Marcos Mocatino (CEO), Fabiana Batistela (COO) e Danillo Lisboa (CTO), da Bitshopp: eles querem ser o "ChatGPT" do mercado de tokens
Repórter
Publicado em 1 de dezembro de 2024 às 10h00.
Tokens: o que são, o que fazem e como trazem lucro? Por mais que o termo esteja sendo cada vez mais falado, assim como criptomoedas, inteligência artificial e NFT, ele continua sendo uma caixa preta para muitos.
De forma resumida, tokens nada mais são do que representações digitais de ativos no universo da blockchain (onde as informações são registradas, sem depender de intermediários como bancos).
Pode ser ouro, um título financeiro ou até um crédito de carbono. A ideia é que esses ativos, agora representados como tokens, possam ser mais facilmente negociados, fracionados ou transferidos, o que aumenta a liquidez e o acesso a investidores menores.
Mas, como negociar tokens? Aprender sobre um mercado totalmente novo e ainda ter sucesso nele pode soar tão difícil quanto ler um processo judicial e entendê-lo de primeira.
A grande promessa da startup brasileira Bitshopp é tornar todo esse processo acessível, fácil de entender e rápido, da mesma forma que o ChatGPT popularizou o uso da inteligência artificial.
A promessa é que, em poucos cliques, qualquer pessoa consiga "tokenizar" um ativo, ou seja, poderá transformar ouro, soja, obras de arte, ações de empresas, patentes, terrenos e muito mais.
Nem tudo está disponível hoje na plataforma, mas o céu é o limite no mundo da tokenização. E faz sentido apostar nesse mercado: o mercado global deve atingir US$ 16,1 trilhões até 2030, segundo o Boston Consulting Group (BCG).
"Criamos algo muito específico para um cenário que prevíamos cinco anos atrás, e agora chegou a hora", diz Danillo Lisboa, diretor de tecnologia da startup.
A Bitshopp surgiu no programa de aceleração "Garagem" do BNDES em 2019. O fundador e presidente, Marcos Mocatino, é formado em Comunicação, mas se interessou pelo tema de blockchain quando percebeu as limitações do mercado. Na época, ele liderava projetos de tecnologia para startups, PMEs e multinacionais, incluindo clientes como Red Bull, Honda e Toyota.
De lá para cá, a Bitshopp conquistou reconhecimentos importantes, como o prêmio de inovação da Associação Brasileira de Bancos (ABBC) e um investimento em 2021 de um fundo que também apostou na OpenAI, dona do ChatGPT.
O Brasil tem um dos projetos mais animadores sobre a tokenização de ativos: é o Real Digital, liderado pelo Banco Central. O Drex, como também é chamado, é a versão digital do real, como uma moeda mais segura e também operada em blockchain.
A Bitshopp foi uma das 16 empresas selecionadas para o piloto e trabalhou na tokenização de ativos como o Real Digital e Títulos Públicos Federais (TPFs).
Ao longo da primeira fase, a tecnologia da startup auxiliou nos testes e aprimoramento do sistema. A Bitshopp, inclusive, usa o mesmo blockchain escolhido pelo BC, o BESU.
A promessa da Bitshopp é que qualquer empresa, mesmo sem conhecimento técnico de blockchain, consiga acessar e usar a plataforma para tokenizar seus próprios ativos — tudo em poucos minutos.
A plataforma é 100% white-label, ou seja, ela pode ser personalizada para qualquer tipo de negócio. "Queremos fazer pela tokenização o que o ChatGPT fez pela inteligência artificial", afirma Mocatino.
A Bitshopp projeta alcançar um faturamento de R$ 100 milhões nos próximos três anos, mas o clima é ambicioso. Segundo Fabiana Batistela, diretora de operações da companhia, a expectativa é que esse número pode até ser superado.
A executiva destaca o grande potencial do mercado e acredita que a tokenização está no início de uma revolução: "A economia tokenizada vem com toda a força, e estamos empolgados para atrair novas empresas, nos diferenciar e continuar inovando", afirma.
Para 2025, a Bitshopp planeja expandir a integração com Internet das Coisas (IoT) e IA. Ela também quer explorar novos nichos de tokenização, como o mercado imobiliário.