Homem de terno e gravata (Foto/Getty Images)
Mariana Desidério
Publicado em 18 de dezembro de 2017 às 06h00.
Última atualização em 18 de dezembro de 2017 às 10h20.
São Paulo – Escândalos e crises internas levaram a trocas de presidentes de empresas neste ano. Dentre as brasileiras, JBS e Odebrecht trocaram seus presidentes ainda em meio às denúncias de corrupção trazidas à tona pela Operação Lava Jato.
Mergulhada no maior processo de recuperação judicial da história, a Oi também trocou de comando, após a renúncia surpresa de Marco Schroeder.
No cenário internacional, o cofundador do Uber deixou o cargo depois da divulgação de casos de assédio moral e sexual dentro da companhia.
Já outros presidentes passaram o bastão por motivos pessoais, aposentadoria ou pelo desejo de se dedicar mais à família, como Victor Mezei, da Pfizer, e Hélio Magalhães, que deixa o Citi Brasil depois de 33 anos no banco.
Há também casos de diretores que receberam uma promoção para liderar uma área maior, como Guilherme Ribenboim, então presidente do Twitter Brasil, que irá liderar a área global de desenvolvimento de soluções para clientes. No seu lugar, Fiamma Zarife se tornou a nova diretora-geral da rede social no país.
Confira na lista abaixo as danças das cadeiras na liderança de empresas.
A operadora de telefonia Oi, em recuperação judicial, nomeou Eurico de Jesus Teles Neto como diretor-presidente após Marco Schroeder ter renunciado ao cargo. Teles Neto acumula o comando da companhia com a diretoria jurídica, cargo que já ocupava. Ele está na Oi desde 1981 e tem 34 anos de experiência na área jurídica. A troca de comando ocorre num momento delicado para a empresa, em meio a disputas entre credores e acionistas.
Ainda em meio aos escândalos revelados pela Operação Lava Jato, o Grupo Odebrecht decidiu trocar seu presidente em maio deste ano. Luciano Guidolin, até então vice-presidente de investimentos, assumiu o lugar de Newton de Souza, foi para a vice-presidência do conselho de administração. Guidolin trabalha no grupo há 12 anos e começou como estagiário. Newton Souza havia assumido a direção da Odebrecht S.A. em 2015, após a prisão de Marcelo Odebrecht.
Em setembro, o então diretor-presidente do Carrefour Brasil Charles André Pierre Desmartis renunciou ao cargo para “buscar desafios fora do grupo”. Para seu posto, o conselho de administração elegeu Noël Prioux, que está no Carrefour desde 1984.
O grupo Gerdau anunciou em agosto que mudará de presidente-executivo. O atual diretor das operações brasileiras da companhia, Gustavo Werneck, foi o escolhido para o posto, hoje ocupado por Andre Gerdau Johannpeter. A substituição acontecerá em 1º de janeiro. Johannpeter, que está à frente da maior produtora de aços longos das Américas há 11 anos, vai se dedicar ao conselho de administração da empresa. A mudança marca a saída da família Gerdau da direção da empresa.
Em meio aos escândalos revelados pela Operação Lava Jato, a JBS precisou trocar de presidente, após a prisão de Wesley Batista. Apesar da expectativa de que a companhia passasse para as mãos de um executivo do mercado, o conselho de administração anunciou a escolha de José Batista Sobrinho, fundador da JBS e pai dos irmãos Wesley e Joesley Batista, para a presidência da companhia.
Após 11 anos à frente da Pfizer no Brasil, o executivo Victor Mezei deixou o comando da companhia. Em seu lugar assumiu Carlos Murillo, que estava à frente da presidência da Pfizer no Chile e tem 20 anos de experiência no setor farmacêutico, 12 deles na companhia. Segundo a farmacêutica, a saída de Mezei ocorreu por motivos pessoais. Sob sua liderança, a Pfizer comprou a Teuto, estreando em genéricos.
A Volkswagen anunciou este ano um novo presidente para o Brasil: o executivo argentino Pablo Di Si, que assumiu com o objetivo de recolocar a montadora alemã na liderança do mercado brasileiro de automóveis. Ele substituiu o sul-africano David Powels, que assumiu a vice-presidência da operação da multinacional na China.
Após dois anos à frente do Grupo Abril, Walter Longo deixou a presidência da empresa e passou a assessorar o Conselho de Administração do Grupo. Em seu lugar assumiu o executivo Arnaldo Figueiredo Tibyriçá, que foi vice-presidente jurídico da companhia durante 15 anos e participou de diversos conselhos de administração de empresas do Grupo, integrando também o Comitê Executivo da Holding AbrilPar.
O economista e advogado Paulo Rabello de Castro passou a ocupar a liderança do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). É o maior banco de fomento da América Latina, comandado até então por Maria Silvia Bastos, que deixou a posição por motivos pessoais, segundo ela.
Travis Kalanick, cofundador do Uber, se afastou e, mais tarde, renunciou ao cargo de presidente da companhia em junho. A Uber tenta reconstruir sua imagem depois que vieram à tona relatos de assédio sexual, machismo e uma cultura de trabalho tóxica e agressiva. A saída e renúncia do executivo foi pedida pelos investidores.
Depois de 33 anos no Citi Brasil, o presidente do banco, Hélio Magalhães, anunciou em junho sua intenção de se aposentar no fim do ano. O banco escolheu como novo presidente Marcelo Marangon, que está na casa desde 1993. Magalhães começou no Citi em 1984. Ele trabalhou ainda por 11 anos na American Express, onde foi presidente no Brasil e no México, antes de retornar ao Citi, em 2012, para comandar a operação brasileira.
Outra empresa que ganhou uma nova liderança no Brasil é o Twitter. Fiamma Zarife é a nova diretora-geral da rede social no país. Ela substitui Guilherme Ribenboim, que segue como vice-presidente da empresa para a América Latina e passa a liderar a área global de desenvolvimento de soluções para clientes. A executiva já estava no Twitter desde 2012.
Em fevereiro, a Vale anunciou a saída de Murilo Ferreira, que estava no comando da presidência da mineradora desde maio de 2011. No comunicado enviado ao mercado no início do ano, a companhia ressaltou que o executivo esteve à frente da mineradora “durante um período de muita turbulência na indústria da mineração mundial e enfrentou alguns dos momentos mais difíceis da história da empresa.”.
Murilo deixou a Vale com o registro de um lucro de 1,6 bilhão de reais nos últimos três meses de 2016 – no quarto trimestre de 2015, o prejuízo acumulado era de 33,2 bilhões de reais, pior resultado desde a privatização da empresa, em 1997.
Quem assumiu o lugar de Ferreira foi Fabio Schvartsman, que era presidente da Klabin desde 2011. Já o ex-presidente da Vale, assumiu, em junho, o cargo de diretor independente da Brookfield.
Raul Francisco Moreira deixou em janeiro a vice-presidência de negócios de varejo do Banco do Brasil, que passa a ser ocupada Marcelo Labuto, até então presidente da BB Seguridade. Em seguida, ele assumiu a presidência da Alelo, empresa de benefícios corporativos controlada pelo BB, juntamente com o Bradesco. Funcionário de carreira, Moreira trabalhava há mais de 29 anos no banco.
Uma perda multimilionária levou o presidente da Toshiba, Shigenori Shiga, a renunciar em fevereiro. A empresa japonesa deixará a construção de usinas nucleares por causa de uma deterioração de ativos que poderá custar 6 bilhões de dólares. A causa para a perda foi a compra e mal gerenciamento de uma unidade de energia nuclear da Toshiba nos Estados Unidos.
O grupo Bloomin’ Brands perdeu o presidente da operação brasileira em janeiro deste ano. O empresário Salim Maroun faleceu depois de ocupar o cargo de CEO por dois anos. Foi ele, com mais dois sócios, que trouxe a Outback Steakhouse para o Brasil. No cargo de CEO do grupo, também inaugurou, no país, as marcas Abbraccio Cucina Italiana, Fleming’s Prime Steakhouse & Wine Bar e Mexcla. Em seu lugar, foi nomeado Pierre Berenstein em maio deste ano. Pierre comanda mais de 100 restaurantes em 37 cidades, 14 estados brasileiros e Distrito Federal, além de mais de 11 mil colaboradores.
Em fevereiro deste ano, Robert Souvirón deixou a presidência da Decolar, empresa que ajudou a fundar há 17 anos. Ele estava na liderança da agência digital de viagens desde 1999 e deixou o cargo para se dedicar mais à sua família. A busca pelo novo presidente demorou dois anos, afirmou a companhia. Ele foi substituído por Damián Scokin, executivo que trabalhou por 11 anos na consultoria McKinsey.
Roberto Rittes assumiu em abril o comando da Nextel Brasil. Francisco Valim, que ocupava o cargo há 18 meses, deixa a função. Rittes tem passagens como diretor da Brasil Telecom e da Oi, e mais recentemente era diretor do fundo de private equity HIG Capital. Ele precisará resolver a questão da dívida da companhia, que inviabiliza a capitalização para novos investimentos.
Em abril, a então presidente da Tok&Stok, Ghislaine Dubrule, deixou o cargo. Da família fundadora da loja de móveis, ela foi para o conselho de administração da companhia. No seu lugar, entrou Luiz Fazzio, ex-presidente do Carrefour. Ele assumiu em maio, com o compromisso de recuperar as vendas da loja.
Paulo Cesar Pereira Teixeira retornou ao mercado de telefonia. Ele havia sido CEO da Telefônica Vivo até 2015 e, após sua saída, assinou um compromisso de não concorrência: por dois anos não trabalharia em outra companhia do setor. Em 2017, esse período venceu e, em abril, ele se tornou presidente da Claro. O cargo era ocupado interinamente por José Félix, presidente do Grupo América Móvil Brasil (controladora da Claro, Net e Embratel).Teixeira buscará a liderança do mercado.
A dona de negócios como os postos Ipiranga, a Ultragaz e a Extrafarma trocou seu presidente. Quem ocupa o cargo na Ultrapar é Frederico Curado, ex-presidente da Embraer. Em junho, o então presidente, Thilo Mannhardt, informou que não tinha intenção de renovar seu contrato com a companhia. Como consequência, a Embraer também trocou o comando, que passou para Paulo Cesar de Souza e Silva.