Mauro Levi D´Ancona CEO e Co Founder da 180 Seguros: insurtech deixa de ser corretora para virar seguradora (Tiago Queiroz/180º Seguros/Divulgação)
Repórter de Negócios e PME
Publicado em 23 de maio de 2023 às 07h50.
Última atualização em 23 de maio de 2023 às 11h31.
A insurtech 180º Seguros chega ao seu terceiro ano de existência dando uma repaginada em seu modelo de negócio. Nesta terça-feira, 23, a startup anunciou que está abandonando o papel de corretora de seguros para se tornar, oficialmente, uma seguradora. A mudança ocorre após obtenção de licença junto à Superintendência de Seguros Privados (SUSEP).
Desde 2020, a startup fazia corretagem de seguros para outras empresas, num modelo B2BC voltado a companhias que enxergavam a oferta de seguros personalizados como uma manobra para atração e retenção de talentos e também para melhorar o relacionamento com clientes finais. Nesse cenário, as apólices personalizadas funcionavam também como benefício corporativo, com a finalidade de trazer algum diferencial competitivo.
Conectando empresas e seguradoras, a 180º Seguros oferecia uma plataforma white label, de uso personalizável, para que empresas pudessem oferecer apólices para seus clientes com sua própria logomarca e identidade corporativa. Na empresa, o termo adotado para descrever o modelo era o de “insurance as a service”.
A proposta atraiu a atenção de investidores. Em meados de 2022, a 180º Seguros captou R$ 177 milhões em rodada série A que envolveu fundos como 8VC, Dragoneer Quartz, Norte, Atlantico e Monashees. Antes disso, já havia captado outros R$ 44 milhões.
Segundo o fundador e CEO da startup, Mauro Levi D’Ancona, a nova postura, agora como seguradora, vem após um longo caminho de estruturação financeira e de produto. Há três anos, diz o empreendedor, a dificuldade de escala em um modelo de oferta direta ao consumidor final impedia a startup de iniciar os trabalhos já como uma seguradora.
“A oportunidade maior, naquele tempo, não estava em ir direto ao consumidor, mas sim em criar produtos personalizados. Afinal, ninguém acorda num dia pensando em comprar um seguro residencial, por exemplo”, diz.
Na avaliação de D’Ancona, diferente do cenário encarado pelas fintechs, as insurtechs enfrentam a árdua missão de tornar apólices tão atraentes quanto produtos financeiros, naturalmente digitais e com alta penetração.“Sempre esteve no plano, mas era um processo longo e que finalizamos agora”, diz. “Pegamos o caminho mais longo para ir mais rápido”.
O modelo, contudo, deixava a empresa refém de um número restrito de coberturas, pois contava apenas com as opções já oferecidas pelas seguradoras parceiras. Agora, ao criar um portfólio próprio, a ideia é expandir o número de soluções, além de montar coberturas com múltiplas variações
A intenção é continuar oferecendo seguros sob medida, mas com o diferencial de ter à disposição produtos criados totalmente dentro de casa. O primeiro deles será um seguro residencial com mais de 20 variações de cobertura, incluindo equipamentos utilizados para home office e proteção para placas solares. “Somos uma empresa tech que vende seguros. Por isso, ter tudo dentro de casa, da criação do software ao desenvolvimento do produto e atendimento dos clientes dessas empresas, continuará sendo nosso motor de crescimento”, diz.
Já sob o modelo de seguradora, a empresa conta com 12 clientes ativos e outros 10 clientes estão em fase de contrato. Em comum, essas empresas já estão habituadas a vender seguros, mas tem uma relação complicada e negativa com as seguradoras, diz o fundador.
Segundo D’Ancona, é cedo para definir metas em relação ao número de clientes nesta nova fase. “Vemos que há demanda e vamos nos adequar neste próximo ano. Mas as expectativas são positivas. O momento macro, apesar de incerto no Brasil, é bem favorável para o mercado de seguros”, diz.