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A traição dos jacarés

Leia abaixo mais trechos do livro Matarazzo de Ronaldo Costa Couto. "Novamente as IRFM. O agitado ano de 1924 também registra rara e pitoresca falha na célebre pontaria empresarial do conde: implantação de originalíssimo projeto em plena selva amazônica. Longe de tudo, inclusive de sua longa e vasta experiência de seleção de investimentos. Matéria-prima? Bichos […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

Leia abaixo mais trechos do livro Matarazzo de Ronaldo Costa Couto.

"Novamente as IRFM. O agitado ano de 1924 também registra rara e pitoresca falha na célebre pontaria empresarial do conde: implantação de originalíssimo projeto em plena selva amazônica. Longe de tudo, inclusive de sua longa e vasta experiência de seleção de investimentos. Matéria-prima? Bichos selvagens.

Ensina a sabedoria popular: em rio que tem piranha, jacaré nada de costas e macaco toma água de canudinho. Pois não é que o conde, convencido por um amigo, resolve mexer logo com jacarés e capivaras? Por puro bandeirismo empresarial, funda a S.A. Industrial Matarazzo de Mato Grosso. Objetivo: industrializar e comercializar pele e gordura de jacaré e de capivara.

Assis Chateaubriand, em artigo publicado dez anos depois, conta que, ao desembarcar em Belém, soube que o conde Matarazzo havia decidido "tirar óleo da massa encefálica do jacar", o que estava mobilizando milhares de pessoas da região na caça ao bicho. "Foi uma experiência que lhe custou mais de 800 contos, no Norte e em Mato Grosso. Mas onde já se viu um parque industrial das proporções desse do conde Matarazzo, que não custeia experiências, que não faz pesquisas, que não toma iniciativas para criar todo o ano novas fontes de atividade?", pergunta o jornalista.

Dá tudo errado. O projeto vai por água abaixo. Negócio ruim, inviável, péssimo. Tiro nágua. O conde não demora a percebê-lo. Amargando sólido prejuízo líquido, desiste. Devia conhecer o ensinamento completo atribuído a S. Bernardo [1090-1153]: "Errar é humano, mas perseverar no erro é diabólico". Ainda mais pagando caro e sem qualquer esperança de virar o jogo. Gostava de brincar: "O jacaré é um amigo da onça, me enganou"."

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