Xisto permite que EUA sonhem com independência energética
Boom de gás e petróleo de xisto provocou uma verdadeira revolução industrial nos Estados Unidos e permitiu que o país sonhasse com a independência energética
Da Redação
Publicado em 25 de setembro de 2013 às 11h34.
Nova York - O boom de gás e petróleo de folhelho (xisto) provocou uma verdadeira revolução industrial nos Estados Unidos e permitiu que o país, maior consumidor mundial de petróleo , sonhasse com a independência energética.
"A revolução do xisto é real e transforma nossa indústria", afirma Charles Ebinger, especialista do centro de pesquisas Brookings Institute.
O forte interesse nesta rocha se deve inicialmente à facilidade para a produção do gás de xisto. O êxito acabou provocando uma queda dos preços do gás, de forma que, atualmente, o boom energético voltou a estar focado no petróleo.
A produção de petróleo de xisto totalizou cerca de dois milhões de barris por dia no ano passado, fazendo a produção de petróleo total dos Estados Unidos aumentar a 6,4 milhões de barris por dia, uma alta de 32% em cinco anos e uma cifra recorde em 15 anos.
Os benefícios são sentidos em nível local nas cidades da Pensilvânia (leste), que estão se recuperando, após a recente crise imobiliária.
Além disso, surgiram outras cidades no meio do nada em Dakota do Norte (norte), onde se instalaram milhares de trabalhadores.
Levando em conta todo o país, um estudo da empresa de pesquisas IHS publicado este mês considera que, em 2012, o boom do petróleo não convencional criou cerca de meio milhão de empregos diretos. Essa cifra sobe a 2,1 milhões se forem incluídos os empregos indiretos (construção, hotéis, serviços, repercussões na indústria química, transporte rodoviário e ferroviário etc.)
Segundo o IHS, os hidrocarbonetos não convencionais geraram no ano passado um volume de negócios de 283 bilhões de dólares, que representaram, por sua vez, uma arrecadação fiscal de 75 bilhões. Espera-se um aumento destas cifras em 50% até 2020.
O boom do xisto e a consequente queda dos preços do gás ajudaram a indústria americana a ganhar competitividade, particularmente, as indústrias petroquímicas, de aço e cimento.
"Podemos nos transformar em um país com preços baixos de muitos bens, cuja produção foi deslocada para o exterior", insiste Ebinger.
Além disso, os Estados Unidos, cujas importações de energia caem, consideram de forma realista a possibilidade de se transformar em um país autossuficiente em energia.
Isso significaria suprimir importações "que custaram 400 bilhões de dólares por ano", lembra Ebinger.
A Agência Internacional de Energia (AIE), que representa os interesses energéticos dos países membros da OCDE, prevê que os Estados Unidos se transformem no primeiro produtor mundial de petróleo em quatro anos - superando a Arábia Saudita e a Rússia-, e que alcance a independência energética em 2030.
Raoul Leblanc, especialista da empresa especializada PFC Energy, é menos categórico. "A produção de petróleo de xisto não acelera nos Estados Unidos" e, ao invés de uma verdadeira independência, o país está no caminho de "reduzir sua dependência energética".
Ele disse, contudo, que as possibilidades de alcançar esse objetivo aumentaram com as cotações do petróleo, já que "os altos preços fazem a demanda cair".
De fato, esta demanda já vem diminuindo: "as pessoas dirigem menos que antes e com carros que consomem menos combustível", principalmente por causa das novas normas sobre emissão de CO2 promulgadas pelo presidente Barack Obama, argumenta Leblanc.
A essas disposições se acrescentam outras normas industriais ligadas principalmente à refrigeração, lembra Ebinger.
Seja ou não autossuficiente em matéria energética, o país não perderá seu interesse no Oriente Médio. Os Estados Unidos "continuarão se preocupando com a segurança do abastecimento no mundo porque se trata de um mercado internacional", disse Ebinger.
"Quando a produção e o transporte de petróleo são perturbados no outro extremo do mundo, os preços aumentam em todas as partes, inclusive nos Estados Unidos", argumenta.
O especialista destaca que um dos obstáculos para a independência energética americana é a atual rede de oleodutos e gasodutos, insuficiente para transportar gás e petróleo de xisto a seus usuários.
Enquanto isso, o êxito do xisto levou ao surgimento de outro boom nos Estados Unidos, o do transporte de hidrocarbonetos em caminhões ou ferrovias.
Nova York - O boom de gás e petróleo de folhelho (xisto) provocou uma verdadeira revolução industrial nos Estados Unidos e permitiu que o país, maior consumidor mundial de petróleo , sonhasse com a independência energética.
"A revolução do xisto é real e transforma nossa indústria", afirma Charles Ebinger, especialista do centro de pesquisas Brookings Institute.
O forte interesse nesta rocha se deve inicialmente à facilidade para a produção do gás de xisto. O êxito acabou provocando uma queda dos preços do gás, de forma que, atualmente, o boom energético voltou a estar focado no petróleo.
A produção de petróleo de xisto totalizou cerca de dois milhões de barris por dia no ano passado, fazendo a produção de petróleo total dos Estados Unidos aumentar a 6,4 milhões de barris por dia, uma alta de 32% em cinco anos e uma cifra recorde em 15 anos.
Os benefícios são sentidos em nível local nas cidades da Pensilvânia (leste), que estão se recuperando, após a recente crise imobiliária.
Além disso, surgiram outras cidades no meio do nada em Dakota do Norte (norte), onde se instalaram milhares de trabalhadores.
Levando em conta todo o país, um estudo da empresa de pesquisas IHS publicado este mês considera que, em 2012, o boom do petróleo não convencional criou cerca de meio milhão de empregos diretos. Essa cifra sobe a 2,1 milhões se forem incluídos os empregos indiretos (construção, hotéis, serviços, repercussões na indústria química, transporte rodoviário e ferroviário etc.)
Segundo o IHS, os hidrocarbonetos não convencionais geraram no ano passado um volume de negócios de 283 bilhões de dólares, que representaram, por sua vez, uma arrecadação fiscal de 75 bilhões. Espera-se um aumento destas cifras em 50% até 2020.
O boom do xisto e a consequente queda dos preços do gás ajudaram a indústria americana a ganhar competitividade, particularmente, as indústrias petroquímicas, de aço e cimento.
"Podemos nos transformar em um país com preços baixos de muitos bens, cuja produção foi deslocada para o exterior", insiste Ebinger.
Além disso, os Estados Unidos, cujas importações de energia caem, consideram de forma realista a possibilidade de se transformar em um país autossuficiente em energia.
Isso significaria suprimir importações "que custaram 400 bilhões de dólares por ano", lembra Ebinger.
A Agência Internacional de Energia (AIE), que representa os interesses energéticos dos países membros da OCDE, prevê que os Estados Unidos se transformem no primeiro produtor mundial de petróleo em quatro anos - superando a Arábia Saudita e a Rússia-, e que alcance a independência energética em 2030.
Raoul Leblanc, especialista da empresa especializada PFC Energy, é menos categórico. "A produção de petróleo de xisto não acelera nos Estados Unidos" e, ao invés de uma verdadeira independência, o país está no caminho de "reduzir sua dependência energética".
Ele disse, contudo, que as possibilidades de alcançar esse objetivo aumentaram com as cotações do petróleo, já que "os altos preços fazem a demanda cair".
De fato, esta demanda já vem diminuindo: "as pessoas dirigem menos que antes e com carros que consomem menos combustível", principalmente por causa das novas normas sobre emissão de CO2 promulgadas pelo presidente Barack Obama, argumenta Leblanc.
A essas disposições se acrescentam outras normas industriais ligadas principalmente à refrigeração, lembra Ebinger.
Seja ou não autossuficiente em matéria energética, o país não perderá seu interesse no Oriente Médio. Os Estados Unidos "continuarão se preocupando com a segurança do abastecimento no mundo porque se trata de um mercado internacional", disse Ebinger.
"Quando a produção e o transporte de petróleo são perturbados no outro extremo do mundo, os preços aumentam em todas as partes, inclusive nos Estados Unidos", argumenta.
O especialista destaca que um dos obstáculos para a independência energética americana é a atual rede de oleodutos e gasodutos, insuficiente para transportar gás e petróleo de xisto a seus usuários.
Enquanto isso, o êxito do xisto levou ao surgimento de outro boom nos Estados Unidos, o do transporte de hidrocarbonetos em caminhões ou ferrovias.