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“A onda de trabalhar em casa é exagerada”, diz presidente da Brookfield

O gigante do setor está "pronto para gastar bilhões de dólares em imóveis nos próximos 18 meses"

Empreendimento da Brookfield em São Paulo: retomada (Germano Lüders/Exame)

Empreendimento da Brookfield em São Paulo: retomada (Germano Lüders/Exame)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 29 de outubro de 2020 às 16h43.

Última atualização em 29 de outubro de 2020 às 18h17.

A onda de trabalhar em casa é exagerada e todos estarão de volta aos escritórios antes do imaginado. No clima de hoje, com a eleição presidencial nos Estados Unidos daqui a alguns dias, isso poderia ser uma declaração política.

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Mas essa é a visão de Bruce Flatt, diretor-presidente da Brookfield Asset Management, que vai na contramão sobre a pandemia e uma justificativa de por que está pronto para gastar bilhões de dólares em imóveis nos próximos 18 meses.

O executivo descreve a fuga de famílias jovens para distritos longe dos centros urbanos como uma “anomalia” e as políticas de trabalho em casa permanentes, populares no Vale do Silício, como impraticáveis porque “as eficiências não estão nem perto” das oferecidas em um local de trabalho compartilhado. Na verdade, disse, empresas de tecnologia estão alugando ou comprando mais espaço no centro das cidades, não menos.

Flatt — que administra cerca de 200 bilhões de dólares em propriedades comerciais, incluindo dezenas de torres de escritórios — argumenta que as grandes cidades são resilientes: Londres sobreviveu à Blitz durante a Segunda Guerra Mundial, e Nova York se recuperou da gripe espanhola de 1918, dos ataques terroristas em 2001 e do furacão Sandy em 2012.

“As pessoas gostam de se associar com outras pessoas, gostam de estar na moda, onde há empregos, podem ir a pé para o trabalho, podem fazer todas as coisas que vêm junto com isso, e isso não vai parar”, disse Flatt em entrevista à Bloomberg. “Essas cidades não vão desaparecer.”

(EXAME Research/Exame)

Flatt disse que inquilinos corporativos, em sua maioria, querem os funcionários em suas mesas. A Brookfield, como outras empresas com participação no setor imobiliário, foi um dos primeiros empregadores a reocupar escritórios em Manhattan ao trazer centenas de trabalhadores de volta a partir de junho.

Planos de expansão

Com os casos de covid-19 em novos recordes nos Estados Unidos e aumentando no mundo todo, a confiança de Flatt em um retorno aos níveis pré-pandemia se destaca, e pode ser ilusória. Mas a Brookfield — que administra 550 bilhões de dólares em imóveis, infraestrutura, energia renovável, private equity e crédito — historicamente ganhou dinheiro comprando o que outros precisam vender a preços de pechincha.

Com cerca de 80 bilhões de dólares de capital de balanço e reservas em fundos levantados com clientes da Brookfield, Flatt disse que espera que empresas e investidores se desfaçam de ativos que não podem mais pagar depois dos altos empréstimos para sobreviver às paralisações devido ao coronavírus. Os governos com déficits sem precedentes por causa dos gastos com estímulos irão acelerar as privatizações de ativos estatais.

Por enquanto, os mercados refletem uma visão mais pessimista. As ações da Brookfield caíram 30% desde o final de fevereiro, enquanto um índice de fundos de investimento imobiliário com propriedades nos Estados Unidos desvalorizou quase 20%.

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