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A briga do Magazine Luiza e da Máquina de Vendas pelo 2° lugar

Estratégia do Magazine Luiza pode ser mais favorável no longo prazo, dizem consultores

Centro de distribuição do Magazine Luiza:  aquisição de 121 lojas por 83 milhões de reais transforma a rede em segunda colocada no ranking do varejo de eletro-móveis, segundo consultor (Germano Lüders/EXAME)

Centro de distribuição do Magazine Luiza: aquisição de 121 lojas por 83 milhões de reais transforma a rede em segunda colocada no ranking do varejo de eletro-móveis, segundo consultor (Germano Lüders/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 14 de junho de 2011 às 09h07.

São Paulo – A aquisição da Lojas do Baú, anunciada ontem (13/6), foi a primeira grande reação do Magazine Luiza aos recentes movimentos de consolidação do setor, iniciada com a compra do Ponto Frio pelo Pão de Açúcar em 2009. Até agora, a avaliação era de que o Luiza assistia passivamente à concorrência se reestruturar.

A aquisição não surpreendeu os consultores, já que alguns consideravam o Magazine Luiza um dos pretendentes favoritos ao casamento com essa filha do Silvio Santos. A aquisição de 121 lojas por 83 milhões de reais transforma a rede do interior de São Paulo em segunda colocada no ranking do varejo de eletro-móveis, segundo Cláudio Felisoni, presidente do Provar/Ibevar.

O Magazine Luiza já havia ocupado esse posto - e dele foi tirado Máquina de Vendas, quando essa rede surgiu, em 2010, fruto da associação entre Ricardo Eletro e Insinuante. Os especialistas, contudo, não acreditam que a Máquina de vendas não vá reagir. A Máquina de Vendas “certamente vai às compras”, disse Felisoni. 

A Máquina de Vendas deve ser mais agressiva do que foi até agora, segundo Eugênio Foganholo, da Mixxer, consultoria especializada em varejo. Afinal, a rede sabe que um dos objetivos do Magazine Luiza com sua oferta pública de ações era levantar dinheiro para aquisições e expansões. 

Medalha de prata

A disputa pelo segundo lugar no varejo de eletro-móveis no Brasil explica-se pela importância do valor de mercado das empresas. Como as margens nesse setor são estreitas, é importante vender muito – e o faturamento dessas companhias indica o valor de mercado delas.  E, quanto maior a empresa, maior a possibilidade de negociação com os fornecedores e, consequentemente, maior a possibilidade de aumentar a margem. “Dado o volume, qualquer aumento pequeno de margem é interessante”, disse Felisoni. 

“Tamanho nesse setor faz uma enorme diferença”, disse Foganholo, que destacou o poder de barganha com os fornecedores. Com a aquisição da Lojas do Baú, o Magazine Luiza ainda reforçou sua atuação na Grande São Paulo, um lugar difícil de entrar, segundo Foganholo, e onde a Máquina de Vendas ainda não atua. Para o consultor, essa não deve ser a única aquisição do Magazine Luiza após o IPO. 

Nessa corrida pelo segundo lugar, há dois modelos diferentes, segundo Foganholo: o da Luiza, de aquisições e, o da Máquina de Vendas, de associações. Em teoria, é mais fácil se associar, porque não exige capital. Mas, o varejista brasileiro prefere manter o controle ao invés de compartilhar, segundo Foganholo “Pela tradição no varejo brasileiro a vantagem é da Luiza”, disse.  


Além disso, fontes ouvidas por EXAME.com afirmaram que o desempenho do Magazine Luiza em 2011 está melhor do que o da Máquina de Vendas. Entre os ativos que podem despertar maior interesse estão as empresas que faturam entre 300 milhões de reais e 600 milhões de reais, segundo Eduardo Seixas, sócio-diretor da Alvarez & Marsal Brasil. A Lojas do Baú faturou 415 milhões de reais em 2010 e pode acrescentar 121 lojas à rede do interior paulista.

Produtividade 

O faturamento por metro quadrado dos 121 pontos de venda da Lojas do Baú está relativamente baixo, segundo José Lupoli Junior, sócio da Lupoli Junior Consultores Associados e professor da EACH/USP. Enquanto o Magazine Luiza faturou 14,2 mil reais por metro quadrado no ano passado, as Lojas do Baú faturaram 9 mil reais por metro quadrado.  “Ela tem todas as condições para alavancar essas lojas para o nível de faturamento das lojas atuais”, disse. 

As sinergias entre Magazine Luiza e Lojas do Baú também devem ser maiores do que com a última aquisição da rede, as Lojas Maia, segundo o professor. “Como negócio potencial foi melhor que a compra da Lojas Maia”, disse. O professor, assim como Seixas, achou a compra barata. “Está pagando menos de um milhão por loja”, disse Lupoli. 

A aquisição da Lojas do Baú agregou faturamento para o Magazine Luiza, consolida mais a presença deles em algumas regiões e foi relativamente barata, segundo Seixas. E, além disso, pode indicar que a briga pelo segundo lugar está recomeçando. 

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