Negócios

A batalha do turismo online

O mercado de turismo online virou, nos últimos tempos, um dos mais competitivos do Brasil. De um lado, agências tradicionais, como a CVC. De outro, gigantes e novatos da internet, como Decolar, Hotel Urbano e Airbnb. Todos de olho nos turistas brasileiros que estão com menos dinheiro para viajar ao exterior — e também nos […]

CVC: companhia deve divulgar resultados positivos nesta quarta-feira, apesar da crise  / Pilar Olivares/ Reuters

CVC: companhia deve divulgar resultados positivos nesta quarta-feira, apesar da crise / Pilar Olivares/ Reuters

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Letícia Toledo

Publicado em 18 de abril de 2016 às 12h15.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h50.

O mercado de turismo online virou, nos últimos tempos, um dos mais competitivos do Brasil. De um lado, agências tradicionais, como a CVC. De outro, gigantes e novatos da internet, como Decolar, Hotel Urbano e Airbnb. Todos de olho nos turistas brasileiros que estão com menos dinheiro para viajar ao exterior — e também nos estrangeiros com poder de fogo recorde por aqui. Mesmo com a crise, o setor cresce 15% ao ano.

No final de fevereiro, a competição entre as empresas, que era velada, revelou-se: Alipio Camanzano, presidente do grupo no Brasil desde 2007, deixou a Decolar para liderar as atividades online de sua maior concorrente, a CVC. A mudança foi anunciada na segunda-feira 29 pela própria CVC. A saída de Camanzano, ao que parece, pegou a Decolar de surpresa. Até a tarde desta terça-feira a companhia ainda não tinha um nome definido para a presidência, segundo informou sua assessoria de imprensa.
A contratação do executivo é um importante passo para a CVC, que é a segunda maior operadora do Brasil em número de vendas online. No ano passado, a companhia teve 5,20 bilhões de reais em reservas confirmadas, mas, desse montante, apenas 270,4 milhões de reais são de compras pelo site. Já a Decolar, que só tem operação online, teve um volume de reservas confirmadas na casa dos 7 bilhões de reais em 2015.

Desde que Luiz Eduardo Falco assumiu a presidência da CVC, em 2013, a companhia tenta ganhar terreno no mercado online, o que mais cresce no setor de turismo. Segundo a empresa de pesquisas Phocuswright, as agências online no Brasil avançaram 15% entre 2013 e 2016, enquanto o mercado de turismo no país cresceu somente 6%.

Hoje, apenas 20% das viagens no Brasil são compradas pela internet. Na Europa e nos Estados Unidos, esse índice é superior a 40%. A meta de Falco é que a CVC chegue perto do patamar mundial nos próximos cinco anos. “É um caminho inevitável”, diz Falco. “Queremos acompanhar essa tendência.”

De olho nesse mercado, a CVC comprou, em maio do ano passado, a operadora de turismo Submarino Viagens, que pertencia à varejista online B2W. Alípio Camanzano vai assumir também o controle dessa companhia, que é velha conhecida do executivo. Antes de assumir a presidência da Decolar, Camanzano era diretor de operações da Submarino Viagens.

Camanzano assumiu a Decolar após o fundo americano Tiger Global Management assumir o controle da empresa em 2007. Na época, Camanzano recebeu carta branca para fazer mudanças na empresa. Ele começou acrescentando voos nacionais à Decolar, que só vendia passagens internacionais e deixava de lado o grande mercado interno. Para chamar a atenção do público, investiu em comerciais de TV, rádio e jornais com atores conhecidos, como Deborah Secco. Camanzano fez a Decolar ficar popular.

A previsão de analistas e concorrentes é que Camanzano faça algo parecido na CVC. “Investir no online é uma obrigação da CVC, mas, neste mercado, um bom software pode ser mais importante do que escala e tradição. Não vai ser simples replicar o sucesso”, diz um concorrente.

Ao tirar o presidente da concorrente, a CVC também segura o avanço da Decolar em seu principal negócio. Em 2014, a Decolar, que a princípio estava focada em passagens baratas, começou a oferta de pacotes turísticos com passagem, hotel, translado e até passeios. “Vamos bater de frente com a CVC”, disse Camanzano em entrevista na época. Agora o concorrente virou aliado.

(Letícia Toledo)

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