em 2011. O plano inicial, segundo fontes, era abrir o capital do TCP, mas o interesse de investidores pelo ativo fez com que a gestora colocasse o negócio à venda.
Entre os cotados para ficar com o negócio estão a Dubai Ports World, a China Merchants e a APM Terminals, com sede na Holanda, que já é acionista da TCP. Procurado, o Advent não comenta. As outras empresas não retornaram pedidos de entrevista.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.