A história da RBS
A empresa é a maior no setor de comunicação no sul brasileiro
Da Redação
Publicado em 13 de maio de 2011 às 16h17.
Desde o início deste ano, a RBS - maior empresa de comunicação do Sul do Brasil e uma das maiores do país - tem um executivo-chefe que não faz parte da família Sirotsky. A figura do CEO no organograma da empresa com sede em Porto Alegre é conseqüência de um trabalho de profissionalização iniciado há alguns anos por membros da terceira geração da família.
Com faturamento de 800 milhões de reais e atuação nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a RBS opera rádio (24 estações), televisão (repetidora da Globo, tem 21 estações), jornal (6), Internet (Portal ClicRBS), empresa de marketing de precisão, revista, eventos e uma fundação social, a Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho.
Maurício Sirotsky Sobrinho foi o terceiro dos cinco filhos de José Sirotsky e Rebeca Birmann Sirotsky, imigrantes russos que vieram para o Brasil no início do século passado. A família se estabeleceu na colônia judaica de Erebango, no planalto gaúcho, onde nasceu Maurício, em 1925. Pouco depois, a família mudou-se para uma cidade próxima um pouco maior, Passo Fundo.
Ali, Maurício formou-se contador e começou a demonstrar o talento nato de comunicador. Ainda garoto, na escola, ele já improvisava como locutor de programas de calouros dos alunos, usando uma lata de pescado presa a um cabo de vassoura. Na década de 40, embora um importante município do estado, Passo Fundo não tinha nenhuma estação de rádio.
Aos 14 anos, Maurício tornou-se locutor de um serviço de alto-falantes na praça central que servia como uma emissora local. Além do salário, ganhava comissões de anúncios e, aos 17 anos, avisou aos pais que iria para Porto Alegre tentar a carreira de locutor de rádio. Largou os estudos e logo se tornou funcionário da rádio Gaúcha.
Em 1946, voltou a Passo Fundo para dirigir uma das primeiras emissoras da rede reunida Arnaldo Ballvé. Em 1949, casou-se com Ione Pacheco Sirotsky e retornou a Porto Alegre, onde acabou cuidando da publicidade das emissoras Reunidas. Mas ele não largou o microfone. Durante a década de 50, esteve à frente do Programa Maurício Sobrinho, na rádio Farroupilha, que superlotava um dos grandes cinemas da cidade nas manhãs de domingo.
A RBS foi fundada em 1957, quando Maurício passou a ser um dos sócios da Rádio Gaúcha. Poucos anos depois, o irmão de Maurício, Jayme, ficou sócio também e, em seguida, Fernando Ernesto Corrêa. Os três sócios da primeira geração. Em novembro de 1959, eles conseguem a concessão para instalar a TV Gaúcha, que entra no ar em 1962.
Mas é a partir de 1970, ao assumir o diário Zero Hora, que Maurício começa a se projetar como um dos grandes líderes da comunicação do Brasil. Os sócios sempre tiveram a pretensão de dar um cunho profissional para a gestão da empresa, embora ela fosse familiar , diz Nélson Sirotsky, filho mais velho e atual presidente da RBS. Desde que começou a trabalhar na empresa do pai, aos 17 anos, Nélson sempre ouviu falar em orçamento, em planejamento estratégico, gestão financeira e fluxo de caixa.
Foi em 1971, 14 anos depois que os três sócios iniciaram a RBS, que a segunda geração dos fundadores se apresentou. Maurício, Jayme e Fernando Ernesto deram, então, um sinal de que queriam a profissionalização da empresa familiar e que, naquele momento, da entrada da segunda geração, ou eles estabeleciam regras que orientassem a empresa para um processo de administração de uma empresa familiar profissionalizada, ou estariam fora do jogo: a empresa não ia conseguir se profissionalizar.
O professor Lódi foi a primeira pessoa que mostrou para a família Sirotsky que existem três sistemas que as famílias proprietárias de empresas precisam diferenciar bem:
1. A família (o que significa pertencer a uma família)
2. A propriedade (o que significa ter a propriedade de um bem de maneira compartilhada com outras pessoas)
3. O negócio (o que é o negócio, a empresa. Qual a sua função)
Ficou claro para todos que, sendo da família, a propriedade seria transferida, pela lei natural da sucessão, mas que a ação dentro da empresa é uma ação que não tem muito a ver com a propriedade e com a ação da família. Que o foco dentro da organização não necessariamente é o foco que vem ao encontro do interesse do sócio e muito menos do interesse da família.
A diretoria hoje é composta por Nélson Sirotsky, Pedro Parente e os quatro diretores de unidades, sendo que dois deles são vice-presidentes. Os quatro se reportam a Parente e os dois que também são vice-presidentes podem substituí-lo em caso de ausência. Quando Nélson está fora, Parente o substitui automaticamente.