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Acionistas da Perdigão rejeitam oferta da Sadia

Em comunicado, diretoria executiva da empresa afirma que maioria dos acionistas manifestou-se contrariamente à proposta. Sadia diz que oferta atende às normas estatutárias da Perdigão

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

A maior parte dos acionistas da Perdigão rejeitou a oferta hostil de compra da empresa, lançada nesta segunda-feira (17/7) pela sua maior concorrente, a Sadia. Em comunicado após o término das negociações da Bolsa de Valores de São Paulo desta terça-feira, a Perdigão informa que "recebeu manifestações por escrito de recusa do valor da oferta, por parte de acionistas que representam 55,38% do seu capital social". "A proposta foi rechaçada pelos acionistas, tanto pela sua forma, quanto pelo valor", afirmou o presidente executivo da Perdigão, Nildemar Secches, nesta terça-terça-feira (18/7).

Ontem, ao apresentar os termos da proposta, a Sadia condicionou sua concretização à adesão de investidores que representem, pelo menos, 50% mais uma das ações da Perdigão. A proposta, que é válida até 24 de outubro, porém, visa à compra da totalidade do capital da empresa por cerca de 3,7 bilhões de reais. O valor representa 27,88 reais por papel da Perdigão.

Em reunião com jornalistas, nesta segunda-feira (17/7), Secches, da Perdigão, já havia jogado um balde de água fria nos planos da concorrente, ao considerar o preço por ação "extremamente baixo". O executivo citou relatórios de mercado que indicavam um potencial de valorização até dezembro superior ao valor constante da oferta. Além disso, ressaltou que a gripe aviária e outras crises sanitárias que ocorrem no setor alimentício, nos últimos meses, depreciou a cotação das ações da Perdigão e influenciou negativamente os cálculos da concorrente. A Sadia estabeleceu o preço a ser pago por ação aplicando um prêmio de 35% sobre a cotação média dos últimos 30 dias - um requisito constante do próprio estatuto da Perdigão.

Segundo Secches, a forma de apresentação da oferta também está errada, pois a Sadia baseou-se nos artigos 37 e 38 do estatuto social da Perdigão. De acordo com o executivo, esses artigos só se aplicam a investidores que já fazem parte do quadro acionário da companhia. No fato relevante divulgado hoje, a Perdigão afirma que esses artigos só se aplicam ao titular "de ações que representem pelo menos 20% do total de ações emitidas pela companhia, condição essa não apresentada pela ofertante".

Pelo estatuto, um investidor que atinja 20% de controle da empresa é obrigado a apresentar uma oferta pública de aquisição da totalidade das ações. O comunicado também esclarece uma dúvida legal. A diretoria da Perdigão não sabia se era necessária a elaboração de um laudo técnico para a análise do preço ideal de venda, contratado pela empresa, e a convocação de uma assembléia geral de acionistas para escolher a instituição responsável pela elaboração do laudo. Como a Sadia não faz parte do quadro societário da empresa, não há necessidade de elaboração de laudo e, conseqüentemente, de convocação da assembléia geral.

Dentro das regras

A Sadia defendeu sua posição também em comunicado publicado nesta terça-feira (18/7). A empresa insiste que a oferta atende aos requisitos do estatuto da Perdigão.

"O argumento apresentado pela Perdigão no sentido de que a oferta formulada pela Sadia não atende às especificações do art. 37 do Estatuto Social da Perdigão é, no entendimento da administração da Sadia e dos seus consultores jurídicos, inteiramente equivocada e em dissonância com a melhor interpretação do disposto" no estatuto.

Segundo o informe, a barreira de 20% de ações, ponto de discórdia entre as empresas, estaria incluída e seria ultrapassada pela oferta, pois o requisito mínimo para que a compra seja concretizada pela Sadia é que haja a adesão, pelos menos, de 50% mais uma do total de ações da companhia. "Por conseqüência, a Sadia estará obrigada a estender a oferta a todos os acionistas da Perdigão".

O documento não informa, porém, quais serãos os próximos passos da Sadia - retirar a oferta, já que a maioria dos investidores da Perdigão a rejeitou, ou reformulá-la.

A rejeição da oferta, pela Perdigão, fez com que o mercado de capitais revisse sua posição. Após a forte alta dos papéis das duas empresas, registrada ontem, as ações preferenciais da Sadia fecharam o dia com queda de 4,83%. Já as ordinárias da Perdigão recuaram 1,81%.

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