Teste de covid-19 na cidade chinesa de Xi'an (AFP/AFP)
Estadão Conteúdo
Publicado em 23 de janeiro de 2022 às 08h11.
Última atualização em 23 de janeiro de 2022 às 08h19.
Os primeiros voos comerciais em um mês decolaram neste sábado de Xi'an, no norte da China, depois que o governo reduziu as restrições de viagens impostas após um surto de coronavírus há cerca de um mês.
Na terça-feira, a televisão pública CCTV transmitiu imagens de trens saindo de Xi'an, quando o serviço de alguns transportes públicos foi reativado nas chamadas áreas de "baixo risco", indicando o levantando parcial de medidas de confinamento.
Desde o final de dezembro, os 13 milhões de habitantes de Xi'an, cidade histórica ao norte da China, onde estão os famosos guerreiros de terracota, estão sob estrito confinamento domiciliar, em um dos movimentos de restrição mais rigorosos do país.
Cidades em toda a China impuseram, nas últimas semanas, restrições mais duras para controlar novos surtos de covid-19 - três delas estavam em lockdown total na semana passada -, enquanto Pequim se prepara para sediar os Jogos Olímpicos de Inverno em menos de duas semanas.
Autoridades de Pequim pediram no sábado a todos seus distritos que mantenham "modo de emergência total", enquanto a cidade continua a detectar novos casos locais de coronavírus. Foram identificados 27 casos de transmissão doméstica com sintomas confirmados e 5 portadores assintomáticos em Pequim desde o dia 15, disse Pang Xinghuo, funcionário da autoridade de controle de doenças da cidade.
Os números de casos são considerados minúsculos para os padrões globais, e nenhuma morte por covid foi relatada na onda atual da China. Mas muitos casos envolveram a variante Ômicron altamente transmissível e, a cada dia que passa, a busca obstinada do governo por covid zero parece mais difícil de alcançar.
Um número crescente de pessoas vem passando por alterações súbitas em suas vidas como resultado desse política e muitos se perguntam por quanto tempo isso pode ser mantido sem causar problemas generalizados e duradouros na economia e na sociedade chinesas.
"Neste momento, é quase como um último esforço, ou certamente um esforço muito persistente, para evitar o vírus", disse Dali Yang professor de ciência política da Universidade de Chicago. "Eles estão realmente presos."
Até agora, a liderança só reforçou sua estratégia - que depende de testes em massa, controles rigorosos de fronteiras, rastreamento extensivo de contatos e lockdowns rápidos - para extinguir surtos emergentes.
"Pequim está achando cada vez mais difícil defender sua política de covid zero", disse Lynette H. Ong, professora de ciência política da Universidade de Toronto. "Os custos estão tão altos que eles estão começando a culpar não apenas as autoridades locais, mas também os estrangeiros (pela entrada da variante Ômicron). Nunca é culpa dos formuladores de políticas centrais."
Muitos na China apoiam a estratégia de covid zero, que pode ter salvado centenas de milhares de vidas e permitiu que a maioria das pessoas vivesse normalmente durante a pandemia. Mas os recentes surtos levaram à frustração e reclamações à medida que mais e mais pessoas foram apanhadas na rede de controle do vírus.
Mas, segundo analistas, é improvável que o aumento das reclamações convença Pequim a mudar sua política de covid. A consultoria Eurasia Group recentemente colocou a estratégia de tolerância zero da China no topo de sua lista de riscos políticos para o ano, sugerindo que isso pode acabar saindo pela culatra para o país e abalar a economia global.
"A política de maior sucesso no combate ao vírus tornou-se a pior", escreveram os autores do relatório, Ian Bremmer e Cliff Kupchan. (Com agências internacionais).
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