Adani cai cinco posições no ranking de bilionários e perde mais de US$ 22 bilhões em menos de um mês
Segundo a lista em tempo real da Forbes, a fortuna do bilionário indiano é avaliada em 96,6 bilhões de dólares
Marcos Bonfim
Publicado em 28 de janeiro de 2023 às 08h05.
A semana de Gautam Adani foi daquelas. O bilionário indiano perdeu a terceira posição entre as pessoas mais ricas do mundo para Jeff Bezos e terminou a semana em sétimo lugar, acumulando perdas ao longo de janeiro que somam mais de 22,6 bilhões de dólares.
Segundo a lista em tempo real da Forbes, a sua fortuna é avaliada agora em 96,6 bilhões de dólares, o que o deixa do restrito clube dos centibilionários, pessoas com mais de US$ 100 bilhões. Atualmente, apenas seis pessoas integram a lista.
Adani terminou 2022 mais rico do que nunca – pela primeira vez, a sua fortuna superou os 100 bilhões e beirou os US$ 120 bilhões. Uma expansão vigorada ao longo dos 12 meses, com ganhos de mais de 30 bilhões de dólares.
A virada do ano trouxe um novo cenário e o bilionário começou perdendo pequenas quantias nas semanas iniciais de janeiro.
A acusação de fraude contábil feita pela Hindenburg, empresa americana especializada em pesquisa financeira, sobre o grupo Adani, que ele fundou e lidera fez com que os dígitos do patrimônio diminuíssem de maneira mais acelerada.
Primeiro, ele perdeu posição para Jeff Bezos, e depois Larry Ellison, criador da Oracle, Warren Buffett, da Berkshire Hathaway, e Bill Gates, da Microsoft.
Quais são as acusações
O relatório Hindenburg retrata uma rede de entidades offshore controladas pela família Adani em paraísos fiscais, no Caribe, Ilhas Maurício e Emirados Árabes Unidos.
Segundo a empresa, os destinos teriam sido usados para facilitar corrupção, lavagem de dinheiro e roubo dos contribuintes, enquanto desviavam dinheiro das empresas listadas em bolsa do grupo.
O relatório foi divulgado na terça-feira, 24, apenas alguns dias após a abertura da oferta subsequente das ações da Adani Enterprises, a principal empresa do grupo Adani.
Como resposta, Jugeshinder Singh, CFO do Grupo Adani, disse que “o relatório é uma combinação maliciosa de desinformação seletiva e alegações obsoletas, infundadas e desacreditadas que foram testadas e rejeitadas pelos mais altos tribunais da Índia”.
E acrescentou que o material “revela claramente uma intenção descarada e de má-fé de minar a reputação” da companhia, no momento do maior follow on da história do grupo.
Como a Hindenburg opera vendida e detém títulos e derivativos das empresas de Adani, o Grupo tem acusado a empresa de tentar de beneficiar com as acusações.
Na quinta, a holding endureceu a contraofensiva e disse, em comunicado assinado pelo chefe jurídico, Jatin Jalundhwala, que está avaliando ações jurídicas na Índia e nos Estados Unidos para tomar contra a empresa americana.
A observar pela queda das ações nos últimos dias das sete companhias do grupo listadas na bolsa, até o momento os investidores têm preferido acreditar na versão da Hindenburg.
A perda de valor já supera a cifra de 48 bilhões de dólares desde o dia 25 de janeiro.
Como Gautam Adani construiu a sua fortuna
Gautam Adani se tornou o primeiro homem asiático a alcançar o pódio no índice da Bloomberg. Ele lidera o Adani Group, um conglomerado que fundou em 1988 e que tem atuação diversificada em transporte, logística e desenvolvimento de infraestrutura.
Os investimentos do magnata vão desde minas de carvão a portos, aeroportos e usinas de energia — essas últimas numa tentativa mais recente de se tornar um produtor massivo de energias renováveis.
Todas as companhias fundadas por Adani são listadas em Bolsa e o bilionário detém boa parte das ações de cada uma delas. Nas empresas Adani Enterprises, Adani Power e Adani Transmission, por exemplo, concentra 75% de participação. Também possui mais da metade das ações da Adani Ports & Special Economic Zone e da Adani Green Energy e 37% das ações da Adani Total Gas.
Além disso, ele é o dono do maior porto comercial da Índia e de uma das maiores minas de carvão do país. Outro ativo importante é o aeroporto de Mumbai, o principal da nação asiática. Ele detém 75% de participação.
O empresário entrou para a lista de bilionários em 2008, 20 anos após a criação da empresa que se transformaria em um conglomerado.